Capítulo 10 - Baba O'Riley.

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19 de novembro. Domingo.

-E a morte nada mais é do que a extensão da vida. Sei que todos estão tristes com a morte de nossa querida e amada Roberta, ela era uma aluna exemplar e uma pessoa espetacular. Mas é importante ressaltar que se você tem algum problema e precisa de alguém para conversar, temos a disposição de vocês alunos uma equipe de e conselheiros. É sempre importante ter alguém para conversar, para te colocar para cima. Roberta é um exemplo de uma garota que claramente precisava de amigos, ela recentemente perdeu sua melhor amiga, como todos já sabem, ela precisava de alguém, mas foi tarde demais... - Marcus ajeitou a gravata que estava muito apertada, ele suava muito. – Meus pêsames para os familiares e amigos e eu como diretor do Internato Primavera venho aqui dizer que estou à disposição dos familiares, pronto para dar qualquer tipo de apoio que seja necessário e possível. - Ele olhou para a plateia que o assistia e limpou a testa cheia de suor. – Obrigado.

As palmas foram fracas e tristes. O anfiteatro da escola ficou pequeno para a quantidade de alunos que se encontrava ali. Estou acompanhada de Laura e Nicolas, eles ficaram quietos durante todo o discurso de Marcus. As pessoas começavam a deixar o anfiteatro, cochichando e caminhando bem devagar.

-Que coisa hen - comentou Nicolas. Os cabelos dele estavam pintados de verde agora. Ele mascava um chiclete.

Deixamos o anfiteatro e fomos para o refeitório. Nicolas não parava de falar sobre as notícias que havia lido na internet sobre a morte da Roberta. Laura estava quieta, nem sequer tocou na sopa. Depois de comer eu fui despejar os restos na lixeira, vi Maria acenando para mim, tinha até me esquecido dela. Ela estava sentada aos fundos com aqueles nerds. Então vi algo que chamou mais minha atenção. Arthur. Ele passou rápido por mim, enxerguei em seu olhar a materialização do medo, mas ele nem sequer me deu muita atenção, deixou o refeitório. Fui até a mesa aonde estavam meus amigos e coloquei a bandeja lá encima.

-Laura – falei.

Ela olhou para mim, tirou os fones de ouvido. Os cabelos estavam trançados e parecia não ter dormido muito também.

-Sim? - Sua voz acusava que ela estava bem distante.

-Vou conversar com alguns amigos e encontro vocês depois.

-Tudo bem. - Ela colocou os fones.

Nicolas nem estava prestando atenção, ele digitava algumas mensagens no celular. Deixei os dois e fui até a mesa dos nerds, me sentei ao lado de Maria e cumprimentei todo mundo. Eles estavam conversando sobre a nova série que saiu na Netflix, então peguei o celular e comecei a responder algumas mensagens pendentes no Whatsapp. Pedro estava desesperado perguntando como havia sido o discurso de Marcus.

-Então, Rebecca. - Maria chamava minha atenção, coloquei o celular encima da mesa e olhei para ela. – Você está bem?

Não havia entendido muito bem o porquê da pergunta.

-Ótima. Porque?

-Não sei, está meio tristinha. - Ela sorria sempre, um belíssimo sorriso.

Os nerds ao redor estavam conversando super empolgados e nem sequer prestavam atenção na gente.

-Ah... - Sem perceber eu estava mordendo meu lábio inferior, faço isso quando estou muito nervosa. – Eu estou bem, é só isso tudo que está acontecendo na escola.

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