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  O que minha mãe deve estar pensando de mim? O que ela me falaria se me visse assim? Ainda mais com uma pessoa como ele.
  — Você é muito persuasivo — o que digo parece desperta-lo de pensamentos.
  — Eu não fiz nada — sua voz sai num tom tão neutro que posso dizer que é sarcasmo.
  — Me provocou até que eu dissesse com todas as letras — seu peito treme no que é uma pequena risada sem som.
  — Na verdade, eu disse que esse jogo não teria apenas punições, mas também recompensas. Você quem iria escolher se sua recompensa seria comigo ou com os brinquedos. — Engulo em seco, pois, me sinto fraca as provocações agora. Passamos mais minutos calados, minutos esses que durante eles minha mente pareceu vazia. — Como foi sua primeira vez? — o olho, está me olhando e afasta meu cabelo do rosto.
  — Minha primeira vez? Vem cá, isso faz parte do seu fetiche? Pergunta como suas ficantes perderam a virgindade? — consigo ver a minha expressão de indignada pelos seus olhos.
  — Geralmente, as minhas ficantes nem mesmo me olham depois de uma transa — sinto minhas bochechas queimarem e olho para seu peito, subindo e descendo devagar.
  — Foi no ginásio onde prático, praticava, aula de tecido. Era o único lugar onde eu tinha privacidade sem Otto está no meu pé e mais cinquenta seguranças. Então eu fingir não ir à aula, me escondi na sala de colchões e esperei o único menino da turma, eu tinha dezesseis anos, fazia sete meses desde que havia começado as aulas e ele já praticava.
  — O que aconteceu com ele? — olhando em seus olhos me sinto patética e ingênua.
  — Foi embora para a Califórnia um mês depois, para a faculdade — acenou.
  — Então essa foi praticamente uma segunda primeira vez?
  — Depois de anos, sim. Mas aquele ano, naquele ginásio e naquela salinha antes de um mês que ele fosse embora eu descobri que amava o perigo — saio de perto do seu corpo suado e grudento e vou tomar um banho, antes que me faça detalhar como foi as outras vezes.

  Acordei no meio da noite de repente, ele não estava ao meu lado como me lembro quando dormi, seu lado da cama estava bagunçado e frio. Levanto colocando meus chinelos e saindo do quarto. O corredor e o começo da escada estão escuros, uma luz amarelada e fantasmagórica mostra a sombra do que seria folhas de papel indo de um lado para o outro, penso em voltar, mas o barulho de um pigarro e algum objeto solto sobre a mesa de centro me faz voltar.
  — Por que está acordada às quatro da manhã? — não estou nem mesmo no último degrau quando escuto sua voz, por um segundo me imagino no castelo da fera, mas lá eu não o acharia tão facilmente como aqui.
  — Apenas despertei — agarro a mim mesma enquanto estou em pé no meio da sala, esperando ser julgada pelo juiz a minha frente, pega o óculos de grau sobre a mesa de centro e muitas papeladas, um gole na bebida no copo e encosta no sofá. Solto um suspiro calmo e baixo e me dirijo para o outro sofá, deito e agarro uma almofada, a última coisa que escuto é sua voz calma:
— Boa noite princesa.

  Quando acordei pela manhã demorei muito a lembrar como fui parar na cama, Harry já não estava ao meu lado e, já se passava para o começo da tarde, então levantei tomei um bom banho e fui preparar o meu almoço. O primeiro susto do dia foi de Frederick fazendo a ronda, o ver me observando pela janela não foi nada legal, ele está aqui por mim, mas não fará nada que eu pedir, eu não tenho nenhum objetivo para dar ordens, o que eu pediria? Para ele preparar a minha banheira? Corto legumes enquanto o macarrão fica pronto, o único jeito de passar o tempo é assistir alguma coisa, eu não sei quando Harry chegará, mas pelo começo da noite eu irei preparar um bom jantar e me arrumar talvez, vou o convidar para comer comigo, uma boa comida em casa, eu quero o conhecer então farei como pessoas conhecem outras.

  No quarto já pelo fim da tarde preparo uma roupa, demoro em escolher entre o vestido azul-céu da manhã ou o azul-céu da noite, entre as sapatilhas ou sapatos, entre cabelo salto ou preso e com isso as horas passam e temo pelo tempo de cozimento dos alimentos escolhidos, então deixo a escolha para em cima da hora. Vou ao banheiro para uma leve maquiagem, mas ouço um barulho no quarto, procuro o relógio de pulso, porém, esqueço que está no quarto, não é hora do Harry chegar.

  — Oh! Frederick! Posso ajudar? — sorrio para ele, se aproxima de mim, sorrindo, seu olhar tem alguma coisa, eu poderia dizer que era raiva, mas eu não fiz nada para ele, tinha um brilho doentio e confesso que estava me assustando a cada passo dele sem dizer uma única só palavra.
  — Sim, você pode me ajudar.

Um Último Gemido - Livro 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang