Capítulo 11

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POV Roberto

Antes do trabalho, procuro por um bilhete seu, mas não encontro nada. Tento não pensar mais nela, mas não consigo. Trabalho só na parte da manhã, pois acompanharei meu pai ao médico à tarde.

- Não sei para quê marcaram esta consulta. Estou ótimo. Por que não entregaram os resultados para você? Assim eu não perderia outro dia de serviço.

- Acalme-se pai, deve ser um procedimento padrão só entregar os exames para o paciente.

- Mas para quê falar com o doutor?

Fiquei calado, mas confesso que também achei estranho. Aguardamos por uma hora antes de sermos chamados e meu pai não parou de resmungar e sei que está preocupado.

- Bom tarde, Sr Carlos Matarazzo. Sou o Dr. Ribeiro.

- Boa tarde. Este é meu filho Roberto.

- Estou com os resultados de seus exames aqui. Seus níveis de colesterol estão um pouco acima do ideal. Percebi que tem um histórico de gastrites nervosas. Mas o que me levou a chamá-lo foi a presença de pequenas massas em seu estômago. Não há como precisar qual sua natureza, então serão necessários mais exames.

- Massas?

- Sim, provavelmente pólipos benignos.

- O que significa tudo isso, doutor?

- Não podemos deixá-las quietas? Não posso ficar faltando ao serviço por causa de bobeiras.

- Sr Carlos, precisamos nos certificar de não serem algo mais grave.

- Como assim, doutor, o que meu pai tem?

- Ainda não posso dizer com certeza, mas se não forem benignos, os pólipos podem significar câncer.

Meu pai fica mudo, parado. Nunca antes esteve doente, além de suas gastrites. Sinto meu chão tremer, e um frio de medo apertar meu coração.

- Não vamos nos apressar, Sr Carlos. Não temos certeza de nada. Só mencionei a possiblidade negativa por perceber que, ao contrário, não faria os exames necessários. Podemos agendar para daqui dois dias?

Respondo por meu pai, que permanece calado. Sei que não quer conversar agora e respeito. Entramos no carro e o levo para nossa casa. São duas horas de silêncio opressor. Quando paro em frente à garagem, me viro para ele e o abraço.

- Vai dar tudo certo, pai. O médico acredita que são benignos. É só precaução.

- Foi um baque, filho. A gente pensa que é eterno... Mas tem razão, estou mais calmo. Vamos entrar e agir com tranquilidade para não preocupar sua mãe.

Ela fica apreensiva, mas não se entrega ao medo. É mulher de encarar o que a vida trás, sem se lamentar ou deixar-se abater. Dormirei aqui está noite, mas sairei bem cedo, pois tenho trabalho no dia seguinte. Meu pai aproveitará a terça-feira para distribuir suas recomendações aos funcionários e irá com minha mãe na quarta para os exames.

Os novos resultados ficarão prontos na próxima semana e rezo para serem bons. Ele pode ser exigente, mas sempre foi um ótimo pai e é por isso que tenho tanto receio de contrariá-lo. Minha irmã tem apenas 14 anos e precisa dele com ela por muitos anos.

Na sexta, Artur insiste para que saia com ele, sua namorada e um grupo de amigos. Não estou a fim, mas sei que ficar remoendo as preocupações em casa não adiantará nada.

- Boa noite Artur, Sérgio, meninas...

- Que bom que resolveu aparecer, Roberto.

- Você tem razão, ficar trancado no apartamento com pensamentos tristes não me ajuda.

Passo momentos agradáveis. A Ana Clara também foi, linda em seu jeito tímido, e ficamos conversando por horas. Contei a ela sobre meu pai e me ouviu e me colocou para cima. Rimos muito com a Isabela e com o Artur, pois não há tempo ruim com aqueles dois por perto.

Resolvo voltar de ônibus para minha cidade no sábado, apesar de meu pai dizer não ser preciso. Quero estar por perto, tanto dele como de minha mãe e irmã.

Aproveito que tenho várias horas de folga para tirar e vou junto à consulta médica.

- Bom dia, Sr Carlos.

- Bom dia, doutor. Esta é minha esposa Alice.

- Muito prazer. Sentem-se.

- Recebi os resultados e fico feliz em anunciar que são tão bons como esperava. Porém, será necessária uma intervenção cirúrgica para retirá-los.

- Mas não é grave, doutor?

- Sra Alice, os exames são promissores, mas ainda é preciso retirar ospólipos e fazer a biópsia. Estou confiante, mas aconselho marcar logo a cirurgia. Não há porque protelar.

- Para quando é possível agendarmos?

- Dentro de 18 dias. Haverá uma rápida entrevista com o anestesista, mas os demais exames já estão prontos. Posso marcar?

- Claro, doutor. Agradecemos a presteza.

- A atendente passará as demais instruções. Tenham um bom dia.

Vamos almoçar após sairmos do consultório e depois meus pais me deixam no meu trabalho.

- Não se preocupe com a loja, pai. Anteciparei minhas férias e cuidarei de tudo enquanto estiver se tratando.

- Confio em você, filho. Deixarei a loja em boas mãos. Obrigado.

Converso com meu diretor e combino de tirar parte das minhas férias daqui há duas semanas.




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