36. Lago vermelho (parte 1)

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Jamais compreenderia o que se passou ali. Um reflexo ilógico e distante de seu mundo.

Elas saíram da fila de pessoas que desembarcavam do avião. Durante a viagem, Sara se convenceu de que o melhor lugar para despistar Isadora seria o aeroporto.

Não permitiria que a moça a seguisse até a floresta. Qual seria seu real objetivo? Vingar-se de Elliot pela irmã? Para Sara, era a única hipótese possível. Não achava que ela tentaria matá-lo, entretanto seria um desastre se contatasse os policiais para revelar a localização de Elliot.

— Vamos comer alguma coisa? — sugeriu à Isadora.

— Onde?

— Você escolhe.

— Você é quem conhece a cidade.

— É uma cidade vizinha. Na minha não tem aeroporto. — Sara detestava o menosprezo de Isadora pelas "informações inúteis". — Vamos só comer qualquer coisa por aqui.

— Ok. — Isadora levantou uma sobrancelha e quase formou um sorriso com os lábios.

Seguiram a direção indicada pelas placas presas no teto. Sara observava os arredores, procurando uma passagem com pessoas suficientes para ocultá-la. Um pouco mais à frente, encontrou um corredor perfeito para fugir, onde uma pequena multidão recém-chegada também se dirigia para a praça de alimentação.

Diminuiu a velocidade dos passos, tomando cuidado para que Isadora não percebesse seu distanciamento. Assim que alcançaram a multidão, ela disparou para a entrada à direita. Desviou das pessoas até chegar ao fim do corredor e procurou pela saída, sem olhar para trás em nenhum momento.

Contornou uma área de sofás para descanso antes de avistar as grandes portas automáticas que salvariam seu plano. Precisava correr se quisesse proteger Elliot. Tinha certeza de que ele estivera fora de si, mas agora — ou em breve — teria recuperado a consciência e decerto estaria culpando-se outra vez. E era ela a única que sempre o convencia a sair dos dutos de ar.

Imaginou a sensação de alguém puxando sua mochila a qualquer segundo. Quase chorou influenciada pela adrenalina da possível perseguição. Passou pelas portas e, só então, arriscou-se a parar e observar o interior do prédio. Nada de Isadora.

Não podia relaxar agora. Como estava em um aeroporto, havia vários táxis estacionados perto da entrada. Escolheu o mais próximo e abriu a porta. Antes que entrasse, sentiu o braço ser enlaçado pelo braço de outra pessoa e se virou, assustada, para encarar o rosto sorridente de Isadora.

— Nossa... você veio aqui fora. Quem poderia... adivinhar? — A respiração ofegante da moça quebrou a frase irônica em pedaços, assim como a esperança de Sara.

 adivinhar? — A respiração ofegante da moça quebrou a frase irônica em pedaços, assim como a esperança de Sara

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As balas vermelhas estavam acabando. Talvez fosse viável preparar mais; talvez não. Lidava com indagações improdutivas desde a visita ao laboratório de Raymond. Cada escolha tomava caminhos dúbios em suas simulações mentais sem nunca chegar a uma resolução completamente favorável. Essa instabilidade o incomodava cada vez mais e se devia — em sua teoria — à falta de um descanso adequado. Se tivesse repousado de forma correta na noite anterior, não enfrentaria essa dificuldade em pensar agora.

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