Capítulo 8

1.3K 282 22
                                    


POV Ana

Minha irmã parece ora caminhar sonhadora pelas nuvens ora saltitante como em um pula-pula. Me contou em detalhes seu encontro com Artur e rimos muito de seu deslize com nosso vocabulário próprio.

- E aonde irão hoje?

- Em uma danceteria no centro. Ainda não conheço.

- Quer que vá junto?

- Ana Clara, qual seu problema?

- Desculpa, estou acostumada a te acompanhar.

- Podemos marcar de sair um dia em grupo, mas hoje é só nós.

- Está certo. Mas cuidado com a bebida, só tome de seu copo e não o deixe na mesa sem estar junto.

- Quantos anos acha que tenho?

- Estou sendo chata, eu sei. Mas me preocupo, tenho medo.

- Te entendo, mas você precisa sair mais, fica fechada aqui criando teorias absurdas.

- Tem razão. Quando achar oportuno, marque um programa em grupo que irei sem reclamar.

- Vou cobrar, hein?

Fico sozinha com meu livro enquanto Isabela sai com seu Artur. Digo que não me importo, mas queria alguém para mim também. Com quem conversar sobre livros, assistir filmes, tomar um sorvete e até sair para dançar. Percebo como estou solitária quando me pego imaginando quem é e onde está o RO35. Balanço a cabeça e volto ao penúltimo volume da minha saga.

Fico acordada esperando a Isa chegar e ela não se surpreende.

- Então, me conta, como foi?

- Incrível. Estou tão feliz. Ele me beijou. Foi perfeito, como sempre sonhei que seria.

- Mas não foi o seu primeiro beijo.

- Não, mas é como se fosse. Meu coração disparado, a mistura de euforia e paz. Me senti como chegando em casa, como se pertencesse a ele.

- Que romântica, não nega todos aqueles livros que leu.

- É sério. Nunca se sentiu assim?

- Não. Sabe que nunca fui apaixonada pelo Mateus. Queria que desse certo porque o conhecia há muito e sabia o quanto ele me gostava de mim. Os outros poucos rapazes que saí, alguns nem cheguei a beijar. Ninguém me balançou assim.

- Até agora acontecia o mesmo comigo. Tive meus namoricos, mas nada que me abalasse assim. Espero que ele não quebre meu coração.

- Nada de pessimismo. É uma garota preciosa e ele não será bobo de te perder.

POV Roberto

Estou terminando meu livro quando o Artur chega. Está esfuziante e fica um tempo descrevendo como a Isabela é maravilhosa e como está feliz.

Ouço calado, deixando que fale e só sorrio de sua felicidade. Finalmente meu amigo está apaixonado. Dá para ver no brilho no olhar, na forma como fala dela. Fico alegre por ele, mas me sinto ainda mais sozinho. Nessas horas que notamos o que nos faz falta.

Eles saem novamente no domingo e fico em casa com minhas séries, já que o livro acabou. O final foi tão fantástico como esperava, mas constatar minha solidão e vazio empanou um pouco do seu brilho.

- Cara, não me diga que ficou enfurnado neste apartamento o fim de semana todo?

- Dei minha corrida matinal todos os dias e fui à missa também.

Amores sob medidaWhere stories live. Discover now