Mudar De Ideia Faz Parte

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×Visão de Rodrigo

Já teve contato com alguém que você definitivamente não sabia como ler? No começo achei que aquele rapaz apenas não tinha educação, mas agora não sabia exatamente se era isso. Não sei se posso julgá-lo por ter uma reação ruim a pessoas invadindo seu espaço pessoal sem se importar se ele queria realmente fazer amizade. 

E tudo isso não só por ele ter me ajudado, mas por ele ter se disponibilizado a fazer com que a minha noite não fosse ainda mais miserável do que estava sendo. Talvez por eu sempre ter tido contato com pessoas previsíveis com pensamentos e atitudes rasas o tempo inteiro, não tenha aprendido a ler pessoas mais reservadas. 

Até porque na minha casa se Gustavo e eu tínhamos problemas a gente gritava um com o outro e depois tudo estava resolvido, já com ele não era assim. Ele afastava falando coisas sérias de forma amena, como se nada além de expressar o que queria tivesse realmente importância. Por mais que pras meninas ele pareça grosseiro por isso – e talvez realmente seja – pra mim ele era apenas alguém que não sabia muito bem como falar com outras pessoas sem parecer motivado a machucar e não sei se ele tem inteiramente culpa por isso, afinal não conheço sua criação. 

Pra muitas pessoas a personalidade, no entanto, sobressai a criação. Na minha forma de pensar, no entanto, afirmar algo assim é resumir de forma fácil e resumida seres complexos e falhos. Cada pessoa reage de uma forma aos estímulos que recebe da sociedade e da família, então... como eu poderia julgá-lo sem entendê-lo? 

– Ai ele te salvou? —Júnio pergunta e eu confirmo com a cabeça, sendo arrancado dos meus pensamentos. Estava contando pra eles sobre a estranha noite anterior.

– Que fofura! — Amanda diz.

– Não achei na hora, fiquei meio assustado. Ele parecia saber exatamente o que estava fazendo e o que precisava fazer. – rebato. Tinha passado boa parte da madrugada refletindo sobre aquele acontecimento e ainda não tinha chegado a conclusão nenhuma.

Me controlava, no entanto, para não imaginar e lembrar da sensação que foi me agarrar ao seu corpo com força para tentar esquentá-lo, enquanto ele me trazia de volta e mais do que isso... me controlava para não imaginar com detalhes as partes que toquei. Aquela pele macia e arrepiada por causa do frio – ou por causa do meu toque – que com o passar dos minutos passou a se tornar convidativa para meus dedos. 

– E a Clare falou algo mais? — Júnio pergunta.

– Não, ela ainda ficou brava dizendo que eu larguei ela lá, sendo que sequer pude entrar e quase apanhei quanto tentei argumentar com os caras que estavam fazendo a segurança. — respondo.

– Cara, é muito sem noção. — Júnio diz.

– O importante é que meu namorado é muito lindo. Vocês acham que eu devo investir? — Amanda pergunta, provavelmente se referindo ao garoto loiro.

– Eu prefiro nem comentar... se a Betty souber disso vai ficar chateada e eu vou fingir que nunca ouvi você dizer nada sobre esse rapaz pra me abster desse problemão que vai rolar. — Júnio se ausenta de qualquer palavra.

– E você, Rodrigo, o que acha? — Amanda me pergunta e eu reviro os olhos.

– Que você, assim como ela, deveria deixar de ser trouxa. 

– Credo, Rodrigo. — Amanda diz e eu reviro os olhos novamente.

– Eu pareço ser o único com uma linha de raciocínio lógico aqui. Ele demonstrou que não tem interesse em nenhuma de vocês duas e a julgar pela forma tranquila como me tratou ontem, acho que com vocês é mesmo pessoal. — falo.

Na Minha Própria Mira (Romance Gay)Where stories live. Discover now