Capítulo 3 - O Plano

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Won't you...?


Sentia uma solidão que me rasgava o peito. Foram incontáveis as vezes que pensei em pegar o telefone e desmentir tudo. Me assombrava a idéia de que Natalie estava disposta e suprir meu lugar rapidamente... e era nessas horas que me voltava a razão e fazia de tudo para me libertar do meu monstruoso ego.

Era noite de uma quarta-feira e eu estava online no email quando recebi uma mensagem no ICQ. Era Ike dizendo que precisva conversar comigo e que era urgente. Assim que confirmei que estava sozinha, o telefone tocou:

- Pequena?! Tudo bem? Como está?

- Bem Ike, tudo ok. E vc? O que houve?

- Precisamos de você!

- Como assim?

- A música, o novo álbum... está nos consumindo! Precisamos de uma opinião sincera, de alguém que nos conheça e não tenha medo de dizer o que falta. Ana, por favor, temos um plano pra vc vir pra cá esse fds!

- Peey, eu... não sei o que dizer mas... Ok. Que plano?

-Dora vai ficar hipoteticamente doente. Vai quebrar uma costela no hotel e vai precisar que vc venha pra cá no Natal até que ela tenha alta. Ela mesma teve a idéia pq conseguiu uma semana de férias... E aí? Topa? Eu não pediria pra correr esse risco se não fosse extremamente importante...

- Ah meu Deus... mas quem vai convencer meus pais?

- O Doutor. Vão ligar de um suposto hospital notificando a família e depois do Hotel. Ela ligará e seguida para pedir que vá acompanha-la no período de festas. O que acha?

- Que Doutor, Ike? Vcs estão malucos?

- Não, não estamos Ana... a idéia foi de Dora e ela queria te enganar tbm mas achei que poderia ficar muito brava conosco.

- Ah, que maravilha! Agora até minha madrinha age pelas minhas costas!- Falei isso num tom que eu e ele desabamos a rir

- Tenho que desligar. Obrigado Ana! Te amamos...

E desligou o telefone. A adrenalina corria pelo meu corpo novamente... Eram milhões de questionamentos em minha cabeça...

Passados dois dias recebemos o telefonema do 'hospital'. Tentava traduzir mas meu pai desconfiado pediu para falar ao telefone mesmo sem entender a língua:

- E aí pai? O que aconteceu? Era do hospital, eu ouvi!

- Eles colocaram alguém falando um português meio espanhol... Dora sofreu um acidente no hotel e fraturou um osso, acho que da costela, não entendi direito.

Eu me sentia péssima por ver a tristeza e preocupação nos olhos dele, mas ao mesmo tempo me sentia esperançosa, pois a história tinha sido muito convincente até aquele momento.

Dia seguinte entraram em contato do Staybridge formalizando o acidente de trabalho e informando que Isadora ficaria afastada, porém, sem condições de viajar de avião. Quase a mataram... o plano era tão bem executado que me peguei fragilizada em alguns momentos...

Quando Dora finalmente ligou fez voz rouca e de dor. Eu queria rir, mas me concentrei e fiz o meu melhor papel de atriz. Papai nem pestanejou em me deixar ir, com a condição que não recebêssemos visitas 'daquela família'.

-x-

Solo americano. Meu coração apertado e cheio de dúvidas. Nunca me senti tão agoniada ao pousar. No carro que me esperava, Ike e Tay me abraçaram,emocionados:

Viagem à Oklahoma III - We'll be friends, now and forever!Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt