Há dias que parecem longas noites.
E noites que parecem longos dias.
Só mais um dia. Ver-te chegar, pela janela que abriste no meu peito.
Só mais um dia de solidão, só hoje, amanha e todos os dias que me queiras.
Só mais uma hora, a ver-te sorrir, na minha imaginação.
"Tenho de o deixar partir" - Repito vezes e vezes sem conta na minha mente, na tentativa de me convencer.
Mas tu sabes que não o consigo fazer. A minha mente perde-se num desejo distante de sentir o conforto dos teus braços, o carinho das tuas palavras.
"Eu não posso continuar, eu não posso continuar a alimentar isto" - A minha voz grita na minha mente, enquanto me abraço aos meus joelhos. Como se me pudesse esconder dos problemas no meu pequeno mundo.
Somos duas peças de puzzles diferentes, pertencemos a lugares diferentes, com sonhos diferentes.
No entanto, é como dizes, não nos conseguimos separar um do outro
Pergunto-me no meio da imensidão, no silêncio das palavras gritadas,
como posso ter-te assim, tão completamente rendido por mim, como afirmas estar.
Sou uma porcelana partida, sem valor, mas fazes parecer-me prata cintilante.
Chega até a ser engraçado, como no meio de toda esta amargura continuas tão doce.
Não posso ao menos desabafar com ninguém o que sinto, e mesmo que pudesse que diria eu?
Nem eu própria sei o que sinto.
Mas cá estou eu, e talvez não me arrependa, porque no meio deste frio em que me deixei envolver, és o único que consegue acender uma pequena chama em mim.
Atenciosamente, aquela que deveria ser tua.
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Aquilo que era
SpiritualCartas de amores perdidos, sentimentos e angústias. Breves reflexões de historias alheias.