Capítulo 19 - Missão Impossível.

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03 de dezembro. Sábado

Jornal regional dos Lagos.

Mais um mistério ronda o Internato Primavera. Nessa quinta-feira (01), um estudante foi encontrado morto na floresta próxima a propriedade. Esse estudante é Arthur Silva Neres, o jovem de apenas 16 anos foi encontrado com uma corda enlaçada em seu pescoço, aparentemente cometeu suicídio, o que está sendo investigado pelo DHPP, o delegado Mauricio Taveira, responsável pelo desaparecimento de Lucia Remis, Gohan Alves de Souza e do suicídio de Roberta Alves, disse que está cuidando do caso, mas que tudo indica que foi suicídio mesmo.


Os pais de Arthur que não quiseram se identificar lamentaram muito a morte do filho, a mãe disse que ele era um rapaz alto-astral e que não havia motivos para ele cometer tal ato.

Ultimamente o Internato Primavera anda passando por momentos difíceis, correm sérios riscos de fechar as portas dentro de alguns meses. A polícia civil e o DHPP estão sendo processados pelos pais dos estudantes desaparecidos e mortos.

O diretor Marcus Adolfo se pronunciou nessa manhã de sexta-feira (04) e disse que seu filho também está desaparecido, ele preferiu não se aprofundar nessa declaração e apenas disse não saber o que anda acontecendo, mas que o delegado está se encarregando das investigações.

A história que tive com Arthur é algo que nunca vai morrer. As últimas semanas foram intensas, minha vida que sempre foi carregada de monotonia e conformismo se transformou em um caos. Há um mês atrás eu me pegava pensando se estava no céu, mas que céu seria esse que eu supostamente deveria estar? Esse internato talvez tenha sido a pior coisa que aconteceu na minha vida, estar aqui todos os dias morando sobre o mesmo teto que lunáticos. Não me refiro apenas a escola em si, pois a lição que levo comigo para sempre é a de que as pessoas não são tão boas quanto parecem que são. Você pode muito bem entrar em um bueiro para resgatar gatinhos que foram jogados lá por alguém, mas só quando as pessoas estão olhando, porque quando não estão, você vai lá e joga os gatos de volta! As pessoas são terríveis, maldosas, egocêntricas, maliciosas, egoístas, mentirosas e aproveitadoras. Eu me incluo nisso tudo. Não sou uma pessoa boa, não fui uma filha boa o suficiente para impedir que minha mãe se fosse, não fui uma irmã presente e inspiradora, não consegui ajudar minha melhor amiga quando ela precisou de mim e o pior de tudo; eu matei uma pessoa e não sinto remorso por isso. Será que eu sou uma psicopata? Daquele tipo que você vê na televisão após ter feito coisas absurdas, desumanas. Eu me enquadro nesse perfil? Eu não sei mais quem sou, as vezes me olho no espelho e sinto que estou frente a frente com uma desconhecida. Arthur... eu quebrei o nariz dele, quebrei a porra do nariz de um defunto. Que tipo de explicação dariam aos pais dele quando notassem que o nariz estava quebrado? Desculpe senhor, não sei explicar bem o que aconteceu, estava assim quando chegou. Provavelmente seria a fala do médico responsável pela autopsia. Quando vi o corpo de Arthur a única coisa que consegui pensar foi no porque, porque ele? O que ele tem a ver com isso tudo?

Marcus Adolfo havia acabado de terminar seu discurso meia-boca, tive a impressão de que ele repetiu o mesmo que usou quando foi falar sobre o suicídio da Roberta. Os aplausos vieram logo em seguida. O palco estava cheio de velas e retratos de Arthur, o centro do palco tinha um telão aonde passavam as principais matérias publicadas por ele, além também de uma mensagem sobre o suicídio e a importância de viver. Todos estavam levantando de suas cadeiras, nunca tinha visto tantos alunos tristes assim.

Fuja.Where stories live. Discover now