Capítulo 4

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POV Isabela

Ainda estou rindo quando me deito. Minha irmã ainda não percebeu como está interessada no tal rapaz dos livros. Entendo que tenha medo de se envolver. Afinal só esteve em um relacionamento duradouro. Namorou o Mateus por quase 2 anos, mas não acredito que tenha realmente se apaixonado por ele. É um bom menino, o conhecemos há muitos anos da igreja, mas nunca houve aquele brilho que vejo agora em seu olhar.

Lerei um pouquinho antes de dormir, algo bem leve e romântico e quem sabe me apaixonarei pelo mocinho do livro, de mentirinha, é claro, porque não sou minha irmã.

- Bom dia. Sabe, criei inúmeras histórias envolvendo você e seu correspondente.

- Ainda com esse assunto, Isa?

- Escuta! Há a versão de amor proibido, com ele sendo um professor mais velho. Imagina, você toda apaixonada e descobre que ele é o Professor Romualdo?

- Proibido porque ele é casado com filhos e netos ou por estar com o pé na cova?

- Este último seria amor trágico.

- Definitivamente, você me ama.

- E tem a hilária, com ele como um calouro espinhento.

- E só melhora...

- Minhas preferidas são com final feliz, pois é assim que sou.

- Sei... E qual seria essa?

- Gostou, não é? Então, tem aquela em que ele é o cara mais lindo e popular do campus, mas que tem esse lado sensível que escode de todos.

- Meio clichê, não acha? Pode fazer melhor.

- Tem razão, esse tema está meio batido. Pensarei em algo mais criativo e te conto à noite. Vai ser épico.

- Mal posso esperar... Agora chega de falar de mim. E você?

- Tenho sonhado acordada com aquele rapaz alegre que vimos no barzinho há uns dias, você lembra?

- Sim, como esquecer. Ele é a sua versão masculina, só que loiro.

- Este mesmo. Me identifiquei e tenho a impressão que ele seria perfeito para mim. Todos dizem que os opostos é que se atraem, mas preciso de alguém que me acompanhe. Que se jogue em aventuras, que ria de qualquer coisa, que seja atrapalhado.

- Um casal assim precisaria de vigilância 24h. Você sozinha já é um perigo ambulante.

- Exagerada! Mas sério, não me vejo com um cara todo certinho.

- Talvez tenha razão. Voltou a vê-lo?

- Tenho o visto pela universidade, incrível como nunca tinha reparado nele antes e agora trombo com ele todo hora. Não sei bem se é uma coincidência, está mais para carinha interessado. Vou jogar uma isca para ele e ver no que dá.

- Isabela, Isabela... Olha lá o que vai fazer!

- Nada de mais, fique tranquila.


POV Roberto

Conto as horas para chegar logo quarta-feira para ver se ela me respondeu. A ansiedade agora nem é mais tanto pelo novo volume, apesar da história continuar alucinante. Agora já não leio mais o primeiro capítulo, mas sim o papel que encontro dentro do livro.

"Caro RO35

Estou adorando me corresponder com você. Costumo conversar muito com minha mãe sobre livros, mas este ela ainda não leu. Quando pequena não tinha paciência para ler e ela, para me incentivar, contava sobre as histórias que estava lendo. Meu primeiro amor literário foi o Kishan da série A Maldição do Tigre de Colleen Houck. Ela me contou também As Crônicas Lunares de Marissa Meyer, onde me apeguei ao Lobo. E voei com Safira e Eragon na tetralogia Ciclo da Herança escrita por Christopher Paolini. Ela que me viciou, não tenho culpa.

Você tem razão quanto ao cerco, estou até vendo o Abdur perder a Cidade Sagrada para o exército do Manon. Sabemos que tudo isso é apenas para dar mais emoção, mas sofremos mesmo assim. Estou até com uma invejinha de você por estar tão à frente na leitura. Dizem que a dúvida do leitor é: ler rápido porque é muito bom ou ler devagar pelo mesmo motivo. Fico com ler logo, sou muito ansiosa, mas acho que já percebeu...

Você pediu indicações e, se gosta da Maya, uma personagem feminina forte, talvez se interesse pela Saga do Império de Raymond E. Feist, pela Trilogia do Vencedor de Marie Rutkoski ou mesmo Saga Sevenwaters de Juliet Marilier. Sou apaixonada por todas, além das anteriormente citadas.

Espero que tenha te ajudado com a sua próxima leitura e já deixo claro que adoraria dicas também.

Até mais

AN5022"

Já li a maioria, mas não conheço a saga do Império, apesar de ser fã do autor. Verifico se a biblioteca possui um exemplar e me surpreendo em saber que a história corre paralela a que já li e que, inclusive, se entrelaçam.

Começo a me preocupar com o farei ao final da saga, para não perder o contato com a AN5022, pois como manteremos nossa troca de bilhetes? O Artur que não me ouça, mas não tenho coragem de pedir para conhecê-la pessoalmente.

Uma ideia para um livro começa a se formar. Sem saber, ela está sendo minha inspiração. Vou escrever sobre uma criança que aprende a amar livros por influência de seus pais e da importância disso para sua vida. Sobre os livros manterem a esperança acesa em seu coração apesar das dificuldades que enfrentará.

Na quinta à noite, aceito sair um pouco com o Artur e o encontro no final da aula no mesmo barzinho da despedida do Yuri. Logo que entro, percebo um brilho vermelho à minha direita, e sou atraído pelos longos cabelos da garota quieta. Sua irmã também está e já sei porquê o meu amigo quis vir aqui hoje.

- Que bom que chegou, cara! Preciso de sua ajuda como minha campanha "Isabela, seja minha bela"?

- Ainda com esse nome ridículo? Como quer que ela te leve a sério?

- Mas eu não a quero séria, e sim rindo como agora. Está ouvindo?

- Só se fosse surdo para não ouvir...

- Está de mau humor, é?

- Não, desculpa. Estou é com medo do tipo de ajuda que vai me pedir.

- Nada de mais, só quero que distraia a ruiva enquanto converso com a Isabela.

- Até posso tentar, mas sabe que não levo jeito para puxar assunto, não é? Cadê seus amigos?

- Foram em uma festa de república, mas sabia que ela estaria hoje aqui e não quis perder a oportunidade.

- Olha lá! Não vou precisar fazer nada. Aquele cara já está falando com a irmã babá.

- Vou aproveitar. Me deseje sorte!

Fico observando o Artur conversar com a Isabela e, pelo jeito, o interesse é recíproco. A ruiva continua ao lado daquele cara, que se a fama for verdadeira, é um cretino. Mas não tenho nada a ver com isso. Como não sou mais necessário, termino minha cerveja e volto para o apartamento. Preciso terminar o penúltimo livro para devolver amanhã cedo e também escrever meu bilhete.



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