Capítulo 1

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*** Alice Duarte ***

            Há dias difíceis que gostaríamos de esquecer, de apagar das nossas mentes toda a dor e sofrimento vivido nesse tempo, ultimamente estou vivendo uma série desses dias, e são nesses momentos que percebo a fragilidade da vida

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            Há dias difíceis que gostaríamos de esquecer, de apagar das nossas mentes toda a dor e sofrimento vivido nesse tempo, ultimamente estou vivendo uma série desses dias, e são nesses momentos que percebo a fragilidade da vida. Há seis meses minha irmã foi diagnosticada com leucemia aguda, a doença já estava bastante avançada, tinha necessidade do transplante de medula óssea, e na família só temos uma a outra e a Malu. Mas eu não sou compatível para realizar o transplante. minha avó materna que criou nos duas faleceu a dois anos e minha mãe nos deixou quando eu tinha apenas dois anos de vida e Clara tinha 10 anos, nem quero lembrar o motivo que a fez partir. O pai da Clara não é o mesmo que o meu, ele era do Nordeste e morreu quando ela tinha 3 anos em um acidente de trabalho, já o meu pai nem sei quem é e quem sabia morreu levando essa informação para túmulo ou simplesmente sumiu.

Sendo assim, sempre foi nos duas, uma lutando pela outra. Minha avó Carmélia sempre nos ensinou a importância da lealdade da família, de proteger uns aos outros. Sempre foi assim e será até o fim. Clara também me ensinou a lutar pelo que eu quero, ela sempre trabalhou arduamente para realização dos seus sonhos, sendo o seu maior sonho ser modelo. Quando conquistou sua maior idade foi para o São Paulo atrás de oportunidade para iniciar a sua carreira, ela até conseguia alguns trabalhos no começo que dava para se manter, depois de alguns anos decidiu mudar para a cidade do Rio de Janeiro. Mas ela queria mais e me queria ao lado dela no Rio. Quando ligava, falava que lá era a terra da oportunidade, então, com o tempo, ser só modelo não dava para manter o padrão de vida da minha irmã, já não aparecia tantos trabalhos como antes, daí ela passou a trabalhar de garçonete. Até aí sabíamos o que estava acontecendo com ela. Mas depois de um tempo Clara parou de nos ligar, minha avó e eu já pensávamos que o pior tinha acontecido com ela. Então seis meses depois Clara bate a nossa porta, grávida. Porém não adiantava pergunta nada sobre a gravidez, pois ela falava que Maria Luíza não tinha pai, só nós três como família.

Por isso minha irmã se desesperou com o diagnóstico do médico e a pouca chance de cura, já que seu corpo não responde aos tratamentos pela qual ela passa. O pensamento dela sempre esteve em Malu, o que será da minha sobrinha quando a Clara partir? O que será de mim?

Chego no hospital após deixar Malu com a Cassia, uma grande amiga da minha irmã. A Cassia está nos abrigando nesses dias que estamos no Rio de Janeiro, já que somos de Macaé. Sigo em direção ao quarto que minha irmã está internada há mais de cinco dias. Entrar em um hospital público e ver o sofrimento daquelas pessoas é doloroso, há espera longa por um atendimento é terrível e passamos muito por isso nesses últimos seis meses.

A cada passo meu tento afastar meu cansaço, quero ter energia para ajudar a Clara passar por tudo isso. Chegando na frente do quarto que a Clara divide com mais três mulheres, entro e as cumprimento. Caminho em direção a Clara tentando afastar a dor que me consome ao vê-la assim. Mas falho miseravelmente. Todas as vezes que a vejo tenho que lutar contra as lágrimas que querem sair por causa da dor de ver a minha irmã nesse estado.

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