3. Meu desejo de te conquistar

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A decisão parecia ter facilitado a vida para Sasuke, pelo menos um pouco. Bom, tão fácil quanto poderia ser a vida de alguém apaixonado pelo melhor amigo sem ser correspondido. Mas a ideia de que Naruto pudesse se afastar de si se soubesse de seus sentimentos era tudo a que Sasuke se agarrava para sufocar a vontade de falar do que havia acontecido na festa e expor como se sentia. A amizade de Naruto era o mais importante. Sasuke podia conviver com uma rejeição romântica, tinha 19 anos, não era como se Naruto fosse o grande amor de sua vida, certo? Mas queria que sua amizade fosse para sempre.

Sendo assim, mantinha a mesma atitude de sempre perto do amigo. Não era difícil, nada com Naruto era. Mas era... frustrante. Assim como Sasuke tinha escutado Naruto falar pra Gaara, o amigo agia com a mesma naturalidade de sempre, sem nenhuma estranheza pelo que havia acontecido. Ainda passava o braço por seus ombros quando ia encontrá-lo na saída da escola em alguns dias, ainda dividia a cama com Sasuke depois de horas jogando e comendo porcaria, ainda estava perfeitamente confortável. E Sasuke? Tentava se convencer de que estava como antes, mas a verdade é que sentia uma onda de eletricidade a cada toque, que demorava ainda mais o olhar no amigo e que reparava em cada pequena coisa que Naruto fazia. Não conseguia evitar.

Por mais que lutasse pra não ter esperanças lembrava-se de quando Itachi lhe disse que Naruto o 'secava' e não pôde deixar de reparar. De fato via os olhos azuis lhe encarando em alguns momentos. Principalmente se estivessem a sós em uma das casas, nos momentos mais simples, como quando Sasuke cozinhava ou quando estava saindo do banho ou quando se concentrava em algo. Sasuke tentava a todo custo ignorar a confusão que isso causava em seus sentimentos, e fazia um bom trabalho. Não era mesmo de demonstrar muita emoção e definitivamente era bom em se distrair daquilo em que não queria pensar. Isso enquanto estivesse consciente.

Durante algum tempo os sonhos vinham quase toda noite. Em alguns, eram apenas os olhos azuis aparecendo, sempre muito perto, como nos momentos antes do primeiro beijo que trocaram. Em outros eram situações comuns, cenas entrecortadas de momentos que tinham passado juntos. Tinham aqueles que pareciam refletir a maneira como Sasuke, lá no fundo, se sentia em relação a tudo isso: Naruto o olhava sério, sedutor, mas de longe, e por mais que Sasuke tentasse nunca conseguia alcançá-lo. Mas definitivamente os mais difíceis eram aqueles mais prazerosos, aqueles dos quais Sasuke acordava quente, excitado e via-se obrigado a aliviar-se com o outro em mente.

Passadas algumas semanas desde a festa, entretanto, as coisas começavam a melhorar. Não pensava mais tanto em Naruto para além da amizade e tinha, inclusive, se interessado o suficiente por outra pessoa para permitir uma aproximação. O cara era irmão mais velho de um de seus colegas de classe, e Sasuke o conheceu ao ir na casa desse colega dois dias seguidos para fazer um trabalho de grupo. No segundo dia Sasuke percebeu como o tal o olhava e confirmou suas suspeitas quando o outro lhe pediu o número de telefone. Ele era bonito, um pouco mais baixo do que Sasuke, moreno, olhos verdes, uma voz linda.

Encontraram-se no fim de semana e Sasuke não hesitou em se deixar levar para a já conhecida casa do outro, depois de trocarem alguns beijos num barzinho. A noite acabou sendo ótima e, embora tenha sido claramente coisa de uma vez só, até porque ele trabalhava e morava em outra cidade, estando em Konoha só por alguns dias para um compromisso da família, era bom preencher seus pensamentos com uma pessoa diferente, pra variar. Depois disso Sasuke de fato achou que finalmente estava conseguindo fazer a tal paixão adormecer. Embora ainda fosse afetado pelos olhos, sorriso, e toques de Naruto,bem como pelas lembranças de seus beijos, estava determinado a não ficar sofrendo pela lembrança: se isso era tudo o que teria de Naruto queria lembrar-se daquela festa com carinho e não como algo ruim. Com sorte logo essa paixão passaria e era isso que teria: boas lembranças que renderiam boas risadas.

Mas sorte é uma coisa que Sasuke nunca teve. Estavam na casa de Naruto, jogando conversa fora, quando o celular de Sasuke tocou. Era o cara com quem tinha ficado no fim de semana. Sasuke ficou surpreso, não esperava que o outro fosse procurá-lo e, embora tenha curtido sua companhia, não tinha pensando a fundo em repetir a dose. Recusou o convite para aquele dia, mas não chegou a fechar totalmente as portas. Quando desligou Naruto o olhava curioso.

Nada é por acasoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora