6. Bisturi prateado

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Mirando o bisturi prateado, ele via o reflexo do que não queria ver, olhos cinzentos que o encaravam de volta enquanto brincava com o objeto cortante nas mãos.

Low virou a cabeça na direção da porta ao ouvir a corrida frenética de Sara pelo corredor. Segundo o som, ela se aproximava da sala de Daniel, significando que convencera Elliot a sair dos dutos. Soltou um suspiro aliviado e olhou para cima, apoiando a cabeça no topo do encosto da cadeira; daria tempo, daria tudo certo.

Quando Sara entrou derrapando no laboratório de Daniel, encontrou Elliot esperando-a cabisbaixo e trêmulo; a vergonha ainda o impedia de erguer os olhos

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Quando Sara entrou derrapando no laboratório de Daniel, encontrou Elliot esperando-a cabisbaixo e trêmulo; a vergonha ainda o impedia de erguer os olhos. Como poderia acreditar que o amigo se descontrolou e causou tanto estrago em tão pouco tempo? Ele não passava de uma criança frágil.

Elliot percebeu a presença dela. Todo o mal estar físico e mental retornou em maior grau, chegando ao ponto de ele sentir uma bola de fogo queimando-o por dentro — era uma energia quente que, se não saísse, o destruiria. Contudo permitiu escapar o peso que o pressionava; lágrimas caíram em abundância enquanto as imagens do quarto sangrento passavam diante de seus olhos de novo.

— Desculpa... Desculpa! — Ele soluçou alto, mal conseguindo falar com coerência. — Desculpa... Desc... — A voz foi morrendo até ser interrompida de vez por mais um soluço, depois continuou gaguejando a palavra como um mantra.

Sara correu para abraçá-lo, desejando poder fazer mais do que só aninhá-lo em seus braços.

— Shh... Shh... — Ela sussurrou enquanto o abraçava e acariciava a face. — Tá tudo bem, Elliot. — E assim como ele, não pôde segurar as lágrimas. — Vai ficar tudo bem, o Low vai dar um jeito nisso; não precisa ficar com medo.

O harmínion não reagiu à demonstração de carinho, somente silenciou e esfregou os olhos com a manga da camisa.

— Cê tá brava? — perguntou, envergonhado.

— Não! Nem pensar! — Sara o apertou mais forte. — Mas não podemos demorar ou vai ser tarde demais. Depois que tudo acabar, vou fazer uma bebida bem gostosa pra você.

Ela pegou a mão do harmínion e o puxou de forma gentil para fora da sala. Desejava ter mais tempo para consolá-lo, queria ficar com ele até que se acalmasse para só depois continuar com o que tinham de fazer, porém não dispunham desse tempo.

Ao pensar na bebida que Sara ofereceria, Elliot fez uma careta, desfazendo-a logo em seguida ao repuxar na memória uma bebida que poderia suportar — o último chá que tomou o surpreendeu por não ter gosto ruim. Talvez pudesse tomá-lo novamente; pensando nisso, teve a vaga impressão de sentir o cheiro daquele chá dentro do cômodo.

 Talvez pudesse tomá-lo novamente; pensando nisso, teve a vaga impressão de sentir o cheiro daquele chá dentro do cômodo

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Lua vermelhaWhere stories live. Discover now