43

4.7K 310 0
                                    

Anna

  Harry se vira e pega minha mala, caminha até a janela e observa algo lá fora. Viro-me enquanto arrumo meus cabelos e depois olho para o mesmo que me observa.
  — O que foi? — não responde apenas continua a me encarar — aconteceu algo de errado? Fiz algo ruim?
  — Você tem cinco minutos para descer para sala — foi duro, eu não entendo seu ato repentino, mas concordo com ele. Saiu do quarto e vou até minha bolsinha pegar o perfume, suspiro e apago a luz do quarto deixando que a lua o ilumine, até Deus sabe quando eu vier novamente. Desço as escadas, vendo Harry em pé na porta com uma garrafa de uísque, já ouvia os motores dos carros dos seguranças, então chego a sua beira e o olho.
  — Por que chorava sozinha no closet? — Harry ouviu, não sei se o falo, e se ele pensar que estou louca? — Me responda Annastácia! — sobre salto com seu tom e o olho nos olhos.
  — Me chamaria de louca — me sento no sofá olhando para o chão.
  — Fale — olho para ele que ainda está de costas e com uma postura reta.
  — Pode parecer loucura, mas eu vi... — respiro fundo — eu vi Frederick — Harry se virou para mim com seu cenho franzido quase de imediato — é sério! Eu olhei para fora quando você estava no banheiro e — falo meio alterada e olho para o chão — estava escondido atrás da árvore. Era ele! Eu juro — me pego a pensar no semblante daquele ser. Era sim Frederick!
  — Não estou te julgando ou algo do tipo — sua voz foi demasiado audível.
  — Mas está me olhando como se fosse louca. Eu sei que vi ele morrer aqui, exatamente aqui! — as lágrimas chegam e eu respiro fundo mantendo meus olhos fechados — mas, era muito real. Muito — minha voz quebra e abro os olhos, vejo suas botas.
  — Vamos para casa. Você está apenas assustada com tudo. Aconteceu rápido demais só faz dias, daqui a alguns dias você irá se recuperar e conhecer minha mãe. — O fato de ele falar de sua mãe me deixa feliz. — Vamos para casa.

  Harry segura em minha mão e levanto com sua ajuda. Ao saímos da casa entramos em um dos carros e todos os da frente andam. Despeço-me hoje, de todas as coisas ruins que passei nesta casa. Na verdade, a única foi com Frederick, os passeios com Harry foram ótimos, sempre muito atencioso comigo e várias outras coisas que me fazem sorrir bobo em pensar. Coisas que eu nem mesmo pensei em fazer e fui capaz até de pedir, de realmente me entregar a tudo o que poderia me propor, atendeu o meu pedido e isso foi o mais louco, Harry me mostrou algo totalmente diferente e bom, estou entrando numa nova etapa da minha vida. Acho que está na hora de deixar o passado no passado, estou presenciando coisas boas e coisas novas, e está na hora de viver isso, abrir um pouco da porta da felicidade. Harry por fora é o homem frio, mas deixou-me ver o seu lado vulnerável, quem o olha de longe pensa que é alguém insensível que não tem nenhuma bondade, mas quem o conheceu pouco como eu conheci, e tenho certeza que não são muitos, sabemos que isso é só sua armadura. Posso também está pensando errado, porque além de ter tido uma intimidade tão forte com ele, não o conheço tão bem como penso, não sei, ainda olho nos seus olhos e vejo o mistério, foram apenas quatro semanas. Às vezes acho que ele me conhece tão bem quanto eu o conheço, mas não tem como, vivemos no mesmo tempo, quatro semanas e só disse coisas no mesmo tanto que ele me disse, mesmo havendo tantas dúvidas sobre seu passado. O que me surpreendeu foi o simples fato de ele ter ficado tão frio e diferente em relação a Otto, talvez porque eu lhe contei sobre os abusos. Mas não custava ele ter me falado sobre meu pai, aliás, eu não o vi quando saímos da minha casa. Suspiro vendo o carro chegar ao aeroporto e quando me viro para Harry ele me olha.
  — Estava tão entretida com seus pensamentos que não me ouviu? — seu cenho é suave, apenas me analisa.
  — Me desculpe. O que disse?
  — Que quando chegarmos, amanhã mesmo tenho uma reunião e você irá comigo. — Otto nunca me levou a reuniões.
  — E Mary? — o olho nos olhos.
  — Mary voltará daqui a alguns dias — Harry sai do carro e respiro fundo antes de fazer o mesmo o acompanhando para seu jatinho — alguém pegou amizade com Mary — sorri de canto.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora