57• Bonnie Parker.

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A maquiagem realmente é o verdadeiro milagre de quem quer esconder a face da tristeza.
Ninguém mais, além de Shawn e Laurel, precisavam ver que andei chorando. Ninguém mais precisa saber que eu chorei por ter o meu coração ferido.
Mas, pensando bem, entre o Shawn me ver chorar, e outras pessoas me virem da mesma forma; eu preferia que todos dessa universidade me vissem em tal estado, do que o próprio causador das minhas lágrimas.

Laurel terminara de colocar o seu vestido, enquanto eu passava o batom vermelho em meus lábios.
Lábios vermelhos e vestido vermelho: uma combinação perfeita para uma festa que deveria celebrar mais um ano de vida ao anfitrião, mas na verdade irá celebrar a dor.

Saber que daqui a alguns minutos tudo virá a tona, meu estômago começa a se revirar, a vontade de vomitar vêm com tudo, e a sensação que o coração irá sair pela boca, só faz eu ter a certeza que estou a beira de uma crise de ansiedade.

Respiro vagarosamente, e tento manter a calma e pensar que María deve estar pior que eu nesse momento. Porém, não deve ser a ansiedade que está rondando ela no momento, e sim a raiva, a vingança que ela esperou todo esse tempo.

Seria uma vingança mesmo? Ou seria justiça?
Talvez os dois: A vingança vem em consequência da raiva. A justiça é consequência de ser a vítima de um crime.

Tento controlar o tremor do meu corpo enquanto ando em direção a porta do meu dormitório, onde alguém está batendo. Respiro fundo mais uma vez e abro a porta onde surge um Julian apreensivo. Tento sorrir, mas imagino que saiu mais como uma careta. Mordo os meu lábios e dou espaço para Julian entrar.

— Já estão prontas? Vim buscar vocês. Já estão todos lá e...

— María já está lá? — interrompi Julian.

—...Exceto a María.

Como ela ainda não chegou? Meu nível de preocupação aumentou no máximo.

— Como? Ela deveria estar lá. Ela que fez você organizar tudo isso.

— Eu sei. Liguei pra ela e só deu na caixa postal. Como todos os outros dias que tento ligar.

— Gente!...Será que isso não é mais uma coisa que María está aprontando? Tipo uma entrada triunfal? — palpitou, Laurel.

— Talvez. Mas o que me preocupa é o fato dela ter sumido todos esses dias. — digo.

— Charlie está tão tranquilo lá na festa, bem diferente do Shawn que está bem agitado e nervoso. — observou Julian. Só dele falar o nome do Shawn, minhas pernas vacilam um pouco. Lembro de ontem, e lembro mais ainda que daqui a pouco irei vê-lo. Engulo em seco.

— Melhor irmos. Vamos?? — mudo de assunto.

Laurel e Julian concordam e fomos até a festa.
A universidade inteira estavam aqui, como o esperado. Julian, era paparicado por todos — coisa mais que normal, já que ele era o aniversariante.

Era até difícil andar no meio dessas pessoas todas. Meus pés já estavam reclamando de desconforto por causa do salto alto — e faz nem trinta minutos que estou em cima deles. Consequência de eu usar só all star e não ser acostumada a usar saltos.

Zara Larsson com a música "Ain't my fault" acabara de começar a tocar, e já começo a ver algumas pessoas se remexendo no tom da música. Eu nem saio do lugar, fico observando as pessoas a minha volta, e vejo que Laurel faz o mesmo, mas parece que ela está procurando alguém.

— Será que ele veio? — perguntou Laurel em meu ouvido.

— Ele quem? — gritei por conta da música.

— O Martin. Ele falou que estaria aqui, mas até agora não vi ele.

— Eu também não vi ele, ainda. — falei.

— Vamos andar e procurar ele por aí.— nem tive tempo de negar, pois eu já estava sendo puxada por minha amiga.

Passamos espremidas por algumas pessoas e nada de visualizamos o Martin.
Vi Tyler beijando uma garota loira, James bebendo, Charlie conversando com Stacy e nada de Shawn Mendes.

Quanto mais demorar eu ver ele, melhor.

Os três garotos estavam sossegados, como se não tivessem nenhum segredos obscuro. Agiam como garotos normais. Garotos bons. Não sei como conseguíam agir dessa maneira tranquila.

Praguejei quando senti que esbarrei em alguém. E me praguejei mais ainda com o clichê que o momento se tornou.

Pela segunda vez em menos de uma hora meu coração começou a bater freneticamente, e desta vez não era pela ansiedade e sim pela aproximação da pessoa que eu mais desejei não ver durante um bom tempo.

Shawn Mendes estava com uma camisa branca, com as mangas arregaçadas até o cotovelo, alguns botões da camisa aberta, dando a visão de alguns pelos que havíam em seu tórax.

Caralho!

Por que ele tinha que ser tão lindo? Por que ele tinha que sair correndo daquela forma sem nem me dizer nada? Pelo menos dissesse que não era recíproco, doía menos do que ele sair do meu dormitório sem dizer nada.

— Desculpe! Não quis esbarrar em você. Tudo bem? — perguntou Shawn. Eu poderia mandar ele se foder, mas resolvi ignorar e sair sem dizer nada, como ele fez no dia interior. Porém ele não me deixou sair assim que tentei. Shawn Mendes me puxou pelo braço com uma mão e com a outra me puxou pela cintura.
Olhei para ele espantada pela atitude e Shawn fechou os olhos, parecia pensar, e então aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurrou com a sua voz rouca e tremida pelo nervosismo.

— Pela segunda vez na vida eu vou fazer a coisa certa. A primeira eu já fiz, e ontem eu tive a certeza disso. Só confie em mim, pela última vez.

Eu não sei o quê ele quis dizer com essas palavras, só me dei conta que Shawn não estava com as mãos em mim, quando o vi se afastar e ir direção ao palco onde o Dj estava.

Olhei em volta e vi que Charlie estava me observando e provavelmente ele viu quando Shawn cochichou em meu ouvido.

Nem liguei pelo olhar mortal dele. Os minutos dele estavam contados. Só restava a María chegar e acabar com tudo.
Olhei em volta novamente e vi Martin brotar do meu lado todo preocupado.

— Minha irmã não virá, Bonnie. — disse Martin.

— Como?

— Ela sumiu, eu não sei onde ela está.

— Ma...— parei de falar quando ouvi uma voz rouca soar no microfone.

Pessoal, eu tenho uma confissão a fazer.

Back To You • Shawn MendesWhere stories live. Discover now