De acordo com meus cálculos já havia duas semanas que estávamos ali e nessas duas semanas eles nos alimentavam duas vezes por dia, de manhã bem cedo e ao entardecer, sempre macarrão instantáneo e só duas vezes que estava cozido.
- Luma - Amanda cochichou.
- Sim.
- Eles saíram.
- E...?
- E a oportunidade perfeita para fugirmos.
- E mui...-ela me interrompeu.
- Não fico aqui nem por mais um minuto - pelo barulho estava se levantando.
- E por onde vai sair?
- Pela janela.
- Um porão com janela?!
- Ela é minúscula, mas já perdi tanto peso nessas duas semanas que consigo passar por ela. Depois eu volto pra te buscar.
- Amanda - a chamei bem baixo.
- Shh.
Cerca de meia hora depois eu parei de ouvir o barulho que ela fazia enquanto tentava sair e seus resmungos. Mas já tinha se passado mais meia hora e ela não voltou.
Será que eles aparecem e ela fugiu? Será que eles tinham pegado ela? O que eu ia fazer sem ela? Estava divagando quando ouvi um estrondo.
- Luma vem, corre - ela chamou.
- Caso se esqueceu, eu não enxergo.
- Me desculpe - senti a mão dela no meu braço - vem eu te ajudo.
- A bolsa - ela pegou a bolsa do meu bebê e colocou no meu ombro.
- É melhor eu levar o bebê - concordei com ela e senti quando ela destravou o canguru - vem, as crianças estão lá em cima.
- MEUS FILHOS - gritei surpresa.
- Não grita.
- Desculpe - falei mais baixo - meus filhos?!
- Sim, os próprios! Agora vamos pegá-los e dá o fora daqui.
Subimos um pequeno lance de escadas, depois a Amanda me colocou sentada no que parecia ser um sofá, minutos depois ela voltou e assim que ela chegou perto de mim uma das crianças começou a chorar o que fez as outras chorarem também.
- Essa é a Maitte - a Amanda falou quando senti algo segurar minhas pernas.
- Mamãe - a menininha falou entre o choro.
- Não chora - sussurrei e passei a mão no que percebi ser a cabeça dela.
- Vamos logo, eles podem chegar a qualquer momento - Amanda falou.
...
Já tinha se passado no mínimo cinco horas desde que conseguimos escapar, mas não tínhamos avançado muito na fuga, primeiro porque eu não enxergava e a Amanda tinha que me guiar e segundo porque estávamos com três crianças.
- Já está escurecendo e aqui parece perigoso, mas eu prefiro não pararmos pra não correr o risco deles pegarem a gente e...
- Elas devem estar por aqui - ouvimos um homem gritar ao longe.
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A Esperança ✔
RomanceAs vezes quando estamos no fundo do poço o universo nos mostra que podemos afundar mais ainda. Luma é uma garota de 17 anos, prestes a fazer 18. Sua mãe foi sequestrada quando ela tinha 11 anos, e é quase sete anos depois ainda não foi encont...