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-Caralho!

Yoongi se encostou em sua mesa de vidro, enquanto Aurora olhava a vista privilegiada da cidade de Seul.

A grande parede de vidro ia de uma ponta a outra. Era grande o suficiente pra dar medo.

-Como consegue trabalhar aqui? Eu ia morrer de medo.
-Você tem medo de muita coisa, huh?
-Não.

Ele riu, mas manteve a pose séria. Os braços cruzados e um olhar concentrado na menina.

Aurora ia de um lado pro outro, observando tudo que seus olhos podiam captar. Aquele escritório era quase um loft de tão grande. Parecia absurdamente solitário trabalhar ali.

-Seus funcionários vem aqui em cima?
-Só quando preciso deles.
-Cara, isso é solitário demais pra mim.
-Falou a princesinha que passa o dia no quarto. -Ele debochou.
-E quem te contou essa mentira? Passo o dia no jardim com James, as vezes com as meninas na cozinha ou pela cidade. -Ela disse e pegou um dos livros na estante. -É você quem vive sozinho.

Algo dentro dele queria corrigí-la, dizer que estava errada, mas ele sabia que era verdade. Não tinha como negar.

Era assim dentro da casa de seu pai. Sun-Hee vivia em seu quarto, ocupada demais com seus namorados ou sua amigas. Yura até tentava se aproximar do irmão, mas Yasar logo o tirou de casa pra estudar fora do país. E Yoongi foi trabalhar. Aos 18 anos. E não parou mais.

-Tá aí ainda, Min?

Ele se assustou ao ver a menina bem mais perto. Ela riu da cara de bobo dele e se balançou feito uma criancinha.

-A gente já pode voltar lá pra baixo?
-Claro. -Ele consentiu. -Vou te levar pra casa.
-Ah, não se preocupe comigo. Eu queria ir ao shopping, preciso de roupas novas.
-Te deixo lá então.

Aurora rolou os olhos, odiava essa gentileza excessiva.

-Já disse pra não se preocupar. Eu pego um Uber.
-Por que você tem que ser tão chata?
-Tá no meu DNA.

Os dois saíram da sala de Yoongi e pegaram o elevador. Dessa vez Aurora estava mais calma, mas contou os segundos até que as portas se abrissem na garagem.

Yoongi enfiou a mão dentro do paletó e tirou um cartão dourado de lá.

-Ele é ilimitado, mas não faça muita besteira.
-O que é isso?
-Meu cartão? -Ele disse como se fosse óbvio.
-Min, eu não preciso nem quero o seu dinheiro.

Yoongi respirou fundo e a segurou com uma certa firmeza.

-Pegue esse cartão e faça suas compras. Chame a Sun, a Lauren, até o diabo se quiser.

Aurora se encolheu um pouco, mas se obrigou a manter sua pose firme.

Yoongi afroxou o aperto no braço dela, mas não tirou a mão dali. Um formigamento gostoso percorria sua mão, como se uma rede elétrica saísse da pele escura dela e passasse pra ele através daquele contato.

Ele então olhou a boca entreaberta da menina e, só por um milésimo de segundo, desejou beijá-la, mas afastou  esse pensamento e a soltou.

Aurora ainda estava atenta a cada movimento dele. Ela havia percebido o olhar de Yoongi, mas ignorar era a melhor opção.

-Te vejo mais tarde. -Ela disse e saiu sem olhar para trás.

Aurora não queria ir pra casa e havia desistido do shopping. Yoongi definitivamente conseguia estragar seu humor.

Ela então passou a tarde pela cidade, entre uma compra e outra. Comprou guadros, canecas, presentes pra Lauren e Scott, umas seis camisas de botão num brechó que encontrou e mais outros mimos.

Voltou exausta pra casa, mas a tempo de encontrar Lea dando os últimos toques na decoração da festa de Yoongi.

-Querida, -ela viu Aurora. -faça um favor pra todos nós e vá se trocar.
-Sim, senhora. -A menina nem tinha mais força pra discutir. Subiu as escadas em direção a seu quarto e se trancou lá.

the empireWhere stories live. Discover now