Capítulo 19

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POV Artur

Burro, burro, burro. Digo para mim mesmo repetidas vezes. Por que menti para ela?

- Roberto, meu solzinho está furioso. Estraguei tudo!

- O que aconteceu?

- Já te contei que a Sandrinha não sai do meu pé. Ontem, ela me enviou uma série de mensagens maliciosas enquanto estava na sorveteria com a Bela. Ignorei, mas por fim respondi que estava passando na sua casa para conversarmos.

- Não acredito que você ficou com ela!

- Não fiquei, mas a Bela acredita que sim. Menti dizendo que as mensagens eram de um amigo que precisava de mim e a deixei em casa mais cedo.

- E a Sandrinha contou que você foi vê-la...

- Sim... Meu solzinho me deu a chance de contar a verdade, mas menti novamente. E agora ela terminou tudo, não que me escutar.

- E você nem pode culpá-la. Por que escondeu dela o que estava acontecendo.

- Sabe como ela é brava e ciumenta, queria resolver sozinho. O que posso fazer?

- Espere ela se acalmar. Depois, tente falar com ela.

Passei um dia horrível, minha Bela se recusa a responder minhas mensagens e não tenho autorização para subir em seu apartamento.

- Cara, essas irmãs Blazi são terríveis.

- O que foi, Roberto?

- A Ana terminou comigo também.

- Por quê? Mentiu para ela?

- Não, mas defendi você. Agora ela acha que eu estou te apoiando em suas canalhices.

- Não é possível. Como isso foi acontecer?

- Tentei mostrar seu lado, o quanto ama a Isabela por estar respeitando o tempo dela e como isso é difícil, mas ela entendeu que eu estava justificando seus atos. E que não respeitarei seus limites também, mas que sairemos nós dois juntos a procura de diversão com as Sandrinhas da vida.

- Mas isso só piora...

- E eu pensando que a Isabela era o furacão e que minha Ana era a brisa suave. É tão esquentada quanto aquele cabelo vermelho dela!

- São geniosas mesmo. Tentei levar flores para a Bela quando ela estava saindo para a aula. Ela jogou na minha cara e me deu as costas, mas nem uma palavra. Mandei uma floricultura entregar e fiquei esperando do outro lado da rua. Vi o arranjo voando pela janela.

- O que faremos?

- Vou começar por esculachar com aquela oferecida da Sandrinha em público. Tentei evitar constrangê-la, mas ela está pedindo por isso.

- Eu irei enviar um livro para a minha princesa, como mensagem de paz. Pelo menos sei que ela não vai atirá-lo pela janela.

- Boa sorte, amigo. Para nós dois...

POV Ana

- Não acredito que terminou com o Roberto? Não me diga que ele também está ficando com a Sandrinha?

- Ainda não, mas é bem possível.

- Como assim?

- Ficou defendendo o Artur.

- Mas você também já o defendeu, disse que ele poderia ser inocente apesar das mentiras!

- Foi a forma como fez. Ficou falando de como é difícil suportar nossos limites, como se isso justificasse uma traição.

- Não consigo imaginar o Roberto falando isso.

- Não foram estas as palavras, mas, resumindo, foi o que ele disse.

- Como podemos nos enganar tanto?

- Não sei, mas estou arrasada. Por isso evito me envolver, melhor sozinha que sofrendo assim.

Mergulho no trabalho, nos estudos e nos livros, mas ainda não consigo deixar de sofrer. A todo momento, imagens de nós dois me invadem e a saudade aperta. Logo me lembro dos motivos de nossa separação, e a mágoa me sustenta em minha indignação por mais tempo.

- Minha rosa vermelha precisa ser consolada?

- Rodolfo, me deixa. Não estou com humor para suas gracinhas.

- Desculpa, gatinha. Só não gosto de ver você tão triste.

- Estou bem, Rodolfo. Obrigada.

- Quer sair para jantar?

- Você nunca me convidou antes. Eram só suas cantadas horríveis e insinuações.

- Fui um canalha, eu sei. O Roberto fez bem em quebrar meu nariz.

- Não posso negar que você mereceu...

- Mas ainda não me respondeu. Me dá uma chance?

- Não estou em condições agora.

- Mas podemos ser amigos?

- Tudo bem, desde que não venha com suas frases ridículas.

Rodolfo consegue manter uma conversa civilizada e me surpreendo bastante. Sempre acreditei ser um canalha, mas talvez esteja errada, já que errei tanto em relação ao Roberto.

-Há uma encomenda para você, Ana.

- Não pedi nada. O que será?

- Não abri, mas tenho minhas suspeitas.

- É o segundo livro da série Família De Martino da Mônica Cristina: "Uma nova chance". O Roberto que enviou.

- Pelo título, não pela sinopse. O que fará?

- Pela janela que não vou jogar. Irei doar para a biblioteca.

- E se ele pensar que gostou e que o quer de volta?

- Encontrará um "Coração de Gelo".*(título do próximo livro da série citada)

Mesmo na nossa triste situação, rimos juntas de nossas piadas literárias. Como é bom termos uma à outra.



Quem aí também é fã da Monica Cristina? Deixem seus comentários. Obrigada

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