Capítulo 122

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      De acordo com meus cálculos já havia duas semanas que estávamos ali e nessas duas semanas eles nos alimentavam duas vezes por dia, de manhã bem cedo e ao entardecer, sempre macarrão instantáneo e só duas vezes que estava cozido.

      - Luma - Amanda cochichou.

      - Sim.

      - Eles saíram.

      - E...?

      - E a oportunidade perfeita para fugirmos.

      - E mui...-ela me interrompeu.

      - Não fico aqui nem por mais um minuto - pelo barulho estava se levantando.

      - E por onde vai sair?

      - Pela janela.

      - Um porão com janela?!

      - Ela é minúscula, mas já perdi tanto peso nessas duas semanas que consigo passar por ela. Depois eu volto pra te buscar.

      - Amanda - a chamei bem baixo.

      - Shh.

      Cerca de meia hora depois eu parei de ouvir o barulho que ela fazia enquanto tentava sair e seus resmungos. Mas já tinha se passado mais meia hora e ela não voltou.

      Será que eles aparecem e ela fugiu? Será que eles tinham pegado ela? O que eu ia fazer sem ela? Estava divagando quando ouvi um estrondo.

      - Luma vem, corre - ela chamou.

      - Caso se esqueceu, eu não enxergo.

      - Me desculpe - senti a mão dela no meu braço - vem eu te ajudo.

      - A bolsa - ela pegou a bolsa do meu bebê e colocou no meu ombro.

      - É melhor eu levar o bebê - concordei com ela e senti quando ela destravou o canguru - vem, as crianças estão lá em cima.

      - MEUS FILHOS - gritei surpresa.

      - Não grita.

      - Desculpe - falei mais baixo - meus filhos?!

      - Sim, os próprios! Agora vamos pegá-los e dá o fora daqui.

      Subimos um pequeno lance de escadas, depois a Amanda me colocou sentada no que parecia ser um sofá, minutos depois ela voltou e assim que ela chegou perto de mim uma das crianças começou a chorar o que fez as outras chorarem também.

      - Essa é a Maitte - a Amanda falou quando senti algo segurar minhas pernas.

      - Mamãe - a menininha falou entre o choro.

      - Não chora - sussurrei e passei a mão no que percebi ser a cabeça dela.

      - Vamos logo, eles podem chegar a qualquer momento - Amanda falou.

...

      Já tinha se passado no mínimo cinco horas desde que conseguimos escapar, mas não tínhamos avançado muito na fuga, primeiro porque eu não enxergava e a Amanda tinha que me guiar e segundo porque estávamos com três crianças.

      - Já está escurecendo e aqui parece perigoso, mas eu prefiro não pararmos pra não correr o risco deles pegarem a gente e...

      - Elas devem estar por aqui - ouvimos um homem gritar ao longe.

A Esperança ✔Where stories live. Discover now