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   Depois que terminamos o lanche Harry nos levou para casa, eu a olhar todo o lugar e ele a conduzir sem nem mesmo me dirigir à palavra. Meus pensamentos enquanto estamos indo embora é na minha casa e no que Otto está fazendo para pagar o resto da dívida, não sinto falta dele e me acho o pior ser humano do mundo por não sentir falta do pai, mas eu vou sentir falta do que exatamente? Das surras? Dos gritos? Não tenho nada para sentir, a não ser por minha mãe, só de menciona-la me dói o peito, aconteceu tantas coisas a nem uma semana que quase não tenho tempo de pensar em como minha vida virou de cabeça para baixo, em tão pouco tempo, isso me dá uma tremenda vontade de chorar, e segurar me causa nó na garganta e dor. Assim que chegamos Harry se direcionou para o seu escritório e eu para meu quarto não havia para onde ir e eu nem pensava em ir para outro lugar. De frente ao armário tirei a roupa trocando por algo confortável, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo frouxo e sai do armário para deitar e chorar, porém, assim que fechei a porta me assustei com Harry no quarto.
   — Ah! — se levanta da minha cama colocando suas mãos nos bolsos.
   — Arruma suas malas — confusa já o vendo se retirar ando alguns passos parando assim que os seus param com minha pergunta.
   — Por que? — se vira para mim e dou um passo para trás assustada.
   — Não faça perguntas, apenas arrume sua mala — engulo em seco com sua frieza e apenas concordo.
   — Harry — ouvindo o ar sair do seu nariz como um touro raivoso sei que está irritado — grande ou pequena? — passa a mão pelo seu rosto e me olha.
   — Iremos passar três semanas. Arrume do jeito que você achar que está ótima. Caso contrário fique pelada, eu não me importo — sua voz arranhando sua garganta e seu semblante nada animado denunciou que alguma coisa aconteceu no escritório para ficar irritado. O ar dos meus pulmões sai livre depois que saiu do quarto. — A propósito, te espero lá embaixo em quarenta e cinco minutos em ponto. — Se foi finalmente e pude me sentar à cama. Levanto pegando um vestido vinho deslizando o mesmo pelo meu pequeno corpo. No canto do armário acho uma mala média pego uma mala média selecionando algumas peças para levar, como não sei para onde vamos e nem o clima variei entre as peças. Seguro na mala a arrastando para a porta e coloco sapatos brancos, soltos os cabelos em ondas marcadas pelo meu ombro e passo um perfume. Corro entre os corredores na esperança que tenha cumprido meu objetivo de quarenta e cinco minutos. Ao chegar no topo da escada o vejo em pé no meio da sala.
   — Parabéns, pronta? — aceno que sim e deslizo um sorriso vitorioso nos lábios — odeio quando não fala — rosna e pega em minha mão me puxando junto a ele, sinto um arrepio com o toque suave. Nossas malas foram entregues ao motorista, um rapaz de cabelos caramelo e olhos dourados. Harry abriu a porta do carro pra mim e agradeço sua gentileza, quando se sentou ao meu lado eu tive a coragem de lhe fazer uma pergunta.
   — Para onde estamos indo? — me observou e sorriu, seu sorriso durou mais do que esperado.
   — Nova Iorque. — Arregalo meus olhos e sorrio, tenho ótimas lembranças de Nova Iorque, principalmente com minha mãe.

   Quando chegamos ao aeroporto o motorista nos guiou por outras estradas e logo vi um jatinho da cor preta em um lugar privado, fora dele havia um homem e outros quatro ao redor da aeronave, para quê mesmo? Quem roubaria um avião?
   — Boa noite senhor Vitsky e senhorita?
   — Annastácia — abro um sorriso só para não parecer antipática.
   — Sou Jack — apertamos as nossas mãos e Harry passa por nós, logo o sigo.

   Adrenalina passa pelo meu corpo junto à ansiedade e nervoso, minhas mãos agarram os braços da poltrona e me vejo a morder os lábios olhando para a janela vendo ainda o solo. Harry se senta a minha frente e tem um copo de vidro na sua mão, eu odeio bebidas, sempre que meu pai bebia discutia com minha mãe e consequentemente descontava em mim seu ódio. Meu aperto no couro só intensifica mais quando sinto a horrível sensação da aeronave voar.
   — A próxima vez que olhar para um homem do jeito que olhou para Jack na minha frente. Irei te punir até não andar — engulo em seco e encaro meus dedos.
   — Mas, não fiz nada apenas fui...
   — Atirada? — meu semblante se contorce em desdém, talvez confusão e quase dou risada. Mas deixo escapar meu riso e minha indignação numa só palavra.
   —... simpática! — minha voz sai mais alta que o comum, mas ouso em olhar para Harry que me olha, seu semblante não está neutro, é uma mistura de relaxado com atento.

Um Último Gemido - Livro 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora