Capítulo 5 - Segredos.

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Jornal folha dos Lagos.

A jovem estudante de 16 anos, Lucia Remis, continua desaparecida. Lucia morava e estudava no Internato Primavera, localizado em São José dos Lagos, no interior de São Paulo. Ela desapareceu no dia 22 de outubro, um domingo. Foi vista pela última vez deixando a biblioteca do Internato, após uma tarde de estudos. O delegado Mauricio Taveira é o responsável pelo caso e está sendo processado, junto com o diretor do Internato, Marcus Adolfo, pelos pais adotivos de Lucia. O processo está em aberto e os pais alegam que a demora apresentada pela polícia e também o descaso que o Internato está tendo com o desaparecimento da jovem estudante, podem estar atrapalhando que Lucia seja encontrada logo.

O diretor se nega a dar entrevistas para emissoras de televisão. O delegado Mauricio Taveira disse que o desaparecimento de Lucia é um caso sério, ainda mais em uma cidade tranquila como São José dos Lagos, ele disse que tem muito homens trabalhando no caso e que logo terão mais pistas sobre o paradeiro de Lucia.

Nas últimas semanas alguém escreveu com giz que Lucia estava morta, a frase foi escrita no jardim do Internato e também foi encontrado um gato morto, os alunos confirmaram que aquele era o gato de Lucia. Mauricio Taveira disse que estão investigando, apesar de ele achar que isso foi alguma brincadeira de mal gosto de algum aluno.



9 de novembro. Quinta-feira.

Fiz o que aquele número misterioso mandou por cinco dias. Não falei com ninguém sobre Lucia, li o jornal da região sentada na escadaria da escola, fazia um frio glacial. Nesse momento meu celular tocou. Era minha tia Pepina, e sim, eu sei que é um nome engraçado.

Ela falou um monte para mim, estava furiosa porque eu não havia ligado e nem respondido suas mensagens nas últimas duas semanas. Eu disse que estava ocupada com os estudos e as provas finais que estavam chegando. Ela falou do desaparecimento e me fez um monte de perguntas, falei que não sabia de nada. Depois falamos um tempão sobre as férias e eu disse que ainda não havia decidido se iria para a casa dela ou se ficaria no Internato.

-Você é muito insensível, estamos sentindo sua falta. Sua irmã não para de perguntar de você. – Ela disse.

Abri um sorriso, eu estava morrendo de saudades da minha irmã. Desde quando ela completou dois anos e nossa mãe faleceu éramos apenas eu e ela. Agora ela tem sete anos, se chama Raissa.

-Diz que eu ando muito ocupada e que a amo muito, prometo ligar de noite – falei.

-Está bem, mas tem que ser antes das dez, ela dorme cedo.

Nos despedimos, ela tinha que trabalhar.

Pelo celular procurei por alguma atualização sobre o caso de Lucia. Não tinha nada além do que foi publicado no jornal. Minha cabeça latejava de tanta dor, o medo me transformou nesses últimos dias, cheguei até a faltar das aulas e me trancar no quarto, Laura começou a estranhar meu comportamento, tivemos até uma discussão por causa disso. Não consigo me conformar, essa escola está escondendo algo. Peguei minha mochila e resolvi que iria falar com Arthur.

Subi as escadas rumo a sala de jornalismo. Quando entrei no internato, Arthur me convidou para fazer parte do clube, eu até pensei em aceitar, sempre gostei de ler notícias e acompanhar páginas de curiosidades no Facebook, mas recusei por causa do Gohan. Esse cara não parava de me assediar com os olhos, eu detesto quando ele está por perto, sinto vontade de vomitar imaginando o que se passa na cabeça dele, além também de um evento em especifico, uma coisa terrível que ele aprontou comigo e Laura. Arthur chegou a dar uma dura nele, falando para ele parar com essa merda e parar de ser tão descarado, mas não resolveu nada. Bem, pelo menos até o dia em que fiquei extremamente irritada quando ele tocou meu braço e dei um soco na cara dele. Depois desse dia Gohan parou de me mandar mensagens nas redes sociais, parou de me seguir pela escola e falava apenas o básico: Olá, tudo bem? Estou bem. Até mais.

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