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  Depois de saímos da tensão que era a sala de estar caminhamos até um carro que havia no jardim. Harry e Shawn estão ao meu lado enquanto o motorista dá partida para o restaurante, no carro estou ouvindo as conversas que os dois homens trocam, reparo em Shawn que roda uma moeda entre dedos como se aquilo é um ato frequente. Paro de observá-los e olho para as ruas enfeitadas esperando o natal, estou feliz para essa data, lembra minha mãe, minha mãe verdadeira, não a que dizem que era minha mãe, nem mesmo lembro-me dela, tirando tudo que vem acontecendo, não deixo que isso abale meu espirito natalino.

  Quando o carro para na porta de um restaurante, de longe dá para perceber o quão luxuoso é, as portas são abertas e saímos do carro andando em direção à entrada do lugar, Harry está com sua espada e sempre tive curiosidade em saber sobre a história dessa arma. Ao abrir a porta para mim, pude presenciar o ambiente por dentro, é grande e vazio, lustres caríssimos e muitos jarros com flores fazem parte da decoração do lugar, havia alguns aquários com peixes, o único ponto que poderíamos parar para observar melhor e com atenção. Todas as luzes dos lustres são amareladas o que melhora o ambiente em cores neutras. No centro do restaurante havia uma única mesa enfeitada, muitos homens com ternos variados em cores e luxuosos, porém, o de Harry era o único rosa, também fino.

  Havia vermelho, azul, marrom e preto. As mulheres então com um vestido mais brilhante do que o outro. Pelo que consegui contar eram no total oito homens a mesa, agora entendi porque Harry não respondeu minha pergunta mais cedo, deixou que a visão por si só tirasse minha dúvida. Mas o lugar com certeza é bonito quando há outras pessoas, sinto muito, no entanto, o lugar não parece mais tão fascinante.
  — Percebe agora, porque o vestido? — sussurrou no meu ouvido, engulo em seco e concordo.
  — Van Vitsky! — um dos homens se levanta tirando seu charuto da boca e apertando a mão de Harry, todos os olhares estão agora em nós.
  — Sempre gostei desse seu gosto peculiar para roupas. — Ouvi de outro que gargalhou.
  — Viemos tratar de negócios apenas Gauther — me sento ao seu lado e Shawn também sentou ao meu, observo o terno em azul-marinho de Shawn, uma blusa amarelinha está por dentro com botões abertos. Harry na ponta da mesa observava o rapaz que a pouco comentou sobre sua roupa, por que ele sempre assume esse semblante debochado? Um sorriso de lado aparece e ele limpa sua garganta. — Por que essa reunião tão esperada?
  — Sabemos que — uma voz surgiu e Cameron e dois homens apareceram, Harry então não parece nem um pouco abalado, mas seu semblante que antes era brincalhão tomou uma postura séria — você matou meus homens querendo então, me matar — Cameron ri debochado e se senta na cadeira vazia — mas não é tão fácil Van Vitsky, sei suas artimanhas, fui mais esperto que você — o olhar de Harry é puro ódio, sabia que não gostava de está por baixo e de qualquer maneira daria a volta.
  — Não matei? — Harry deixa seus lábios úmidos enquanto sustenta um olhar com o homem a sua frente — ainda — sorriu.
  — Rapazes vamos parar com essa conversa pessoal, viemos tratar de negócios, sim? — um homem de cabelos grisalhos comentou — até começamos sem você Harry, em partes que não te interessaria. — Esse homem parece conhecê-lo há mais tempo ou tem uma afinidade com ele que os outros aqui não têm.
  — Bom eu ouvi coisas, muito, muito ruins mesmo sobre você Vitsky, acho que não é alguém certo para negócios — um de cabelos ruivos diz.
  — Deve ser por isso que eu sou dono da porra toda — o sorriso do ruivo saiu da sua boca. Nunca vi Harry apostar nesse tipo de palavreado, não parecia alguém desbocado a esse nível.
  — Você foi quem matou Simmon Cullens, por que devemos confiar em você? — Harry acende um cigarro e os olha.
  — Pelo simples fato de estarem perdendo o que é de vocês para os franceses. — Todos parecem surpresos, como se para eles Harry não soubesse o que acabou de dizer, olharam-se e percebo o semblante sem emoção do homem ao meu lado, ele tinha todos em sua mão — estão matando os seus. Meu proposito é que eu ofereça a proteção a vocês, cem dos meus homens para os negócios e em troca.
  — Inteligência — um dos rapazes levanta rindo, parece ter em volta de seus vinte e oito ou trinta e dois anos — você tem muita e isso é muito valioso meu amigo — o ruivo diz, em segundos há uma arma apontada no rosto de Harry — vamos dizer que estou com a arma destravada pronta para estourar seus miolos — todos estão em pé, menos eu, Shawn e Harry — poderia pegar sua garota para mais uma na minha coleção — Harry se manteve intacto e sentado — mas não vou fazer — meus nervos não acalmaram assim que a arma estava ao cós da calça do homem, falou de mim. — Continue, conte-nos seu plano — todos se sentaram e eu pude respirar, aliás, eram agora nove homens contra dois.
  — Eu já lhe disse sobre meu plano. Estão caindo, cem homens os ajudariam, cem homens armados.
  — Não nos disse o que quer em troca — Harry apaga seu cigarro e apoia suas mãos sobre a mesa
  — É simples, apenas dez caixas de uísque — todos se olham — dez caixas. Irei transporta-las para a França e no outro dia receberá uma notícia.
  — Não faço negócios com inimigo — Cameron diz.
  — Deixe-o terminar de falar — parece que o senhor de cabelos grisalhos era o chefe.
  — Sairão dos seus pés, apenas dez caixas, Nick, não vai lhe fazer falta.
  — Você as rouba sempre, por que está pedindo?
  — Há vamos lá, é uma forma de reconciliação — todos ficam em um grande silêncio, se olhando e Harry não ficou para trás, assim como eu o olhava querendo imaginar o que ele poderia estar tramando, sinto minha garganta seca, olhando para todos em volta acabo pensando em quantas armas estão espalhadas só nesse banquete, assim como eu, todas as garotas estão quietas.
  — Fechado, mas se amarelar estamos na sua cola Vitsky — Harry olhou a mão de Nick e sorriu "amigável" a apertando.
  — Não irá se decepcionar — todos se levantaram e eu junto, Harry segurou minha mão e sua tranquilidade com tudo estava me deixando com uma pulga atrás da orelha, está muito quieto até pelo que o ruivo falou.

  Viramos as costas e Harry segurou sua espada, seu sorriso se foi tão rápido quanto assumiu o seu semblante sério, andamos e eu o olho, não conheço esse homem, o que saia sorrindo dos negócios com um olhar sombrio, não é o Harry ali.
  — Me diga o nome do seu estilista, cada dia mais esquisito! — Ouvimos assim que abrimos a porta e caminhamos para fora do luxuoso lugar, espero para estamos longe do restaurante, quando abre a porta do carro para mim e Shawn entra no banco da frente, observo os dois.
  — Harry — me olha — não era um jantar?
  — Sim — ele não me olha.
  — Por que eu ainda estou com fome? — passo minha mão na barriga e ouço a risada alta de Shawn.
  — Você é demais!

Um Último Gemido - Livro 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora