Algo Nele É Diferente

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×Visão de Ethan

Passaram alguns dias que eu estava na faculdade, mas ainda não tinham começado as aulas. Fora algumas vezes que fiquei com pessoas que conseguiram me seduzir pelo campus, eu consegui me esquivar da maioria dos contatos sociais – admito que fiquei com algumas pessoas, principalmente porque não sou de ferro e por mais que eu não goste de conversar, gosto de sexo – e confesso que ultimamente nada me causava tanto incômodo quanto as perguntas que recebia sem sequer ter dado papo a alguém, quer dizer...

– Oi. — respondo, ouvindo alguém me chamar por trás. Se fosse aquela garota do primeiro dia novamente eu provavelmente a xingaria.

Principalmente porque depois daquele dia ela passou a vir até mim com outra moça – uma relativamente mais aparentemente objetiva com suas vontades. No olhar dela eu conseguia sentir a vontade que ela tinha de me ter em suas mãos – e pra mim não tinha nada mais prazeroso que mostrar para alguém como ela, que ninguém consegue me controlar.

Fora que muitas vezes essa outra menina – Amanda, o nome dela – se aproximava de mim sozinha, como se quisesse ver se conseguia queimar largada contra sua amiga e pra mim isso era ultrajante. Definitivamente eu não gostava de compactuar para uma facada nas costas sem estar recebendo nada por isso.  

– O que foi dessa vez? — pergunto, tirando meu fone, me virando e encarando o garoto que acredito que seja Rodrigo.

Ele era preto de pele clara, cabelo preto e olhos mel um tanto quanto verdes em algumas partes. Rodrigo aparentemente era mais alto que eu e usava uns óculos que encaixavam perfeitamente com seu rosto de maxilar quadrado. Ele vestia calças jeans azuis e blusa larga branca. Quando falei daquela forma com ele, percebi seu olhar semicerrado, enquanto permanecia parado.

– A minha amiga quer te convidar pra festa dela que vai ter amanhã. — ele diz e eu reviro os olhos.

– Pelo visto as meninas que conhece gostam de serem maltratadas. Eu não quero amizade e nem aproximação de nenhum de vocês, e se falar isso pra elas eu te dou um doce de recompensa. — rebato e ele deixa a expressão ainda mais séria.

– Legal. No caso só elas gostam, porque eu tô vazando. — Rodrigo sai em seguida, me deixando ali, parado.

Confesso que gostei de ver que ele não era igual a todos que conhecia. Ele tinha personalidade e não permitia ser destratado. No fundo eu sentia falta de pessoas espontâneas assim, porque desde que estava rodeado pela minha família via o medo que alguns tinham de me olhar nos olhos. 

Acho que carregar a mochila de "parente mais imprevisível" fez com que ninguém quisesse me contrariar. Sentia que as pessoas tinham medo das minhas reações e isso me dava uma sensação de poder que me rendia muito prazer. 

Embora na minha mente ele ainda estivesse abaixo de mim na minha pirâmide imaginária, confesso que ele não estava no mesmo nível de pessoas que tentavam chamar minha atenção de alguma forma há anos. Agora, além de vê-lo como alguém que vou assassinar, também o vi como um ser que me gera curiosidade e em partes isso pode ser bom. 

Até porque para matá-lo preciso fazer com que pareça acidental e dessa forma, então, eu tenho que me aproximar dele de alguma forma e me tornar alguém de sua confiança. Logo, essa curiosidade pode ser benéfica para o meu trabalho, mas e se eu acabar desenvolvendo empatia por essa pessoa que me encarou de igual pra igual sem saber o risco que correu? Aí eu perderia todo o meu trabalho e sonhado dinheiro. Valia a pena o risco? 

O que importa nesse momento é que aquele dia eu aproveitei para pegar minha moto e dar uma volta pela cidade. Eu já tinha realizado trabalhos em Massachussets, mas nunca tinha realmente tirado um dia para conhecer a cidade. E sim, eu comprei uma moto nova. Eu adoro carenadas e é claro que eu não ia ficar sem uma, principalmente por um período indeterminado de tempo, já que não tinha completa noção de quando finalmente o mataria – e também não tinha pressa alguma por causa do meu prazo e tranquilidade financeira. Eu não dependia desse dinheiro para absolutamente nada, então não tinha motivo para desespero.

Na Minha Própria Mira (Romance Gay)Where stories live. Discover now