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Aurora colocou sua mala no banco traseiro e fechou a porta. Entrou no carro e respirou fundo.

Ela não estava certa de seus atos, nem de como Yoongi ia se comportar, mas já estava ali e não ia perder a oportunidade de ir pra um chalé nas montanhas.

-Pronta? -Yoongi entrou no carro e deu partida.
-Uhum.

A viagem era longa, muitas curvas, muitos buracos que iam deixando Aurora enjoada e cansada.

Depois de três horas emburrada e xingando tudo, Aurora finalmente se viu fora daquele carro.

Yoongi desceu do carro e pegou as malas. Sorriu satisfeito ao ver a velha casa. Muitas lembranças viviam ali dentro e uma onda de nostalgia acertou ele em cheio.

-Tá tudo bem? -Aurora olhou pra ele que ainda estava parado.
-É que... -Ele suspirou. -Nada, vamos entrar.

Ela assentiu e o seguiu pra dentro do chalé. A casa era grande e rústica. As paredes eram revestidas de madeira e havia uma lareira enorme na sala.

Yoongi deixou as malas no tapete felpudo da sala e se jogou no sofá. Viu Aurora observando tudo com seu olhar minucioso e riu.

-Não gostou?
-Não. É tudo lindo aqui. -Ela mostrou um meio sorriso. -Onde ficam os quartos?

Yoongi riu.

-Só tem um quarto.

Aurora abriu a boca num "O" perfeito e sentiu a pressão abaixar.

-É brincadeira. Eles ficam no fim do corredor.

-Filho da mãe! -Ela saiu bufando, enquanto Yoongi ria do quão fácil era deixá-la irritada.

Minutos depois a menina voltou e já estava em casa. Com uma calça larga de moletom e um blusão rosa. Se deitou no sofá menor e encarou Yoongi. Ele ainda estava na mesma posição, a encarando de volta.

-E aí, Min?
-Min não.
-Min. -Ela riu. -O que a gente vai fazer?
-A gente? -Yoongi ergueu a sobrancelha. -Não tem "a gente". Eu vou trabalhar e você fique a vontade pra curtir sua semana de folga.

Ela desviou o olhar pro teto e bufou. Por algum motivo ela achou que essa viagem seria diferente. Alguma coisa dentro dela queria que as coisas com Yoongi mudassem, que se tornassemais fáceis. Mas não, claro que não.

Yoongi era um embuste e ia continuar sendo um.

-Todo o espaço até aquela cerca que você viu lá atrás é propriedade do meu pai. Fica a vontade pra usar tudo e fazer o que quiser.
-Obrigada. -Ela disse a contragosto.
-A dispensa tá cheia, coma o que quiser também. -Ele finalmente se levantou. -É isso. Eu vou estar ocupado, nãe atrapalhe, okay?

Ele virou as costas e ela mostrou o dedo.

-Filho da puta. -Disse mais pra si mesma do que pra ele. -Sua idiota. Por que concordou com essa merda?

Ligou a televisão imensa que pendia na parede e começou a ver aqueles reality shows fúteis.

Enquanto assistia ela ia revendo seus últimos dias e tudo que aconteceu. Foram muitas brigas e momentos de tensão desnecessária. Uma loucura.

Abraçou as pernas sobre o sofá e sentiu de novo aquele nó na garganta. Era um misto de saudade de casa, de irritação, de cansaço emocional e todo o acúmulo de frustração.

Não foram nem três meses casada e aquilo já era pior que o inferno.

Se levantou e foi pra cozinha, comer com certeza seria a melhor opção. Conectou o celular as caixas de som espelhadas pela casa e deixou a playlist de rap tocar. Era seu refúgio sonoro nos tempos de ranço.

-Que merda é essa? -Um Yoongi com cara de sono apareceu na cozinha.
-Não é merda. É arte.
-Não é arte quando eu tô tentando dormir.
-Quem dorme às três da tarde?
-Eu! -Ele disse ríspido. -Desliga isso!
-Não. -Ela pegou o prato com seu sanduíche e voltou pra sala.
-Aurora, desliga isso!
-Você não tava ocupado? -Ela mantinha a pose serena. Se sentou no sofá e começou a comer como se nada estivesse acontecendo.

Yoongi viu o celular na mesinha de centro e pegou mesmo.

-Larga isso. -Aurora ficou brava de repente. -Me devolve, Min!
-Só se for pra desligar essa merda!
-Por que você tem que ser tão idiota? É só a porra de uma música.
-Mas tá me atrapalhando e eu fui bem claro quando te pedi pra não atrapalhar.
-Me da esse celular! -Ela ameaçou pular no braço do mais velho. -Min Yoongi!
-Desliga isso!
-Não.

Yoongi tentou desligar ele mesmo, mas o celular estava bloqueado por senha.

-Qual a senha?
-O que te faz pensar que eu vou te passar a senha? -Ela riu debochada e tentou pegar o aparelho. Jogou o corpo na direção de Yoongi, ele se assustou e acabou deixando o I-Phone cair no chão.

Um silêncio sepulcral seguiu o barulho de vidro se quebrando.

-Não. -Aurora olhava boquiaberta pra Yoongi e pro celular no chão. -Não.
-Desculpa! -Yoongi disse apressado. -Eu não queria, eu juro que eu não queria.

Aurora pegou o celular que estava a alguns passos de distância e viu a tela completamente rachada.

-Isso não tá acontecendo de verdade. Não pode ser... Não.
-É só um celular.

A menina se levantou ao ouvir a voz do mais velho e o encarou. Naquele momento Yoongi teve certeza de que ela seria capaz de matá-lo.

-Só um celular? -Ela sentia as mãos esquentando de nervoso. -Só um celular, Min? Não. Essa era só a droga do meu entretenimento durante essa viagem de merda.
-Viagem de merda? -Ele riu. Ainda mantinha a pose arrogante e irônica. -Ninguém te obrigou a vir.

Uma onda de raiva misturada com arrependimento atingiram Aurora e quando ela percebeu já estava vulnerável e pequena diante dele.

-Yoongi, -ela respirou fundo. -ninguém me obrigou mesmo. Eu vim porque quis... Porque eu esperava que as coisas mudassem pra gente, porque eu queria que você me visse de outro jeito, não como uma menina mimada... -Ela respirou fundo e segurou a vontade de chorar. -Mas eu tava errada. Eu sempre crio espectativas e me ferro. Desde pequena, foi assim com meu pai, com meu ex namorado e agora com meu marido de mentira.

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