Capítulo 2

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POV Ana

- Não acredito que você deixou um bilhete apressando o cara... Depois eu que sou a impulsiva...

- Estou muito ansiosa, preciso da continuação. O que deveria fazer?

- Esperar como qualquer pessoa normal? Que tal sairmos hoje? Para distrair?

- Nem pensar, não estou a fim...

- Deixa de ser chata! Você vai porque eu vou, e sabe que o papai não me deixa ir sozinha...

- Porque é sem juízo, então ouça a minha voz da razão e fique em casa estudando.

- Quem te ouve pensa que fico pelas festas bebendo e nem apareço nas aulas... Esquece que sou uma das melhores alunas do meu curso? Que nunca fiquei embriagada e só gosto de sair eventualmente para me divertir de maneira responsável e sadia, após um dia estafante de estudos?

- Está bem, só vou porque me deixou de consciência pesada...

- Ótimo, era a intenção – diz rindo e já correndo para se vestir.

Me arrasto para meu quarto para me trocar também. Sou caseira, me sinto desconfortável em festas e afins, mas ela precisa de companhia. As suas amigas do curso não têm juízo mesmo e, apesar de confiar nela, não quero que se sinta deslocada por ser diferente. É ótimo tê-la aqui, com nossas piadas literárias internas e sua alegria. Coloco meu jeans favorito com uma blusa azul soltinha e sapatilhas. Uma maquiagem leve e pronto. Já minha irmã...

- Isabela, certeza que quer sair hoje?

- Já estou indo! Não estava encontrando minhas sandálias magentas, que ficam perfeitas com este meu vestido preto com minúsculas flores rosa, não acha?

- Sim, está lindo. Nada discreta, mas sem ser vulgar. Agora vamos!

Entramos no barzinho e está lotado. Ouço várias gracinhas dirigidas a nós. A mim por meus longos cabelos ruivos, que chamam a atenção, mesmo que no resto esteja discreta e para ela, por todo o pacote: físico, estilo, personalidade. Pedimos sucos e nos juntamos a alguns colegas. Fico só acompanhando a conversa com os olhos. Percebo um rapaz bonito, de cabelos castanhos e olhos azuis, na mesa ao lado que parece tão desconfortável quanto eu. E que tem um amigo alegre e barulhento igual minha irmã... Acho que sei como ele veio parar aqui também...

Não vejo a hora de ir embora, Abdur e Maya me esperam. Bem que a Isabela podia estar envolvida com uma saga também, mas infelizmente gosta de livros únicos, pois é mais ansiosa do que eu e não gosta de prolongar a tortura...

Por volta da 1h da manhã consigo arrastar a Isa embora para casa, e apesar da vontade louca de ler um pouquinho, tenho que acordar cedo para trabalhar. Consegui uma vaga de meio período na escola aqui perto e estou fazendo algumas oficinas com as crianças para servir de base para meu TCC. Frequento a universidade à noite e fico com as tardes livres para estudar e ler, é claro.

- Eu quero ser a rosa, não a raposa... Sou menina!

- Existe raposa fêmea, não sabia? E eu, tenho cara de chapéu?

- É cobra que engoliu elefante!

- Calma, crianças, cada um tem sua importância. Nossa apresentação do Pequeno Príncipe ficará linda, mas só se todos colaborarem.

- Tá bom, tia, desculpa.

- Tudo bem, vamos continuar.

A manhã com as crianças foi excelente, estamos desenvolvendo um projeto de dramatizar obras famosas e meus pequenos atores estão muito animados. De vez em quando saem uns atritos, mas é assim mesmo. E pensar que quando era pequena, não tinha a mínima paciência com os meus irmãos...

Amores sob medidaWhere stories live. Discover now