19. Onda furiosa

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A noite estava agradável. O clima fresco, conduzido pela brisa do mar, trazia também a sensação de calmaria. Era como um pequeno refúgio de paz que, infelizmente, não o contagiava. Não, ele se identificou com as ondas agitadas, uma comoção que aceitava seguir seu curso; então nada mais natural do que aceitar, ele mesmo, juntar-se a elas.

Sentiu um leve sopro de ar atingindo seu rosto. Sabia o que viria agora. Quando abrisse os olhos, veria duas esferas vermelhas e grandes, cortadas por um risco preto, e muito próximas de sua face. Elliot.

Ergueu as pálpebras já se preparando para perseguir o harmínion, no entanto não havia nada de mais à sua frente. Crow dormia no sofá do outro lado e Mori estava adormecida no colchão.

A claridade do dia iluminava a sala; significava que deveria continuar a trabalhar em seu projeto, pois graças a Elliot ele não progredira nada na noite anterior. Ergueu a parte superior do corpo, espreguiçando-se, quando a porta da sala abriu e Sara entrou.

Assim que o viu, a garota correu até ele.

— Low? — Ela tremia e a voz soava chorosa. — O Elliot sumiu!

Ele se levantou de imediato, as pupilas estreitas, e passou em um frenesi por Sara antes de parar a meio caminho de sair do cômodo, pensar melhor e se voltar para a garota:

— Tem certeza? — perguntou de forma um tanto agressiva.

— Ele não tá na casa, nem no rio, nem...

O desespero da garota foi suficiente para convencer Low a sair sem ouvir o restante — e urgente o bastante para que o fizesse sem se trocar antes.

— O que foi, Sara? — Mori perguntou, sentando-se e fazendo Sara parar a meio caminho de seguir Low.

— O Elliot sumiu — ela soluçou, colocando a mão na boca e saindo da casa com pressa.

— Não se preocupe — disse Dr. Crow, captando a atenção de Mori. — Low colocou um localizador nele, então será fácil encontrá-lo.

O doutor se levantou e alongou as costas, contorcendo o rosto no mesmo instante em que elas estralaram.

Mori pretendia aguardar na sala com ele, porém, querendo ver o que se passava do lado de fora, aproximou-se da janela. Foi nesse momento que notou algo de errado com duas das grades.

— Doutor! — a jovem o chamou, franzindo a testa enquanto tentava entender o que ocorrera ali.

Dr. Crow também se aproximou e viu as barras removidas quase por completo. Restavam somente as pontas inferiores e superiores do que antes foram duas barras que iam de cima a baixo da janela.

Tocou uma das pontas, que parecia enferrujada. O ferro fora derretido por um ácido.

— Low! — Abandonando a tranquilidade que pretendia utilizar perante a situação, o doutor correu para fora chamando o sobrinho e quase esbarrando nele na porta da sala.

— Veja onde ele está! Veja aonde está indo! — Low exaltou, quase esfregando um objeto parecido com um celular na fronte do tio.

Enquanto Dr. Crow pegava o objeto, Low fuzilou Mori com tamanha ferocidade no olhar que a garota congelou no mesmo lugar, cogitando, por um segundo, se seria atacada.

— Você vem junto — disse Low em tom autoritário.

Sem compreender a situação, Mori pensou ser uma pergunta.

— Claro que vou, quero ajudar... — Foi o que conseguiu dizer antes de ser interrompida.

— Não é uma escolha. — A voz dele soou gélida.

Lua vermelhaWhere stories live. Discover now