O melhor ano novo de Todos!

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Indiferente da religião que você tiver, Por favor leia esse conto.
Pode parecer banal de início,
mas é nas coisas simples que está a beleza.

"Respeitar é essencial.
Procure entender que o lado certo da vida, é que não temos controle sobre assituações, nem certeza absoluta do que é certo ou errado. Mas podemos aprender algo com elas se abrirmos a mente e o coração". 

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                                                                                                                                                                          02/01/2005                                                                                                                                                                         Florianópolis, SC


Amigo De papel,
Olá, é um prazer imenso ter um novo diário para escrever. De um tempo para cá ter uma agenda, diário tornou-se uma necessidade para escapar da pressão da vida.
Ao menos com o papel sei que posso contar. Sei que irei ser traída por revelar meus segredos, e também fico grata por poder expor absolutamente tudo que acontece comigo. Afinal, nada melhor do que a sinceridade não é mesmo?

          Antes de falar sobre o Ano novo, vou falar os motivos que me fizeram ter um diário. Primeiramente, quando era adolescente não conseguia manter um diário. Achava tão clichê e coisa de menininha. Fora que as poucas vezes que escrevia, minha mãe achava, lia e dava faniquito em casa. Então eu achei desnecessário escrever para alguém acabar lendo.
Mas então, eu mudei de país e voltei ao Brasil. Não tinha amigos e me sentia um peixe fazendo bolo. Senti uma necessidade de falar com alguém, mas meus pais estavam ocupados e fora que na verdade, nunca tivemos um relacionamento tão bom assim. Então a ideia tosca de ter um diário surgiu. No início foi massacrante, porque ainda tinha aquele receio de alguém pegar. Ainda mais agora que morava com minha vó e primos.
         Mas eu decidi riscar a data. Ele ficou meu feinho todo arranhado, mas deu uma originalidade perfeita. Escrevia quando me dava na telha. Sem obrigações diárias. Acrescentei versos de músicas, curiosidades sobre atores e escritores que eu admiro. Então foi aquele escape!
No ano anterior, completei meu primeiro diário e esse ano me decidi em dar continuidade a ele. Acabei o ensino médio e tive uma briga ferrada com uma ex-amiga. Tem sido difícil desde então.
Agora sobre a passagem de ano! Amigo de papel, você não vai acreditar!
         Eu meio que consegui convencer a minha mãe de passar o ano novo na casa do meu namorado. Ela disse que tudo bem, desde que eu ficasse em casa no natal.
         Não esperava que fosse tão legal assim, porque eu sou muito calada em relação às pessoas da família do Meu Crush. A gente está junto faz década (Risos, mentira, mas já faz um tempo), mas não consigo interagir com eles, e eles não puxam conversa também.
           Acontece que eles são de religião Umbandista. Eu sou católica, mas não frequento a igreja. Lá pelas 6 da tarde, cada um foi tomar banho e se arrumar. Prepararam oferendas e eu ajudei com alguns detalhes decorativos na casa. Eles decoraram com várias cores, brilhos e tinha duas mesas. Uma grande e farta para todos comer e a outra incrivelmente linda e cheia também. Frutas, doces, bebidas, e estatuas de santos variados.
          Pode ser estranho de imaginar, mas não é nada de satânico. É como montar um presépio de natal e a mesa da ceia. Mas com elementos diferentes. Queimaram incenso de canela e o cheiro me agradou muito. Então as onze eu, meu namorado, os pais dele, o pai de santo ( Que mora com eles) e os três irmãos fomos para a praia.
Não tinha ninguém na lagoinha.
         A praia na verdade era uns cinco quilômetros da lagoa por ali, e caminha a noite, com bandejas de oferenda em público não é tão bem visto assim. Eu fiquei quieta ouvindo o pai de santo (João) fazer uma reza tão baixinho que não entendi muita coisa, mas era como música. Meu namorado ficou do meu lado, e disse que tínhamos que esperar. Seria falta de respeito dar um beijo enquanto eles fazem o despacho. Eu fiquei tão tranquila que você não imagina.
Estranho porque eu não julgo, mas se fosse a minha vó do mal, por exemplo, que é católica super rígida teria feito maior Auê ali. Foi então que entendi, a religião é algo que nos faz sentir bem conosco e com o próximo. Não importa a sua religião desde que ela cultue os bons sentimentos.
        A minha sogra querida ( sim, querida porque adoro ela. É a única que realmente não me ignora.) perguntou se queria acender uma vela branca. Só para simbolizar a paz no meu lar, e respeito. Uma vez que estava ali e não tinha oferecido nada. Então eu aceitei. Estava de casaco, e não sei por que me veio essa ideia loca de tira-lo. Coloquei em cima de uma tábua de madeira que estava um pouco mais do lado da areia, e esqueci total.
Acendi a vela e o único nome que me ocorreu da religião deles foi iemanjá. Baixinho e disse:

Quatro EstaçõesWhere stories live. Discover now