Capítulo 14 - Maturidade #7

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Acredito que você já tenha entendido que maturidade é algo que se constrói todos os dias, e que nunca devemos estar satisfeitos com o que já sabemos. Sempre haverá mais a aprender e colocar em prática, principalmente em relação à vida com Deus. Por isso, o que vou compartilhar não se trata exatamente de como alcancei a maturidade, mas de como dei início a ela e como tenho vivido cada dia para alcançá-la. Se eu tivesse que resumir, em poucas palavras, o que é maturidade diria: uma sequência de atitudes que revelam mudança e integridade, tendo como frutos dessas atitudes o máximo de estabilidade emocional e espiritual possível.

Meu nome é Alice Leite, tenho 23 anos agora, e só considero ter começado a amadurecer quando meu pai morreu, no ano passado.

Antes disso eu crescia e aprendia sempre algo novo sobre a vida, incluindo a cristã, mas nunca procurei real e propositalmente amadurecer. Até os 20 anos eu simplesmente vivia os dias, ao máximo, satisfeita com o que tinha e quase sempre esquecendo algo relevante que absorvia. Eu não tomava atitudes que me fizessem sair da mesmice do cotidiano, nem procurava um motivo não perecível, ou melhor dizendo, um motivo eterno que fosse meu combustível de vida. Acontece que eu e minha família, inclusive meu pai, sempre fomos muito tementes a Deus e orávamos para que todos os integrantes crescessem em estatura e graça no Senhor. Meu pai orava, tenho certeza disso, para que eu e minha irmã amadurecêssemos em Cristo. Deus ouviu nossas orações – e as do meu pai – e por isso (e por outros também) Ele o levou.

Parece ilógico e frio dizer, mas foi o melhor de Deus pra nós. Não é algo que eu goste, sinto uma falta imensa do meu pai, só que preciso admitir que Deus sabe o que faz. Afinal, não ter a proteção, conselhos e provisão do homem da casa forçou a mim, minha irmã, e até minha mãe, a amadurecermos. Falando de mim, tive que criar a responsabilidade (que antes era apenas de vez enquanto para ajudar meu pai) a pagar contas sem atrasar, saber chegar nos lugares sozinha, não depender de "papai" para me buscar ou dar dinheiro para alguma coisa... Se você passou por isso sabe o que estou dizendo. Tive que decidir tomar as atitudes de deixar de lado coisas relativamente fúteis (que não são erradas, apenas não prioritárias) como sair quase sempre pra algum lugar e me divertir, ficar na internet como se não tivesse nada para fazer, querer viajar só por viajar etc. Decidi ajudar minha mãe na manutenção e sustento da casa.

Além disso tive que buscar, por mim mesma, ao Senhor. Dependia do meu pai para orar por mim, ler a Bíblia com ele ou esperava que ele me explicasse qualquer coisa sobre ética cristã ou serviço a Deus. Nunca procurava aprender sozinha, estudar essas coisas. Sem meu pai comecei a fazer isso, estudar e querer ser amiga de Deus sem intermédio de outra pessoa – até porque eu sei que era isso que meu pai queria que eu fizesse.

Tomar essa atitude de separar um tempo pra fortalecer a amizade entre eu e Deus, a qual meu pai parecia mediar, me fez amadurecer. Tomar a atitude de ser responsável pelas coisas importantes da casa e da família, me fez amadurecer. Tomar atitudes que mexam com nossa rotina, e que não sejam apenas sobre nós mesmos ou nossos caprichos, leva-nos ao amadurecimento porque geram mudança e faz enxergar a vida de outra forma.

Duas atitudes que "estartaram" minha maturidade: preocupar-me com o bem da família, da casa e sua manutenção; e aproximar-me de Deus sem depender de mais ninguém para isso.

