Folhas Secas

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         O outono é a minha estação do ano favorita. Espero que gostem desse conto e se encantem com a magia da natureza que essa estação traz em nossas vidas.

"As folhas secam caem em um ritmo incessante, se misturam a velocidade do vento, e abandonam uma vida de vigor para descansar da beleza que um dia tiveram. Dormem ao som do assobio das andorinhas, que se despedem partindo para longe".

      Deixo uma música que adoro e garanto que vai fazer você se sentir mais conectado a estação e ao conto.

Música: Mascavo- Folhas Secas.

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          As folhas secas caem pela janela de João Vitor que aprecia seus movimentos naturais pela bancada da cozinha de sua casa. Debruçado tomando uma xícara de chá de maçã com canela e pingado de leite, ele se surpreende com uma garota que passa do outro lado da rua. 

       Maria Eduarda era a paixão de João Vitor desde que a garota havia se mudado, há um ano atrás. Ela veio de um bairro distante e não demorou para fazer algumas amizades, mas infelizmente não era com ele.
         Ele não queria que ela o visse, no entanto, não conseguia deixar de vê-la passando tão distraída entre as árvores. Ela estava com um jeans escuro, casaco de moletom preto e botas de coturno de couro preto também. Usava um goro de inverno e um cachecol. Parecia distraída ao telefone, de certo ouvindo música.
         João foi até a janela e soltou a cortina, mas foi em vão porque na hora, Maria olhou em sua direção. Ele ficou constrangido. Afinal, o que ela iria pensar dele? E tudo que menos desejava, era que a garota finalmente o percebe-se. Mais ainda sendo como um estranho em vez de um garoto legal.
        Ela virou- se e tirou os fones. João não conseguia ouvir o que ela dizia, porque da onde sua casa estava era do outro lado da rua, e a cozinha ficava mais no canto. Mas ela parecia estar falando com alguém. Deu de ombros, e voltou a tomar do seu chá.
Então o telefone tocou no seu bolso. O rapaz tirou do casaco e atendeu: 


- Alô.
- Oi filho, vem me ajudar com as compras. - Disse sua mãe, Jackeline, outro lado da ligação.
- Tudo bem. Estou indo. - Respondeu ele, desligando a chamada.
         Sentiu um nervoso por sair de casa com ela ali, mas era inevitável. Queria sentir uma ponta de esperança, mas se achava feio. E não tinha um estilo descolado; nem era engraçado. Fora que era alto e muito magro. Seu cabelo era curto, escuro e sem graça.
          Sua casa era humilde e ele vinha de uma família simples. Seus pais eram divorciados e sua mãe era cozinheira em um restaurante de frutos do mar. Não tinha nenhuma chance com ela. A garota era linda, sua família sempre dava festas no fim de semana, e seu pai tinha um carro, corola daquele ano.
        Pegou as chaves e trancou a casa saindo porta a fora. Estava realmente frio. A paisagem de outono era algo realmente bonito, apesar de algumas pessoas não entenderem a beleza da morte da natureza.
João Vitor tentou voltar para casa, mas ouviu alguém dizer:

-Oi! - Disse uma voz feminina.

Era ela, Maria Eduarda. Ele então se virou, e foi andando até ela confiante. Pela primeira vez ela havia notado ele. Finalmente aconteceu. Ele a conheceria de verdade. Não queria pensar, mas já imaginava em sua mente como seria seu primeiro beijo na vida, com a garota que ele era apaixonado.
Foi andando até ela, e então alguém o puxou, dizendo:
-Oi filho! Venha, ajude sua mãe. - Disse Jackeline, passando algumas sacolas de compras para ele.


      Tomou um susto! Foi pego desprevenido, e a única chance de falar com a garota, havia passado diante de seus olhos. Falta-lhe coragem para largar tudo ali, e correr até ela. Segura-la firme enquanto olha no fundo dos seus olhos, e dizer:

- Maria Eduarda, eu sou apaixonado por você. - E então dar aquele beijo incrível de filme.
João Vitor estava parado no meio da rua. Sozinho, segurando sacolas de compras. Voltando a si, ele derrubou uma das sacolas, e uma lata de milho caiu rolando. Ele ficou com vergonha e correu para pega-la.
- Vamos filho! Precisa de ajuda aí bebê? - Perguntou sua mãe, da porta de casa.
- Não, eu já estou indo. Tranquila mãe. - Respondeu ele, corado ao perceber que a menina ria, ao olhar para ele correndo atrás de uma lata de milho. Quando a lata finalmente bateu na escada e parou de rolar, ele a pegou do chão. Levantou sua cabeça e olhou do outro lado da rua.
Maria abraçava um rapaz que havia chegado de repente. Foi então que entendeu tudo. Ela estava falando no telefone, por isso ficava olhando para a janela
Não era para ele. Bobo. Como pode pensar que uma garota daquelas daria bola para um garoto como ele?
        Ela era a chama do fogo, e ele o sopro fraco do outono.
Voltou para a sacola de compras, triste por ter passado vergonha na frente dela. Mas até feliz por ter ao menos conseguido ver ela de perto.
         Antes de entrar em casa, ele parou uma última vez, e olhou para a garota que seguia pela rua de mãos dadas com um rapaz mais alto que ela. Decepcionado, ele deu meia volta para entrar em casa, quando ela parou e abraçou o rapaz. E de onde eles estavam ele pode ver que ela olhava para ele, sorrindo.
       João Vitor não queria crer, então deu um tchau, e essa acenou para ele. Feliz, por ter tido atenção da garota, ele correu para dentro de casa, com o coração pela boca de tanta felicidade. E Maria Eduarda seguiu seu caminho com outro rapaz.
- Fico feliz por você ter chegado bem, mano. - Sorriu Maria, para o rapaz ao lado.
- Sim, eu tive uma viagem cansativa. Mas foi tudo bem. - Respondeu seu irmão contente por estar em casa nas férias.


     Enquanto caminhava, Maria não pode deixar de sorrir, pois naquele mesmo dia, ela não se sentia tão bonita assim. Não gostava disso, mas infelizmente ela se machucava com frequência por não ter a aparência perfeita e ter uma vida infeliz. Mas quando um garoto ficava babando por ela, ela o suficiente para recuperar um pouquinho da sua autoestima. Caminhando para casa, uma folha da árvore caiu em seu cabelo solto, e essa retira, observando a beleza por trás da folha seca. (É, cada coisa tem sua própria beleza. Pois ela está nos olhos de quem vê. ) Pensou a Garota, sorrindo.


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Oi gente! Tudo bem?
O que acharam do conto ?
Você é um João que se apaixonou por um amor não correspondido?
Ou uma Maria, que sofre calada ?
Moral da história é que a beleza está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos e no olhar observador de alguém que ama.
Diga o que achou nos comentários.
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Que sempre ajuda.
Bjocassss!

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