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Aceitação é o momento mais difícil pelo qual uma pessoa pode passar, principalmente quando a verdade está evidentemente na sua cara, mas tudo parece nublado. Poucos dizem quando estão realmente errados e menos ainda assumem seus erros. A negação é algo comum nos dias atuais, ninguém quer errar e dizer que o outro estava certo, pois esses veem seus erros como um degrau abaixo de seu patamar enquanto a realidade é contrária; um erro o ajudará a crescer mentalmente, se esse for conduzido da melhor forma.

Hoseok havia passado por seus dias de aceitação, os quais foram, sem dúvida, seus piores anos, mas, após tanto tempo, ele estava lidando com a realidade. O, agora, homem não sofria com suas crises frequentemente, pode-se dizer que a última ocorrera há mais de um ano. Ele seguia corretamente o que seu médico mandara e tentava ter uma vida normal junto com pessoas "normais".

Ele ainda se lembrava dos dias que passou no hospital tendo acompanhamento exclusivo de seu médico, Kim Seokjin. Foram dois anos dentro de salas brancas tomadas por comidas hospitalares, vendo geralmente somente os rostos de seu doutor, sua mãe e funcionários do local em que estava. Em todos os segundos passados no hospital sua crença em achar seu único salvador - assim como definira sua mente - foi se desvaindo. Ele entendia que Yoongi não era real, mas ao mesmo tempo Hoseok sentia em seu âmago que o menino estava no mundo a sua espera. Ele tinha que estar.

Hoseok poderia afirmar que o pior dia fora quando vira sua mãe como Yoongi enquanto ainda sedado por remédios de tarja preta, ele gritara com ela perguntando o porquê de seu pequeno ter o abandonado, a questão a qual não despregava de seus lábios fora reduzida a apenas um "não me abandone". Esse foi o primeiro dia que tomara uma anestesia para dormir por um determinado tempo, fora inevitável. Seus sintomas atacaram e eles não poderiam tratá-lo de outra maneira a não ser com remédios e soníferos, em casos extremos.

Apesar de sua realidade alternativa ter sido criada ao redor da verdade que sua mãe era nada mais que uma mulher de negócios que não chegava perto de si, Hoseok, ao voltar a sua consciência, entendia o quanto a mulher havia feito por si. Os dias em que a mesma tivera que ouvi-lo chorando alegando que seus pais não se importavam, mesmo que a sua frente eram ninguém menos que a própria Yeeun. Ele compreendia que havia doído nela assim como era consigo.

Durante a sua estadia no hospital, Yeeun visitava Hoseok todos os dias. Sempre questionando o médico sobre a situação de seu filho. Queria saber quando ele sairia daquele lugar para viver uma vida como todos os outros. Nesses dias, Seokjin fora totalmente necessário, o homem não abandonou Yeeun em nenhum momento. Ele afirmava a mulher que ela sempre poderia contar consigo, porque diferente de seu ex-marido, ele era um homem que cumpria com suas palavras. Ele sempre cumpriu.

E fora assim, durante dois longos e dolorosos anos. Hoseok apresentara melhora justamente em uma noite estrelada na qual a lua cheia iluminava o céu em conjunto as constelações que pintavam o quadro escuro. Nesse dia, o menino lembrou-se que uma estrela sempre realizaria o desejo de uma pessoa com o coração puro, assim como seu Yoongi tinha lhe ensinado. Ele acreditaria em seu antigo menino, ele sempre seria alguém puro de coração e alma.

Após algum tempo de sua saída permanente das paredes brancas e do ar fétido devido aos medicamentos, Hoseok voltou a sua antiga casa, onde tudo tinha acontecido e ele se lembrava de todos os momentos. Sua face fora preenchida por gotas quentes e grossas que escorriam dos seus olhos e o abraço de sua mãe fora seu aconchego naquele instante.

Hoseok havia crescido na vida desde a descoberta de seu transtorno. Depois de certo tempo, o menino concluíra seu último ano escolar, ele estudava tanto que sua mãe nunca o vira saindo durante esses dias, mas tudo para realizar seu mais novo sonho. Hoseok queria admirar os astros que brilhavam sobre sua cabeça quando o sol se punha e o céu se tornava uma cortina azul escuro com a decoração de estrelas. Ele queria estar perto daquelas que realizariam o quê vinha desejando por muito tempo. Hoseok confiava no que fora dito pelo seu ex-Yoongi.

Hoseok confiava também em Seokjin. O médico que ele achava estar errado, o médico que ele julgava ser o único louco da história, o qual manipulava a cabeça das pessoas em sua volta para chamá-lo de louco. Mas agora Hoseok confiava em Seokjin com todos os seus sentidos, ele era um homem bom e gentil e fazia um grande favor ao acastanhado: Seokjin cuidava de sua mãe.

Foi em uma noite em que o céu estava cheio de estrelas o preenchendo e iluminando que Seokjin pediu a Hoseok a mão de sua mãe, entregando a sua vida de bandeja nas palmas do menino, que decidiria se o médico poderia ou não ser seu padrasto; ele propunha o seu coração como o maior prêmio. Jung aceitou. E com um largo sorriso no rosto, Seokjin confessou-se para Yeeun com Jung assistindo-os. Jin merecia, não era sua obrigação ficar ao lado da senhora Jung por tanto tempo, mas em nenhum segundo ele a abandonou. Seokjin cuidou de sua mãe como um verdadeiro homem deveria fazer para com ela. Hoseok admirava-o.

E naquela mesma noite, em que as constelações assistiam a nova família sob si, Hoseok teve uma ideia enquanto pensava em tudo que já passou. Ele iria montar um grupo de autoajuda, queria poder fazer as pessoas, que passaram pelo mesmo que ele, perceberem que no fim de todo túnel tem uma estrela reluzente; Hoseok queria tirá-las do próprio mundinho para fazê-las enxergar a realidade e vivê-la.

Agora ele precisava de um nome e um local. Então ele lembrou da frase que mais ouvia e mais dizia enquanto estava no hospital: "isso não era real". E fora com esse argumento que seus dias foram se tornando o mais real do que a antiga falsidade, seria com tal que o menino mostraria aos outros que a vida imaginária deve-se ao mundo real, o qual é onde realmente se vive.

Isso era o que todos precisavam saber. Todos precisavam acreditar em suas palavras. Aquilo que viviam não era real e Hoseok estava disposto a mostrá-los. A realidade corroeria o cerne do amante a mentira.

Levantou-se da mesa onde se encontrava, ao se despedir de seu mais novo familiar e sua mãe, partiu em direção ao quarto, onde ele procurou um caderno para fazer suas anotações. Os pensamentos a uma velocidade perigosa circulando em sua mente, as suas mãos tremendo enquanto respirava fundo e abria as páginas com a calmaria de um mar em seu momento de maré alta. Hoseok estava sem fôlego.

Seus dedos deslizavam leve e rapidamente pelos papéis a cada palavra desenhada por suas mãos. Hoseok escreveu tudo o que precisava para criar o seu grupo e tudo que iria dizer, tudo que pensava após ver a realidade. E, é claro, não esqueceu de citar o seu amado Yoongi, que não passava de invenção de sua cabeça. Mas uma pergunta atormentava-o, ele não teria inventado uma pessoa em sua mente, então, de onde Yoongi surgiu?!

E com esses pensamentos tomando seu corpo e alma, Hoseok sentia uma pequena chama de esperança de encontrá-lo um dia. Ele nem tentaria imaginar o que poderia acontecer, Yoongi provavelmente não o conheceria. Porém Hoseok estaria realizado em apenas vê-lo, queria provar para si mesmo que Min existiu fora de sua realidade alternativa.

Yoongi foi além de um desejo realizado por uma estrela, ele era real.

lil' doll♣ {m.yg + j.hs}Where stories live. Discover now