CAPÍTULO 2.1

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Depois da sua primeira experiência com susto, Taeyong desejou mais e mais. Pesquisou formas e maneiras diferentes de pregar peças nos outros, se escondia nos lugares, fingia ser um fantasma, mas a coisa que ele mais adorava era personificar assassinos famosos. Taeyong tomou gosto pela coisa e investiu nos equipamentos, muito diriam que ele era quase um profissional. Mas ele teve que fazer uma pausa no seu hobby, guardou todas as coisas em um canto do armário e tentou fingir que nada daquilo existiu um dia. Sua mãe num dia lúcido pediu por ajuda e Taeyong teve que ajudá-la, foram meses indo a vários médicos diferentes, procurando qualquer gota de esperança, até que conheceu um terapeuta que a mudou completamente. Sra. Lee não era mais aquela mulher largada e desprezada pela vida, ela mudou seus medicamentos, seus hábitos, decidiu mudar de vida e tentar de novo ser feliz ao lado de seu filho, que por outro lado só afundava cada vez mais.

Aos 13 anos Taeyong era aquele típico garoto ‘bullynizado’ na escola, odiado pelas garotas por se parecer um perdedor fracassado, não era líder de nenhum time, não participava de nenhuma aula extracurricular e muito menos andava em grupinhos se gabando de coisas que podia comprar com o dinheiro dos seus pais. Na verdade, Taeyong nunca ligou para nenhuma dessas coisas, mas a abstinência que tava tomando conta do seu corpo por ter deixado seu hobby de lado o estava incomodando. Expulso de quatro escolas diferentes por entrar em brigas, matar aulas, ameaçar professores, diretores e qualquer um que cruzasse seu caminho falando qualquer coisa que fosse em relação a sua família, e Taeyong não era só de falar, ele agia.

30 de outubro de 2009

Véspera de feriado, Halloween, data que se tornou favorita no calendário do jovem garoto. Taeyong estava em um episódio um tanto quanto animado depois de passar meses no quarto trancado apenas se mutilando, odiando a si e a todos.

“Vamos ao mercado comprar abóboras para decorar a casa filho?” Sua mãe perguntou enquanto guardava algumas coisas na bolsa.

Taeyong aceitou sem dizer muito, vestiu uma calça velha e saiu do quarto, se sentiu tonto por um momento mas tentou reunir forças no ar que inspirou pelos pulmões.

Acompanhou sua mãe nas compras, sugeriu algumas decorações um tanto quanto bizarras, mas a Sra. Lee aceitou tentando não contrariar demais o filho. No caminho de volta deu de cara com a loja de fantasias que havia visto há exatamente dois anos, na mesma época do ano. Lá estava ela pendurada o encarando como se chamasse pelo seu nome. Lá estava a réplica da roupa original usada por Norman Bates, Taeyong não tinha ideia do porquê ser tão fascinado por aquilo, mas depois de umas pesquisas na internet achou a história tão sombria e ao mesmo tempo interessante de se ler. Depois de anos fingindo ser vários assassinos diferentes, nunca se deu a chance de experimentar estar na pele de Norman Bates, então pensou que essa era a chance.

“Mãe, compra uma fantasia para mim?” Pediu o pequeno garoto que parecia muito mais novo do que realmente era.

“Claro meu amor, qual vai querer?”

“Aquela ali” ele apontou com seu dedo fino, sabendo exatamente onde estava, depois de anos passando pela mesma loja.

“Ahm...” sua mãe pensou bem sobre, depois de um suspiro decidiu entrar na loja “tudo bem, vamos lá experimentar.” E entrou com Taeyong.

Voltaram depois de um bom tempo, o vendedor se desculpou inúmeras vezes por não ter o tamanho de Taeyong, mas o garoto insistiu tanto que ele acabou vendendo o menor tamanho por um preço em conta. Taeyong falou que ele mesmo faria uns ajustes para caber depois. E foi o que fez quando chegou em casa, passou a noite inteira vestindo a roupa e tentando de tudo para que ficasse boa, até que se olhou no espelho e sorriu, mais uma vez aquele sorriso vazio e sombrio que Taeyong usava para amedrontar as pessoas. Guardou tudo e foi terminar de arrumar a decoração que havia prometido para a mãe.

No dia seguinte tudo estava conforme o planejado, Taeyong não tinha muitas esperanças nem nada em mente, apenas seguia seus instintos e ajudava sua mãe quando necessário porque ele sabia que horas mais tarde poderia ser quem quisesse.

“Será que vão vir pegar doces na nossa casa?” Sra. Lee falou esperançosa enquanto fazia os ajustes finais na sua decoração.

“Devem sim, nossa casa vai ser uma das mais assustadoras da rua.”  Taeyong tentou manter a animação na voz para não decepcionar sua mãe.
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Depois que mudou de tratamento e começou os novos exercícios da terapia Sra. Lee não se parecia em nada com a mulher de anos atrás que vivia trancada no quarto chorando e definhando. Taeyong ficou feliz com a mudança e com o fato de não ter que dedicar 90% do seu tempo para cuidar da mãe, não que ele não a amasse, pelo contrário, ele devia a vida a ela, mas para um garoto de 11 anos ir no mercado e fazer comida era demais. Ele deveria ter brincado, saído com os amigos, ter quebrado um osso ou dois, explorado lugares novos e assistido muito desenho. Amadurecer cedo demais mexeu com o interior do Taeyong de uma forma assustadora, sua mãe as vezes prefere ignorar muita das coisas que ele fala ou faz, ou simplesmente o fato de que ele fica trancado no quarto a maior parte do tempo procurando sobre assassinatos, homicídios, pessoas mortas e qualquer coisa que envolva sangue. Não que a Sra. Lee não tenha tentado conversar com ele algumas vezes mas o garoto era bom com argumentos que impressionava até a mãe que caía em todas as explicações que ele dava sobre determinada coisa.

“A professora de psicologia social pediu fatos e argumentos sobre como funciona a mente de um criminoso enquanto ele planeja um crime envolvendo um grupo de 3 ou mais pessoas.” Taeyong falava, com apenas 12 anos. E mostrava fotos e folhas de pesquisas. “Não é incrível a capacidade do assassino de levar meses, até anos tramando o plano perfeito pra no final sempre ser pego por um mínimo detalhe? Esses caras parecem que fazem de propósito, ou então tem aqueles que levam anos e ninguém sequer sabe a verdadeira identidade dele. Simplesmente porque ele não quer. Isso é genial demais mãe!”

O garoto se animava com o mínimo de interesse da mãe pelas coisas que ele fazia ou procurava, chegando até parecer um garotinho normal. Mas ela nunca desconfiou de que tudo aquilo eram pesquisas para ele próprio, pra no final, torturar suas vítimas com o mínimo detalhe sobre sua vida pessoal.

“Você acha mesmo que eu não sei sobre aquele seu namorado idiota que deveria estar te esperando em casa agora achando que você está estudando com sua amiga? Você é muito ingênua de achar que ele acredita nisso, não é? E se ele soubesse da verdade? OU MELHOR! SE ELE VISSE A VERDADE?”  Ele ria sem nenhum pudor enquanto revelava o namorado seminu, tendo apenas uma toalha por cima dos genitais. Amarrado com correntes no teto do galpão abandonado.

“Seria uma pena se ele estivesse te traindo também não é? Vocês se merecem! Ah espera, você não sabia? Puts, desculpa mesmo.”

Ele fez a garota ouvir todos os pecados que o namorado havia feito, fez os dois prometerem de joelhos nunca mais implicarem com nenhuma criança na escola só pelo fato de estarem entediados ou querendo algo para se divertir. Taeyong tomava cuidado com os mínimos detalhes para que ninguém sequer desconfiasse, agia no silêncio e depois libertava as vítimas, talvez esse fosse o propósito. Traumatizar todos assim como fizeram com ele.
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“VOCÊS NÃO SÃO DIGNOS DESSE DOCE!” Ele gritava para um grupinho de crianças que batiam a sua porta e entregava um punhado de balas para cada uma delas.

Algumas gritavam se medo, outras se assustavam mas queriam os doces e umas nem se mexiam. Isso o incomodou e então decidiu trocar de fantasia.

“Acho que você está pronto para entrar em ação meu amigo...” Taeyong acariciava as roupas que comprara no dia anterior e sorria.

“Mãe, vou sair para pegar alguns doces, se precisar de alguma coisa me liga.”

“Tudo bem amor...” ela deu um beijo em sua testa maquiada “não demore muito na rua, devo dormir por volta das 0h.”

O garoto acentiu e saiu, a noite estava agradável, um vento fazia a fantasia de alguns voarem soltas, o cabelo do jovem Taeyong teimava em colar em seu rosto, algumas folhas que caiam livres das árvores formavam um mini redemoinho no meio da rua. Crianças corriam e brincavam como em todos os anos. Taeyong bateu em algumas portas, pegando a maior quantidade de doces que conseguiu, voltou para casa para guardar alguns. Pegou sua mochila, guardou umas balas no bolso e abriu um pirulito fazendo barulho enquanto o lambia com vontade.

Timeless [jaeyong]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora