POV Artur
Burro, burro, burro. Digo para mim mesmo repetidas vezes. Por que menti para ela?
- Roberto, meu solzinho está furioso. Estraguei tudo!
- O que aconteceu?
- Já te contei que a Sandrinha não sai do meu pé. Ontem, ela me enviou uma série de mensagens maliciosas enquanto estava na sorveteria com a Bela. Ignorei, mas por fim respondi que estava passando na sua casa para conversarmos.
- Não acredito que você ficou com ela!
- Não fiquei, mas a Bela acredita que sim. Menti dizendo que as mensagens eram de um amigo que precisava de mim e a deixei em casa mais cedo.
- E a Sandrinha contou que você foi vê-la...
- Sim... Meu solzinho me deu a chance de contar a verdade, mas menti novamente. E agora ela terminou tudo, não que me escutar.
- E você nem pode culpá-la. Por que escondeu dela o que estava acontecendo.
- Sabe como ela é brava e ciumenta, queria resolver sozinho. O que posso fazer?
- Espere ela se acalmar. Depois, tente falar com ela.
Passei um dia horrível, minha Bela se recusa a responder minhas mensagens e não tenho autorização para subir em seu apartamento.
- Cara, essas irmãs Blazi são terríveis.
- O que foi, Roberto?
- A Ana terminou comigo também.
- Por quê? Mentiu para ela?
- Não, mas defendi você. Agora ela acha que eu estou te apoiando em suas canalhices.
- Não é possível. Como isso foi acontecer?
- Tentei mostrar seu lado, o quanto ama a Isabela por estar respeitando o tempo dela e como isso é difícil, mas ela entendeu que eu estava justificando seus atos. E que não respeitarei seus limites também, mas que sairemos nós dois juntos a procura de diversão com as Sandrinhas da vida.
- Mas isso só piora...
- E eu pensando que a Isabela era o furacão e que minha Ana era a brisa suave. É tão esquentada quanto aquele cabelo vermelho dela!
- São geniosas mesmo. Tentei levar flores para a Bela quando ela estava saindo para a aula. Ela jogou na minha cara e me deu as costas, mas nem uma palavra. Mandei uma floricultura entregar e fiquei esperando do outro lado da rua. Vi o arranjo voando pela janela.
- O que faremos?
- Vou começar por esculachar com aquela oferecida da Sandrinha em público. Tentei evitar constrangê-la, mas ela está pedindo por isso.
- Eu irei enviar um livro para a minha princesa, como mensagem de paz. Pelo menos sei que ela não vai atirá-lo pela janela.
- Boa sorte, amigo. Para nós dois...
POV Ana
- Não acredito que terminou com o Roberto? Não me diga que ele também está ficando com a Sandrinha?
- Ainda não, mas é bem possível.
- Como assim?
- Ficou defendendo o Artur.
- Mas você também já o defendeu, disse que ele poderia ser inocente apesar das mentiras!
- Foi a forma como fez. Ficou falando de como é difícil suportar nossos limites, como se isso justificasse uma traição.
- Não consigo imaginar o Roberto falando isso.
- Não foram estas as palavras, mas, resumindo, foi o que ele disse.
- Como podemos nos enganar tanto?
- Não sei, mas estou arrasada. Por isso evito me envolver, melhor sozinha que sofrendo assim.
Mergulho no trabalho, nos estudos e nos livros, mas ainda não consigo deixar de sofrer. A todo momento, imagens de nós dois me invadem e a saudade aperta. Logo me lembro dos motivos de nossa separação, e a mágoa me sustenta em minha indignação por mais tempo.
- Minha rosa vermelha precisa ser consolada?
- Rodolfo, me deixa. Não estou com humor para suas gracinhas.
- Desculpa, gatinha. Só não gosto de ver você tão triste.
- Estou bem, Rodolfo. Obrigada.
- Quer sair para jantar?
- Você nunca me convidou antes. Eram só suas cantadas horríveis e insinuações.
- Fui um canalha, eu sei. O Roberto fez bem em quebrar meu nariz.
- Não posso negar que você mereceu...
- Mas ainda não me respondeu. Me dá uma chance?
- Não estou em condições agora.
- Mas podemos ser amigos?
- Tudo bem, desde que não venha com suas frases ridículas.
Rodolfo consegue manter uma conversa civilizada e me surpreendo bastante. Sempre acreditei ser um canalha, mas talvez esteja errada, já que errei tanto em relação ao Roberto.
-Há uma encomenda para você, Ana.
- Não pedi nada. O que será?
- Não abri, mas tenho minhas suspeitas.
- É o segundo livro da série Família De Martino da Mônica Cristina: "Uma nova chance". O Roberto que enviou.
- Pelo título, não pela sinopse. O que fará?
- Pela janela que não vou jogar. Irei doar para a biblioteca.
- E se ele pensar que gostou e que o quer de volta?
- Encontrará um "Coração de Gelo".*(título do próximo livro da série citada)
Mesmo na nossa triste situação, rimos juntas de nossas piadas literárias. Como é bom termos uma à outra.
Quem aí também é fã da Monica Cristina? Deixem seus comentários. Obrigada
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CZYTASZ
Amores sob medida
RomansDuas irmãs, dois amores sob medida Ana Clara é tímida, vive imersa em livros e séries, mas encontra seu amor nas páginas de sua última leitura. Isabela é extrovertida, e contrariando a máxima que opostos se atraem, encontra um amor tão hilário quant...