Sinto Que Ele Está Afundando, Mas Não Posso Fazer Nada

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×Visão de Bruce 

Ethan era compacto, direto e ranzinza. A forma como ele via o mundo me deixava chocado, muitas vezes por ser totalmente diferente de mim. Eu entendia seu lado, mas não quer dizer que concordava de olhos fechados com tudo que ele dizia ou fazia – até porque muitas vezes eu precisava segurar seu braço e pedir sinceramente que ele reconsiderasse sua apatia por alguma questão. 

Sei que provavelmente o jeito que interpreto suas ações não condiz com a realidade, até porque ele faz o mesmo comigo. Na visão dele, sou um cara feliz pra caramba, que olha para todos com muita esperança e sem qualquer dor no coração relacionada ao passado. É como se eu fosse quase um santo, mas a verdade é que eu sou assim, para não tirar minha própria vida.

Minha vida estava feita quando tive que ir morar com Ethan pelo o que aconteceu com meus pais e lá tive contato com o lado prático da nossa família de assassinos – coisa que não acontecia na minha casa, porque minha mãe mantinha o lado "sujo" do trabalho longe de mim. Vi ele ser humilhado e destratado diversas vezes e em contrapartida todos passavam a mão na minha cabeça o tempo inteiro, dizendo o quanto eu era brilhante. 

Era como se por ele exercer o lado braçal do trabalho não merecesse respeito e é por isso que quando ele deu as costas para todos eu o apoiei. Na época nossa família questionou bastante o motivo da minha decisão, afinal todos sempre me trataram como um príncipe, mas a questão é que ele não é um monstro para ser tratado como um. Agora eu tentava me manter o mais próximo possível dele, porque sabia que se o deixasse ir, nunca mais o veria – é por isso que auxilio de longe em seus trabalhos. Principalmente por amor.

– Ele vive sempre em contraste com as cores? — Amanda me pergunta, enquanto observa Ethan sentado na cadeira, mexendo no celular.

– Fala do preto? — pergunto.

– É... — confirma, olhando ele novamente. — Chega a ser fácil identificar ele aqui, porque se tem um ponto preto no meio de centenas de pontos coloridos, é o Ethan. 

– Sim. Ele sempre se veste assim, desde a morte da minha tia. Acho que em partes é pra simbolizar o luto por ela e por ele também, já que desde o acontecimento ele nunca mais enxergou a vida da mesma forma.

– E como pessoa, o Ethan sempre foi assim? Frio? 

– Sempre. Desde que eu me lembro por gente ele sempre foi assim. No início ele só era mais fechado que os outros da escola, mas agora ele é mais fechado, parece estar desligado da vida o tempo inteiro, quer dizer... ultimamente ele parece estar querendo mudar um pouco, mas não sei até quando ele vai aguentar isso. O Ethan que convivi a vida inteira não tem energia pra dar um passo fora do que precisa dar por obrigação para se manter vivo. — explico e ela parece interessada, o que me deixa curioso, mas decido não questionar. 

A primeiro momento me questionei se ela sabia que o meu primo estava relativamente próximo ao tal rapaz que Amanda conhecia. Por não conhecer o terreno exato, comecei a considerar muitas coisas antes de fazer qualquer questionamento, entre essas coisas a possibilidade de ela estar mentindo pra mim de alguma forma ou tentando me manipular. 

Mesmo que eu não seja como Ethan e não veja maldade em todo o mundo, ele nunca tinha me empurrado pra uma moça tão bonita antes, então por qual motivo tinha feito isso agora? Ainda mais uma moça próxima de um cara que ele tem diretamente que matar? Se ele quisesse uma forma de se aproximar de Rodrigo, era só dar corda pra ela – a julgar que ela está bem interessada nele – e quando tivesse a oportunidade perfeita, era só efetivar o ato. Seria até mesmo fácil de despistar a polícia, caso ela fosse envolvida no caso, se passando apenas por um conhecido do rapaz acima de qualquer suspeita. 

Na Minha Própria Mira (Romance Gay)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon