Capítulo 07 - Duele

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Segunda-feira, 13 de dezembro de 2004.

A segunda-feira nunca foi o dia favorito de Victoria, mas naquela semana foi mais que bem-vinda depois daquele domingo. Daquela semana! E a noite não havia sido muito melhor. Ela discutira mentalmente, com ela e com aquele que perturbava todos os seus sentidos, a madrugada toda e mal conseguira dormir. Agradecia infinitamente que naquela segunda não precisava trabalhar e poderia ficar escondida com as melhores companhias: seus três filhos.

Mas como tudo que é bom, acaba logo. A manhã passou rápido e Victoria teve que ir a televisa para a reunião.

A mesma durou cerca de uma hora, Mejía falou sobre a contratação de um novo ator: Marcelo Buquet. Também falou sobre as duas semanas de pausa que fariam em razão as festas de fim de ano. Por fim, acertaram mais alguns pontos e encerraram.

Terminada a reunião, Victoria se apressou a seguir em direção ao estacionamento. Se conseguisse chegar a seu carro, po­deria adiar a conversa que certamente teria de acontecer entre ela e César. Porque ainda não estava preparada para falar com ele. E o mais certo, nunca estaria.

"Não está preparada para conversar com ele, mas estava para beija-lo de novo."

Ao ligar o motor, contudo, o instinto a fez olhar para a porta do prédio. César estava lá, com os olhos voltados para ela.

Afivelou o cinto, engatou a marcha e acelerou.

— Graças a Deus! — agradeceu ao sair para a rua. César tentara alcançá-la no corredor, após a reunião. Por sorte fora detido por um dos diretores da novela.

Sem perceber, Victoria pisou com mais força no acelerador.

Por que César tivera de voltar a sua vida? Por quê? Justo quando tudo estava indo bem.

"Você que voltou a vida dele, foi você que procurou por tudo isso. Você é a única culpa aqui."

Victoria revirou os olhos para a Eugenia de dentro dela. Ou era a Victoria falando para a Eugenia? Naquele momento ela já não sabia mais quem era quem.

A esse pensamento, Victoria abriu a janela. Precisava de ar. Pre­cisava ficar calma. Era inútil querer entender mistérios como o destino e os desígnios do Criador. Coisas acontecem e muitas vezes só nos resta aceitar e seguir em frente. Não estava a seu alcance, por exemplo, mudar esses sentimentos que a estavam invadindo sem pedir permissão.

Inevitavelmente esta corrente de pensamento a levava a ponderar se era de fato feliz com Omar. Tinha uma vida agradável, estável, sem sobressaltos, mas seria mesmo feliz? No casamento a paixão desaparecia com o passar dos anos, mas ficava a lealdade, a confiança, o apoio mútuo, enfim, tudo o que dava significado à construção de uma vida a dois. Pelo menos, não era o que se dizia? Ou seria possível duas pessoas ficarem apaixonadas para sempre?

Victoria não sabia. Gostava muito de Omar, e confortava-a saber que podia contar com o marido em qualquer circunstância, mas seria isso amor?

De qualquer modo, esses sentimentos por mais inevitáveis, não importavam mais. Ao parar o carro diante do prédio onde mora, onde seu marido e seus filhos a esperavam, Victoria pensou que César Évora era seu passado e que não havia lugar para ele em seu futuro.

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Va mi corazón cerca del dolor
No sabrá vivir sin tus brazos
Ya no hay solución, no sé decir adiós
Te odio y a la vez, te amo tanto
Y aunque intento, no sé como arrancar
Millones de recuerdos

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A terça logo chegou e com ela o pânico de estar perto de César Évora.

Esse "estar perto de César" foi inevitável, quase todas as cenas daquele dia eram com ele, felizmente para Victoria, ele em nenhum momento tentou um contato com ela além do "normal".

La Tekila - De Volta Pra MimWhere stories live. Discover now