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Yoongi pôs a mesa. Talheres, taças, pratos, um por um, foi os colocando na mesa.

Já sentada, Aurora assistia a tudo em silêncio. O único som, além do tilintar das peças, era uma bossa nova que tocava.

-Eu já volto. -Yoongi disse antes de sumir pela porta da cozinha. Voltou minutos depois com uma tigela com macarrão e feijão preto. Os olhos da menina chegaram a brilhar. Era seu prato coreano quase favorito.

A fumaça ia subindo no ar e Yoongi servia seu prato.

-Depois me diz o que achou. -Pediu.

A menina fez que sim e serviu o seu prato com uma porção pra lá de generosa.

Pegou um punhado e colocou na boca. Arregalou os olhos em espanto, o macarrão tava mesmo muito bom. Yoongi riu vendo a expressão surpresa da menina.

-Tá bom?
-Tá bom.

-Não sabia que cozinhava.
-Você não sabe muita coisa. -Ele disse calmo.
-Sei o que preciso saber. -Ela desafiou.
-Será?

Deu de ombros. Não tinha resposta.

-Você não quer me contar? -Perguntou depois de minutos de silêncio.
-Você quer saber?
-Uhum. Vai em frente, Min.

Ele riu a menção daquele nome. Dito daquele jeito era tão instigante.

-O que quer saber? -Ele jogou.
-Onde está a sua mãe e porque ela não foi ao casamento?

Yoongi olhou as próprias mãos e riu sem humor.

-Não falo com ela há anos.

Aurora assentiu em silêncio. Ela percebeu como aquela pergunta o deixou sem jeito.

-Okay. -Disse pensando na próxima pergunta. -Por que tá de moletom hoje?
-Tirei o dia de folga.
-E o que você fez?
-Eu joguei.
-Não tem cara de quem joga. -Ela riu.
-Eu disse que não sabia nada sobre mim.
-Tá. -Aurora abriu um sorriso brincalhão. -Por que trouxe Sami aqui? Pra me fazer ciúmes?
-Como?
-Você me ouviu.

Ele intensificou o olhar sobre ela, não podia se mostrar fraco agora.

-Não, Aurora. -Mentiu. -Não tenho porque fazer algo desse tipo.

Aurora concordou com a cabeça e bebeu um pouco de seu vinho.

-Sua vez. -Ela disse.
-Já sei o que preciso.
-Qual é, Min? Pode perguntar, qualquer coisa.

Ele então se lembrou da foto que viu no quarto dela.

-Por que ainda guarda aquela foto do segundo ano?

Aurora levantou o olhar do prato até Yoongi.

-Entrou no meu quarto?
-É minha vez de fazer as perguntas.
-Filho da mãe.
-Ainda nãe respondeu.
-Guardo porque eu quero, porque gosto dela. Foi um tempo bom.

Yoongi procurava algum sinal de ironia nas palavras dela, mas elas pareciam sinceras.

-Se, naquela época, você soubesse que isso ia acontecer...
-Eu me apaixonaria por você, pelo menos tentaria. Isso de casar sem amar é horrível.

Yoongi teve que segurar a cara de surpreso. O Yoongi de 16 anos estava tendo um ataque dentro dele.

-É uma pena, não é? -Ela disse.
-O quê? -Por algum motivo, ele não queria que aquela conversa acabasse.
-Nossa vida, Min. -Ela bufou. -Isso tudo é uma merda. A gente tá preso um ao outro.
-Podia ser pior.
-Mas já tá ruim o bastante.
-O que você quer fazer pra mudar isso?
-Eu não sei. -Ela suspirou derrotada.
-Eu tenho uma sugestão.

A menina olhou curiosa pra ele.

-Nós éramos bem mais próximos na escola. Por que não tentamos isso de novo?
-Até parece.
-Você não quer nem tentar?
-Eu não sei, Min.

Ele terminou seu vinho, já estava inquieto em sua cadeira.

-Do que tem medo? -Perguntou quebrando o denso silêncio. -A gente não tem nada a perder, tamo nessa juntos.

Aurora ouviu tudo com atenção e respirou fundo. Odiava não ter razão, ainda mais quando quem tem a razão é Min Yoongi.

-Como pretende fazer isso?

Yoongi não conteve um pequeno sorriso.

-Vamos começar com calma. Um passo de cada vez.

Aurora riu da frase clichê dele, mas assentiu.

-O que vai fazer amanhã? -Yoongi quis saber.
-Não é da sua conta e eu não sei ainda.
-Ótimo. Vamos sair de manhã, esteja pronta às 8:00.
-Oi?!
-Você me ouviu. -E dizendo isso ele se levantou e saiu.

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