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-...eu disse que isso de casamento não era pra você.
-Eu não te perguntei.

Yoongi serviu dois copos de whisky e entregou um a Sami.

-Aquilo ali foi um fracasso. -Sami bebericou seu whisky. -Ela é mais esperta que você, Yoongi.

Yoongi rolou os olhos e se jogou em sua cadeira.

-Isso não importa agora. -Ele bufou. -Ela não pegou a isca.

Sami soltou uma risada arrastada e divertida.

-Min Yoongi está se apaixonando?
-Como se isso fosse possível. -Ele disse.
-Então explique toda essa sua ceninha de fazer ciúmes na Aurora.
-Você acha mesmo que foi pra isso que te chamei aqui? -Ele tentou se esquivar.
-Eu não acho, tenho certeza.
-E mais uma vez, você está errada.
-Yoongi, minha memória é muito boa e eu me lembro, com clareza, daquela vez em que ficamos bêbados no seu aniversário de 20 anos. -Ela riu sozinha. -Você não parava de falar dessa tal Aurora e, olha só, agora ela é sua esposa.

Não, aquela não era uma coisa da qual ele queria se lembrar. Fora uma recaída das feias e ele não se orgulhava dela.

-E você sabe, Min, o que se é dito bêbado é pensado sóbrio.
-Por que você ainda está aqui, huh?

Sami bebeu o último gole e se levantou. Pegou o cheque sobre a mesa e o guardou no sutiã.

-Me ligue se precisar de alguma coisa, qualquer coisa.

Ela saiu batendo os saltos no chão e rebolando mais que o necessário.

Yoongi voltou a olhar o jardim do lado de fora. Sua cabeça estava bagunçada de novo e não havia whisky o suficiente no mundo que afastasse aquele mar de pensamentos.

Não conseguia nem considerar a mínima possibilidade de estar cedendo. Não! Ele tinha jurado pra si mesmo, pra Deus e pro mundo. Mulher nenhuma ia fazer com ele o que sua mãe fez. Não seria abandonado de novo, não ia dar a ninguém o espaço pra machucá-lo novamente.

Seu plano vinha dando certo há anos. Seus namoros nunca duravam mais que um mês e nunca, nem uma vez sequer, havia amado alguma mulher. Não se permitia tratar aquela velha dor, deixá-la escondida era mais fácil.

Por isso mesmo brigou tanto com Yasar antes do casamento. Ele não assumiu, mas temia que, com a reaproximação de Aurora, ia acabar se apaixonando.

Duas batidas na porta o fizeram voltar do transe.

Aurora abriu um pouco a porta e colocou a cabeleireira preta pra dentro.

Yoongi xingou até os deuses. De todas as pessoas, por que ela tinha que aparecer agora?

-O que você quer?
-Alyia preparou um chá da tarde, pensei que talvez você fosse querer.

Ele assentiu e fechou os olhos, jogou a cabeça pra trás e bufou.

-Ta tudo bem, Min? Sua amiguinha não fez um bom trabalho? -Ela perguntou rindo.
-Minha vida sexual não é da sua conta.

Ela riu e balançou a cabeça.

-O senhor está certo. -Mordeu o lábio, contendo outra risada. -Vai tomar o chá ou não?
-Não. Quero ficar sozinho.
-Seu pedido é uma ordem.

Lauren havia ido embora logo depois do chá e Aurora se viu sozinha outra vez. Passou a vida inteira sendo mimada e cercada de pessoas que só estar em sua companhia, pelos mais diversos interesses. Solidão não era uma coisa com a qual ela sabia lidar.

Enquanto esperava pra sua aventura noturna, procurou por Alyia dentro da casa. Acabou encontrando a moça na área de serviço, terminando de pegar os vestidos de seda.

-Achei que não fazia esse serviço pesado. -Aurora se sentou numa das máquinas de lavar.
-Eu trabalho pra você. -Alyia sorriu. -E seus vestidos são obrigação minha.
-Qual deles acha mais bonito?
Alyia olhou os panos leves em suas mãos, o tecido fino passando por entre os dedos.
-Esse. -Ela pegou o vermelho e o dobrou, colocando ele dentro da cesta azul. -Deve ficar linda nele, senhora Carter.

Um grande sorriso brotou no rosto de Aurora. Alyia estava do seu lado, desde o início.

-Tenho certeza de que ficaria bem melhor em você. -Aurora pulou da máquina e pegou o vestido, colocou-o contra o corpo de Alyia e riu. -Tá vendo? Pode ficar com ele, se quiser. Só usei uma vez. Eu não suporto esses vestidos.

Alyia não sabia se sorria ou mantinha a pose profissional. Ainda não sabia lidar com a patroa que insistia em ser amiga. Aquilo nunca tinha acontecido com ela nesses cinco anos de trabalho, era, no mínimo, estranho.

-A senhora tem certeza?
-A senhora não, mas eu sim. -A mais velha riu da expressão de Alyia, ficava tão corada quando olhava nos olhos de Aurora, seu respeito chegava a ser fofo. -E eu quero que use de verdade, nada de guardar.
-Sim, sen... Sim, Aurora.
-Ótimo. -Ela riu animada. -Eu já estou indo. Te vejo amanhã.
-Posso perguntar onde você vai?
-Vou visitar meu irmão.

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