Maturidade #8

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Meu nome é Bella Souza, tenho 20 anos, e vou contar pra vocês como o amadurecimento chegou à minha vida.

Por volta dos meus 11 anos, comecei a sofrer bullying e "ciberbullying". Sentia vergonha de contar às pessoas, pois achava que poderia encarar tudo sozinha, que não precisava preocupar meus pais com algo que logo passaria. Lembro-me de chegar da escola e meus pais me perguntarem: "está tudo bem?", e eu dizia que sim; mas, na verdade, não estava nada bem... Ir à escola era simplesmente um pesadelo! Ver as pessoas, todos os dias, deixava-me abalava – mesmo eu não querendo admitir. Lembro-me de deitar na minha cama e chorar baixinho para que ninguém ouvisse. Eu vivia dizendo que aguentava, que era forte, quando o que eu mais queria era que aquilo parasse, que as pessoas não mais me enxergassem ou simplesmente não implicassem mais comigo. Após certo tempo comecei a achar que tudo o que eles falavam era, de fato, verdadeiro. Afinal, como diz o ditado: "A voz do povo é a voz de Deus"... Naquele momento da vida mais um problema chegou: a bulimia. Comecei a fazer dietas insanas; não comia, e quando fazia era algo mínimo e, imediatamente, fazia de tudo para vomitar. Cheguei a passar uma semana comendo apenas água e barras de cereais. Quando olhava-me no espelho não queria ser a menina que eu via, ter aquela aparência, aquele jeito... Já não queria ser mais eu.

Ao longo do ano de 2009 vivi meu pior pesadelo. Acordar era ruim pelo fato de ter de ir à escola, pois não tinha com quem contar e, mais uma vez, seria alvo de chacotas e piadinhas. Voltar para casa significava trancafiar-me no quarto e chorar, com medo do próximo dia. Comecei a cogitar o suicídio, mas nem forças para isso eu tinha. Não aguentava mais sofrer e ser machucada pelas pessoas de sempre, que só me colocavam para baixo. Contudo, graças a uma colega de classe eu consegui abrir a boca e falar pela primeira vez. Conversei com meus pais e expliquei o que estava acontecendo. Eles tomaram as devidas providências: foram à escola e conversaram com a diretora, que agiu para que as perseguições não se repetissem. E foi aí que percebi que não era imaturidade falar e tentar sair daquela vida. Imaturo seria deixar que aquilo me abalasse a ponto de não conseguir falar com ninguém, que me matasse aos poucos, inclusive pensando em tirar minha própria vida.

A maturidade começou a aparecer quando deixei de ter medo e reuni forças para falar sobre o que estava acontecendo comigo. Isto levou-me a perceber que minha história poderia mostrar às pessoas que libertar-se do bullying é possível, e que há uma luz no fim do túnel. Aquela colega de classe mostrou-me que as pessoas que faziam isso comigo não aguentariam metade do que eu passei sozinha. Ela me fez ver que muitos quereriam, sim, ser meus amigos não por pena, mas por gostarem de mim do jeito que eu sou.

Compreendi que amadurecer não é se mostrar forte o tempo todo; é saber reconhecer quando se chega ao limite e conseguir procurar ajuda, sem ter medo do que acontecerá se você pedir ajuda a alguém. É buscar uma solução mesmo onde, às vezes, não tem; é reconhecer que por trás de toda a tristeza há esperança de ser feliz!

Se você passa, ou já passou pelo que eu passei, sei que é difícil, porém não se esconda atrás do medo. Mostre-se e lute contra tudo isso! Você é mais do que seus olhos podem ver; é maior do que você acredita e é muito mais do que as pessoas que te criticam dizem sobre você. Não deixe que más atitudes de gente que não vale a pena façam com que tenhas uma falsa imagem, pois quem te conhece é Deus e você mesmo!

Se hoje estou aqui contando minha história para você é pelo fato de eu ter amigos que não duvidaram de mim, e me mostraram que eu nunca fui a pessoa que merecia ser vítima de bullying. Antes, disseram que era melhor do que via, e hoje agradeço a todos por terem aberto os meus olhos, pois com esse depoimento, compartilhando minha história, posso ajudar a mudar a vida de outras pessoas.

O meu jeito de superar tudo isso foi encontrar nos meus amigos e familiares a força que faltava em mim para levantar a cabeça e seguir em frente. Lembre-se: mesmo que todos te critiquem quem tem de gostar ou deixar de gostar de alguma coisa é você mesmo. Não deixe que as pessoas te mudem; seja você a mudança que deseja ver no mundo!

Essa é a minha história, qual é a sua?   

#MATURIDADE está na mente e não na idadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora