Vir trabalhar num posto de atendimento da polícia não foi bem um castigo para Ed, foi mais uma forma de afastá-lo das áreas urbanas, especialmente depois da morte do policial Alves. Essa era a primeira vez que ele faria o plantão da madrugada e José se ofereceu para ficar também, mesmo que numa cidadezinha de sete mil habitantes, até os ladrões vão para cama às dez e meia. "Fazemos uma pausa das 3:20 até 3:40, está bem? Nessa hora saímos para tomar um ar", avisou o policial veterano, "E se alguém ligar?", perguntou Ed. Não obteve resposta.
No intervalo, José foi até os arquivos buscar algo e Ed resolveu ficar por ali mesmo. Às 3:37 o telefone tocou.
– Polícia, boa noite.
"Alguém está me seguindo. É um homem com um chapéu coco. Quer dizer, eu não vi ele, mas tem uma sombra na calçada e quando me viro, o vulto se esconde. Estou com medo."
– Fique calma. Em qual rua a senhora está?
A pessoa fica em silêncio e volta a falar logo em seguida.
"Desculpe, eu desliguei. Ele está vindo... Ahhhhh!". Ed ouve a voz feminina gritar e pedir ajuda.
O policial coloca o fone no gancho, sai correndo e é barrado na porta por José.
– Atendeu a ligação?
– Uma mulher...
José lhe estende uma reportagem antiga de jornal: "17 de Fevereiro de 1938. MULHER É MORTA A FACADAS NA PRAÇA CENTRAL, a policia não tem suspeitos..."
– Há oitenta anos recebemos essa chamada todas as noites.
***
Desafio #18 (17/02/2018)
CZYTASZ
OPEN 24H
Krótkie OpowiadaniaDrama, comédia, terror, suspense, fantasia, distopia, ficção científica e contos de fada escritos diariamente durante um mês. Os temas e personagens são escolhidos através de sorteio, então pode vir qualquer coisa (qualquer coisa mesmo). Mais detal...