Há momentos em que a nossa vida toma rumos diferentes daquilo que planejamos. São momentos e situações que colocam em cheque nossa própria existência, delineando traços limítrofes da vida e trazem aquela sensação de que o oceano se transformou numa...
Nunca somos os mesmos depois de um encontro, de uma palavra, de uma interação com outra pessoa. Saímos todos diferentes. É que a vida se desenvolve num dinamismo especial, onde pessoas e fatos interagem com nosso jeito de ser, formando a todo o momento aquilo que cada um chama de "a minha vida". E não seria demais imaginar que você esteja pensando nessa "sua vida", agora, ao iniciarmos este encontro, através destas páginas. Por isso, quero propor a você um pequeno exercício reflexivo: Tente visualizar a sua vida:
Pense nos momentos mais significativos e marcantes. Se você desenhasse um gráfico, em forma de linha, ressaltando os momentos significativos e marcantes vividos, como o faria? Pegue uma folha e um lápis e tente essa experiência:
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Essa página em branco representa a vida. Não pense no futuro. Apenas olhe para trás, do primeiro dia até o ponto em que você desejar. Se aprendermos a olhar para trás e compreendermos nosso passado, o presente será bem melhor, ao passo em que o futuro será construído naturalmente. Depois de fazer o gráfico, continue a leitura pensando sempre: qual é a lente pela qual estou olhando pra mim mesmo e o mundo ao meu redor?
Existe uma tendência natural de se pensar a historia da vida de forma linear. Nela, a vida segue mais ou menos previsível, com cada fase planejada. Essa perspectiva é comum a muitos e traz certa segurança, porque cria uma ilusão de que tudo vai seguir como planejado e o próprio futuro pode ser pré-visualizado. Contudo, sua limitação é que ela contempla bem mais os fatos e muito pouco as emoções que os seguem. Ela é representada por um traço linear, como se vê abaixo.
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Claro que nem tudo na vida é assim. Na prática, muitos objetivos ficam distantes, alguns planos fracassam, perdas importantes acontecem, dúvidas sobrevêm e os caminhos mudam de rumo, levando-nos a uma reconfiguração forçada da rota. Resumindo, a vida é cheia de altos e baixos. Razão pela qual aprendemos a descrevê-la de outra maneira, que lembra um gráfico de um ecocardiograma. Essa semelhança é significativa, porque serve para descrever tanto os fatos, como também os movimentos do coração e da alma:
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Se bem observada, essa visão apresenta alguns desafios. É que nem sempre é fácil localizar um fato, ou uma emoção, que podem estar escondidos em meio a outras experiências passadas. Tanto o olhar para frente vai exigir uma consideração das variáveis possíveis, quanto o olhar para trás vai requerer uma atenção e esforço reflexivo diferenciado, mais atento aos detalhes.
Especialmente, essa visão permite entender que a vida é constituída pela soma de experiências e momentos, nos quais prevalecem o desafio de superar sempre, seja para reerguer quando se cai, ou para permanecer de pé, quando em vitória.
Também é relevante observar uma manifestação por parte da grande maioria de pessoas. Para muitos, os momentos que mais marcam e possibilitam aprendizado para o crescimento interior são aqueles de provações. A própria felicidade tem seu clímax valorizado justamente porque sempre vem como resultado de uma superação, de uma conquista, de uma vitória na vida profissional, emocional ou espiritual.
Mas a grande lição que vem dessa perspectiva é que ela chama a atenção para uma necessidade que é básica, sim, porém fundamental a todos que desejam extrair o melhor de si: por ser imprevisível, a vida é uma arte que precisa ser apreciada a cada dia e viver bem, além de um desafio, é um aprendizado possível para todos. É pensando nisso que este livro está sendo escrito.
Dando a Volta por Cima descreve a experiência de uma pessoa que aprendeu a dar a volta por cima e superar situações adversas. Ele não pretende ser um livro de psicologia, escrito por um psicólogo. Mas é o resultado de observações pessoais do autor, ao longo de seu trabalho pastoral, com experiências na cura d'lma e aconselhamento. Mas também apresenta uma gama de experiências próprias, especialmente numa das fases mais difíceis de sua vida, quando perdeu todas as suas forças e precisou literalmente ser carregado nos braços. Assim, pode-se dizer com propriedade que este quer ser um livro que primeiro foi escrito no coração do autor, com letras fortes de emoção e até lágrimas, mas, sobretudo com o desejo de superação. E o que ele tem de significativo é justamente isso: apresentar experiências comuns a muitos, que servem de motivação e ajuda ao leitor. Em cada página, ousaremos abrir e compartilhar o nosso coração, na certeza de que a vida é nosso bem maior e, quanto mais aprendemos a apreciá-la, mais bela poderá ser.