Desde então já faz um ano e alguns meses que estou sem meu pai, e constantemente decido consciente, tomo atitudes de responsabilidade com o lar e no meu relacionamento com Deus. Mas não é porque estou vendo a vida por uma nova perspectiva, quanto ao cuidado da casa ou a importância que damos às pessoas que nós dizemos amar, antes que não estejam mais por perto, e à importância de manter proximidade de Deus, que alcancei a maturidade. Essa foi só uma etapa concluída e que preciso manter. Por isso Deus permitiu outra situação para que eu amadurecesse mais: abrir mão de uma pessoa com a qual eu queria muito manter um relacionamento. E nesse sentido, ainda estou em processo.

Durante o período que estava de luto pelo meu pai essa pessoa me ajudou muito a entender que eu podia usar o que estava acontecendo como uma espécie de fermento para meu crescimento. Ensinou-me, também, muito sobre carinho, integridade, superação... Foi o amigo que eu precisava, e com isso conhecemos muito um sobre o outro. Como você deve imaginar, depois que a poeira abaixou, e eu já me sentia muito melhor, começamos a nos aproximar um pouco mais. Estávamos interessados um pelo outro. Contudo, durante esse processo, entendemos que não estávamos prontos pra ter um relacionamento amoroso, e foi preciso um afastamento que, pra mim, doeu tanto quanto perder o meu pai. Você pode achar que estou exagerando, mas é a verdade. Até hoje admito: não consegui virar a página. Mas digo, também, com paz no coração, que tenho esforçado-me para não sofrer por isso e sim procurar a lição a ser aprendida. Ainda dói, mas é minha escolha perder tempo sofrendo com ela ou tomar uma atitude positiva a respeito! Mesmo ainda sem ter acabado esse capítulo da minha vida, posso lhe assegurar que estou amadurecendo e digo o que tenho aprendido:

· Colocar em Deus minha confiança e torná-lo minha satisfação em primeiro lugar;

· Não querer agradar a quem amo só pelo fato de querer ser aceita por ele – o que poderia transformar-me em alguém diferente de quem Ele quer que eu seja, e é isto o que importa;

· Entender primeiro pra quê fui criada, o meu propósito de vida, meu lugar no Reino e, então, viver por isso (sabe aquele motivo não perecível, o combustível de vida que mencionei anteriormente? Então, é isso).

Esses três pontos fazem parte do meu relacionamento com Deus – uma parte mais profunda – e a cada dia penso mais a respeito dessas lições que preciso aprender. Sei que, no tempo certo, caso mantenha-me firme no aprendizado e longe do comodismo estarei com mais essa etapa do amadurecimento concluída. E, só então, quem sabe, pronta pra me dedicar de forma proveitosa e diligente a alguém em um relacionamento. E quando refiro-me a "ficar longe do comodismo" quero dizer que desejo ser extraordinário sempre, e em tudo, que puder! E isso significa ir além do normal, além do meu normal, e não apenas a fazer coisas estupendas! Quero fazer mais do que estou acostumada; mais do que outra pessoa normalmente faria, e isso pode ser nas pequenas coisas! Tomar atitude de jogar o lixo na lixeira em vez de deixar em qualquer lugar, é algo que considero extraordinário – quase ninguém faz isso 100% das vezes... Mais exemplos? Basta pensar o que um filho geralmente faz com os pais? O que não tem o costume de fazer e seria benéfico pra eles? Tomar a atitude de fazer isso é ser extraordinário. O que um amigo geralmente faz pelo outro? O que não faz e que poderia ser feito pelo outro? Faça! O que um cristão costuma fazer e o que deixa de fazer que pudesse melhorar o serviço a Cristo? Faça! O que deveria deixar de fazer? Deixe de fazer! Isso é ser extraordinário, é tomar atitudes que não são esperadas, mas que são benéficas e geram mudança tanto em você quanto em outros! Quando somos extraordinários estamos no caminho da maturidade.

Bom, como disse, ainda estou caminhando nessa estrada que leva à maturidade e, em poucas páginas, disse-lhe o que aprendi e estou aprendendo, e guardarei para sempre dessa – ainda – curta caminhada de vida. Ainda há muito a andar, ver, entender, aprender e compartilhar!

Essa é a minha história, qual é a sua?    

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