Cap 20

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- O que? - ele falou surpreso. Caminhou, quase que correndo, até a cama, puxou a manta e viu que realmente era uma menina. Michael estava feliz, mas se sentiu decepcionado, ele queria um menino. Ele precisa de um homem para tomar seu lugar. Clara viu a decepção estampada nos olhos do homem, que nada falou apenas saiu do quarto. Seu coração ficou dolorido pela rejeição do Duque para com a criança.

Emma ainda estava abraçada a sua mãe, que deixou rolar algumas lagrimas ao lembrar do dia do nascimento da filha. Muitas coisas aconteceram desde então. Coisas que Michael fez que afastou as duas dele.

- Você é uma inútil - O homem gritou para a mulher - Só me deu um filho homem e ainda assim é chorão - Michael gritou. Clara apenas estava calada ouvindo, era obediente ao seu marido e também tinha medo de enfrentá-lo porque ele descontava em seus filhos.

- Eu sinto muito - A mulher limpou a lagrima solitária que caiu de seu olho esquerdo.

- Sente muito - ele esbravejou perto de seu rosto e o hálito de vinho forte, pode ser sentido. - Acho que você fica feliz por isso. Vejo como fica feliz quando aquela garota - Era assim que ele na maioria das vezes se referia a sua própria filha - Consegue fazer coisas que nosso filho, homem, não consegue.

- Ela não faz por mal - Clara tentou intervir.

- Ela faz tudo para me desafiar. Irei ter que ensinar uma lição para ela - Michael ia sair do quarto, mas Clara jogou-se aos seus pés.

- Não, por favor, deixe-a em paz, ela não fez nada. - A mulher chorava suplicante, a filha não iria conseguir resistir a surra que provavelmente Michael daria e se sua filha morresse, Clara também morreria de desgosto.

- Você é inacreditável - ele levantou a mulher pelos braços - Isso é tudo culpa sua, mima seus filhos e é por isso que ambos estão assim - ele a jogou na cama violentamente, depois rasgou suas roupas. - Eu quero um filho que me dê orgulho e não um par de fracassados - Ele gritou. Clara apenas chorava, preferia sofrer os abusos do marido do que deixar seus filhos apanhando. Foi durante os abusos que se lembrou do casamento. Quando Michael apareceu pedindo sua mão, agindo cortês e muito romântico, ganhou seu coração sem precisar se esforçar muito. Era tudo maravilhoso até ela ter dado à luz a Emma, mas de nenhuma maneira ela culpava a filha, o único culpado era o Duque.

A cena de seu pai abusando de sua mãe, estapeando e a fazendo chorar nunca saiu da cabeça de Emma. Ela nunca contou para sua mãe que havia ouvido e visto tudo, guardou o segredo as sete chaves e foi a partir daquele dia que Emma começou a enfrentar de frente seu pai, foram inúmeras surras, mas a cada uma delas, ela se tornava mais resistente e mais determinada.

- Eu o odeio - Emma falou o que estava engasgado a mais de décadas. - O odeio com todas as minhas forças e não vou fazer isso para tentar conseguir o reconhecimento dele, mas sim para humilhá-lo - Finalmente a verdade foi revelada, saiu da própria boca de Emma. Ela camuflava a verdade, tentando passar que seu único desejo era conseguir o reconhecimento de seu pai, mas isso estava longe de ser verdade.

- Filha você...

- Eu o odeio por tudo que ele fez a nós, pelas surras, por tudo que fez a você. - Uma lagrima solitária rolou pelo rosto de Emma - Eu o odeio com todas as minhas forças. E se hoje eu estou fazendo isso, porque essa é a única forma de fazer ele pagar por tudo que fez com a gente. - Clara acariciou o rosto da filha, não queria que ela tivesse esse sentimento negativo dentro de si.

- Não faça isso filha, não por vingança. Todo esse tempo pensei que era para mostrar que você também poderia ser uma boa filha, mas você faz por vingança. Não compre briga com seu pai por isso. - Clara falava calma. - Vocês têm o mesmo gênio - Clara amava a filha, mas se lamentava por isso, de tudo era o que ela menos queria que herdasse do Duque.

- Não me compare a ele! - Emma soltou do corpo da mãe.

- Emma, dizer isso não mudará o fato de que ele é seu pai. - Clara tentou acalmar a filha.

- Eu não me importo, ele te... - Emma perdeu a voz - Eu jamais faria o que ele fez.

- Eu sinto muito interromper - Ruby entrou na tenda - Mas eles estão lhe chamando para sua primeira competição do dia - Ruby olhou a Duquesa Clara, ela ainda tinha esperança de que a mulher conseguisse fazer Emma mudar de ideia.

- Filha não faça isso - Clara estava com medo, Emma enfrentaria Michael, não só quando pisasse na arena, mas fora dela. Da última vez ela soube que Emma apenas ficou quieta, mas desta vez ela viu nos olhos da filha, todo o rancor e magoa que fora guardado por anos.

- Eu te amo, mama - beijou a testa da mãe e pegou seu elmo.

Regina estava sentada na arquibancada dos nobres ao lado de seu pai e sua irmã. Sua mãe estava estranhamente desaparecida, mas ela não se alarmou a isso, agradeceu mentalmente por não ter a mulher gritando em sua cabeça.

- Você parece nervosa, está torcendo para algum cavaleiro em especial? - Henry falou sorrindo.

- Não papa, apenas impressão sua - Regina tentou desviar do assunto, aquela não era hora e nem o lugar para falar sobre Emma., mas ela realmente estava tensa por conta de Emma.

- O emblema da família dela foi posto - Zelena sussurrou para a irmã.

- Eu só espero que ela fique bem - Regina sussurrou e suspirou no fim.

Emma vinha caminhando sem abaixar a cabeça, enquanto todos a olhavam surpresos. Homens e mulheres, alguns admirados, outros espantados e haviam também os que estavam horrorizados. Ela não se importava, não com eles e nem com suas opiniões, ela queria apenas que um homem a visse e esse homem era o Duque de Florença.

- Tem certeza disso? - Ruby falou trazendo o cavalo.

- Se não quiser ficar ao meu lado, eu entenderei - Emma deu um sorriso no fim da frase. O que ela estava fazendo era algo realmente perigoso, para todas elas - O mesmo serve para você Mary.

- Eu ficarei aqui - Mary sorriu e Emma lhe deu um rápido abraço.

- Eu também ficarei, parece até que não me conhece - Ruby deu um tapa na cabeça de Emma.

- Obrigada - falou sincera para as duas. - Vocês viram o David?

- Ele estava com o Duque em uma reunião importante - Mary falou.

- Eu não tive oportunidade de agradecer o que ele fez, colocando meu nome na lista.

- Eu estava curiosa sobre isso, também gostaria de saber como ele fez isso - Mary falou pensativa

- Eu roubei uma das listas, ele escreveu seu nome e depois devolvemos. - Ruby sorriu.

- Ruby e sua incrível arte do furto, você deveria ser uma gatuna. - Emma falou bagunçando seus cabelos

- Talvez depois de hoje eu vire mesmo - Ruby falou rindo.

- Pare de reclamar, depois de hoje entraremos para a história. - Emma montou no cavalo.

- Como o que? As mulheres que desafiaram um Duque e foram castigadas severamente? - Ruby falou rindo.

- Como as mulheres que não viveram seguindo as regras ditadas pelos homens e mostraram que mulheres não são inferiores aos homens em nenhum sentido - Emma piscou.

- E no fim elas morreram - Ruby rebateu.

- Como heroínas - Mary falou sorrindo.

Emma deu uma leve batida com as botas em seu cavalo que seguiu até a entrada da arena. As pessoas estavam animadas, mas quando viram Emma um silencio sepulcral. Todos a olhavam, ninguém sabia como reagir, as pessoas esperavam o Duque Swan, pelo emblema, mas quem estava ali era a Duquesa Emma.

👑 SᴡᴀɴQᴜᴇᴇɴ ✓ •M̶i̶s̶t̶a̶k̶e̶n̶ I̶d̶e̶n̶t̶i̶t̶y̶•Onde histórias criam vida. Descubra agora