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  Dispo a blusa de Harry para longe do meu corpo colocando um conjunto de moletom, o colar que me deu e umas sandálias normais. Abro a porta e saio do meu quarto. Descendo as escadas ouço uma risada alta e vejo Cristal e Shawn a jogar algum jogo. Aproximo-me dos dois, mas antes que eu possa falar alguma coisa, ouço o barulho das habituais botas de Harry, meu olhar vai até a escada e vejo ele e sua mãe descer, parece que a conversa foi muito mal. Harry caminha até mim e segura minha mão, antes de ir até Cristal e lhe dá um beijo a testa.
   — Voltaremos no fim da tarde, estejam de malas prontas — voltaremos? Malas? O que se passa? Sou puxada junto com o homem alto de terno preto para fora dos nossos aposentos.
   — O que se passa? — digo assim que estamos no carro e Harry não diz nada, o barulho da Ferrari Preta a qual dirige ecoa pela rua e apenas encolho no banco olhando a neve lá fora cair.
   — Coloque o cinto — por mais que eu tive vontade de soltar maldições, me contive e apenas coloquei meus pés para fora do banco e passei o cinto por meu pescoço cruzando meus braços sem o encarar sentindo seu olhar queimar em mim. — Débora quer ir embora hoje. Iriam daqui alguns dias, mas irá hoje e iremos a levar.
   — Por que está me levando para sua empresa? Não me disse nada.
   — Quero você lá. — Com suas poucas palavras me contento para virar a janela e não fazer mais nenhuma pergunta nota-se que está com pouca paciência e mesmo que não seja por minha culpa poderia descontar em mim, não posso esquecer que Harry é uma bomba relógio.

   Quando chegamos ao seu trabalho foi totalmente diferente do que eu imaginava, pensaria que seria gentil em me apresentar as pessoas que estavam na empresa, mas na verdade não fez nada apenas segurou minha mão e subiu pelo elevador até sua sala, é tudo um mar de organização. Prateleiras cheias de livros super organizados, sua mesa tem um telefone, um notebook, alguns papéis e canetas. Duas poltronas pretas de coro à sua frente, tudo neutro, em cores preta e cinza. Com essa visão toda até tenho medo de tirar a poltrona do lugar ou tropeçar no tapete bem alinhado, apenas espero para que me dê permissão para fazer algo, aqui ele não é o Harry de casa, é o Harry do trabalho a assumir outra pessoa com outra personalidade, talvez.
   — Sente — perto de sua secretaria aponta para a poltrona à sua frente, observo que senta na sua cadeira enquanto caminho lentamente até a poltrona, nunca reparei, mas Harry deve ter tido boas aulas de etiqueta, anda calmo, tem um ar excepcional de graça e sabe bem as palavras que deve dizer, em que tom e como. Vamos se dizer que o Harry da máfia precisaria do pouco da graça desse Harry "normal". Uma pessoa com duas vidas, e duas personalidades. Como ninguém o descobriu? O cara mais procurado de toda a Europa é aquele que aperta a mão dos mesmos policiais que tentaram o capturar ontem, como isso? Harry abre seu notebook e suspira alto, começa a digitar alguma coisa e eu observo tudo ao meu redor. Dobro minhas pernas estilo borboleta para que me sinta mais confortável, observar a sala atentamente se tornou meu hobbie temporário. Nada de câmaras, nada colorido, tudo milimetricamente organizado que dá até agonia não ver um mísero papel virado ao contrário, será que os livros da estante também são tão organizados que não tem um de título virado?
  — Pegue esses papéis para mim e separe eles por nomes — minha atenção na estante é tirada por sua voz e encaro os papéis que me entrega — cada um tem nome específico de alguma empresa querendo fazer negócios. Então por exemplo se tiver mais de um papel da empresa Chossy, você separa — pego os papéis de suas mãos e o observo a por os óculos em seus olhos, batidas na porta são ouvidas e nossa atenção foi para a mesma que só foi aberta quando permitiu.
   — Com licença senhor Van Vitsky — uma moça morena adentra a sala com uma pasta a mão fechando a porta atrás de si, cabelos curtos e cacheados, nada de brinco, nada de colar, apenas um batom vermelho nos lábios carnudos e uma combinação linda da sua saía amarela com figuras geométricas brancas e a blusa laranja — hoje chegou uma ligação da empresa dos McCartney e daqui à uma hora terá reunião na sala três.
   — Tudo bem Paula, obrigado — ele é tão formal, nem parecia aquele homem que solta tantas maldições nas mesas dos negócios sujos. — A propósito, onde está Suzana? — a mesma moça na qual falava quando chegamos a Londres.
   — Ela está organizando suas reuniões como pediu.
   — Tudo bem — é simplesmente a porra de um homem que trabalha em uma empresa e cuida de negócios bons. Ele era tão, normal, acho que tenho sim explicações para a polícia nunca ter desconfiado de nada, mas até quando não iriam desconfiar?

   Por fim acabo tudo e deixo sobre sua mesa no mesmo lugar, todos alinhados Harry os segurou e volto a olhar a estante repleta dos livros, sei que provavelmente não são de outro gênero a não ser empreendedorismo, mas a minha curiosidade por incrível que pareça é achar um defeito nessa sala perfeita, droga, isso se tornou meu objetivo. Levanto caminhando até lá, como disse a primeira fileira era dos negócios ou de "aprenda a negociar", não havia nem pó nas prateleiras quem dirá um livro ao contrário. Suspiro e deixo que meus ombros caíam em derrota, passando meu olhos por tudo acho um único livro de cor diferente e título metálico, o seguro e caminho até a poltrona novamente, quando me sento observo Harry e para minha surpresa me olha.
   — O que foi? É algo especial? Eu coloco de volta n...
   — Não precisa — fechou o notebook e levantou, caminhou lento até mim e sinto seus dedos na minha bochecha, afastam uma mecha dos meus cabelos para trás da minha orelha, seus óculos são tirados e postos na mesa, se aproximou da minha orelha e sinto sua respiração quente bater no meu pescoço me fazendo arrepiar — tira sua calça — esbugalhados meus olhos estavam e esbugalhados continuaram, até ele me olhar — a calcinha também.
   — A-Alguém pode entrar — sinto minha voz vacilar. Harry tem apenas um semblante neutro sem nada a revelar por trás.
   — Não entram sem bater — engulo em seco e sinto meu peito gelar. — Agora! — sua voz sai de sacana para autoritária e o olho, aos poucos tirei minha calça e minha calcinha junto e o olhando percebo o quão satisfeito está com cada ação. Harry vem até mim e me olha nos olhos, suas mãos abrem minhas pernas e o sinto massagear meu ponto sensível, mordo meus lábios o encarando e vejo seus olhos alternar entre meus lábios e meus olhos. — Não faça muito barulho bebê. Seu senhor não vai gostar — fiquei sem entender, mas quando seus dedos entraram em mim, entendi muito bem do que se trata.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora