CAPÍTULO 4

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Presentinho porque eu sou tão ansiosa quanto quem gosta de ler, hahaha. Minha vontade era de sair postando tudo mas eu gosto de escrever antes de postar até porque eu mudo muita coisa da ideia original. Então, é isto.
Obrigada a quem acompanha ♡♡♡
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14 de novembro de 2009

Se tudo estivesse acabado o que seria isso? Taeyong abriu os olhos devagar, relutante, a luz queimava de um jeito perturbador. Piscou inúmeras vezes tentando reunir forças pra se manter acordado. Não poderia ser, teria morrido e ido para o céu? Ou seja lá que lugar era esse.

“Tae...” ele ouviu perto do seu ouvido e algo tocou seu braço. Não conseguiu se mexer de primeira, parece que seu corpo inteiro tinha parado de responder aos seus comandos.

“Hmm...” ele fez um barulhinho e logo em seguida ouviu um choro.

“Sou eu filho, sua mãe.” Sra. Lee era só lágrimas “você voltou para mim amor.”

Taeyong fechou os olhos de novo, é ele não havia morrido. Não sabia o que era pior. Tentou se mexer e de novo nada, isso era pior do que o inferno. Ele realmente desejou estar morto, mas ao sentir sua mãe o abraçando e agradecendo à Deus por tudo, respirou fundo, apesar de se odiar aquela mulher estava feliz por ele estar ali.

Ouviu algumas explicações da sua mãe em relação as cirurgias que foi submetido, que por sorte foram só para conter o sangramento, remover as balas e reconstruir alguns vasos, ele não havia perdido nenhuma função importante e voltaria a andar depois de algumas sessões de fisioterapia. Perdeu praticamente metade do sangue e isso o deixou muito fraco, ficou dez dias em coma induzido, não tinha forças nem para respirar sem ajuda de aparelhos. Definitivamente aquilo não era o céu e sim o inferno.

Foi forçado a comer uma comida sem gosto e sem sal por dias, e ainda ia ficar mais uma semana no hospital por não conseguir sair da cama, a cada dia que passava ele só pensava em se jogar da janela, mas até para isso precisava de ajuda.

“Taeyong...?” Ouviu uma voz e despertou do seu cochilo, olhou para a porta e seu coração deu um salto ouvindo um ‘beep’ intenso do aparelho que o monitorava.

“Que porra é essa?” Falou sozinho e respirou fundo tentando se controlar.

“Estou atrapalhando?” A menina perguntou, fechando a porta atrás de si “posso voltar outra hora.”

“Não, tudo bem. O que está fazendo aqui?”

“Vim ver como estava... como se sente?”

“Como chegou aqui... como sabia...?” ele a olhou confuso e recebeu um sorriso verdadeiramente envergonhado.

“Eu estava voltando da casa da minha tia, estava em uma festa, ela terminou tarde então...” ela deu de ombros e se encolheu “eu vi os outros meninos, fiquei curiosa com o que tinha acontecido” ela estremeceu ao se lembrar da cena “levei quase a madrugada inteira para esconder dois dos corpos...” e respirou fundo.

“E o que fez com o terceiro?”

“Você precisava de um álibi, eu não poderia ligar para a emergência sem ser acusada de ter feito aquilo tudo.” Ela o olhou sentindo vontade de protegê-lo de todo o mal “acho que estamos quites...” e passou a mão no cabelo se escondendo mais ainda.

“Não sei se vou agradecer, eu odeio a minha vida...” ele riu sem vontade alguma “eu realmente achei que aquela seria a minha última hora.”

“Não fala uma coisa dessas, toda vida é preciosa, todos temos um propósito além de sofrer, huh?” Ela falou e logo depois pegou sua mão fazendo carinho “você vai achar um propósito, sua vida nem começou direito Tae, vai dar tudo certo.” Ela sorriu e beijou sua mão “eu vou cuidar de você”

“Ahm...” ele tentou recolher a mão devagar, mas foi impedido “é melhor não, eu sou um poço de problema, eu odeio as pessoas na mesma intensidade que quero vê-las sofrer, você viu o que eu fiz com seu nam-primo...” ele se corrigiu e parou de falar em seguida.

“Eu não me importo, eu sei que você pode ser muito mais do que isso. Nada do que aconteceu antes vai importar, o seu futuro é o que temos agora, tudo bem?” Ela sorriu e o menor podia jurar que todo o quarto ficou iluminado depois daquilo.

Passaram o resto da tarde e o começo da noite conversando mais detalhadamente sobre como Taeyong foi achado e os corpos foram escondidos, todas as explicações para a polícia e para Sra. Lee. Taeyong conseguia falar um pouco mais, apesar de sentir a necessidade de ficar quieto, então em algumas horas apenas ouvia e acenava.

Taeyong fez uma amizade ao acaso, não se sentia completamente confortável com a ideia mas pelo menos ela não invadia seu espaço pessoal, o deixava quieto quando pedia e cuidava dele mesmo não pedindo por isso.
Ela ia todos os dias no hospital no horário da visita, o alimentava, o ajudava na fisioterapia, contava histórias, lia notícias e ria de alguns programas bobos que passava na televisão.

“Eu gosto muito de você Taeyong...” ela disse e sorriu em sua direção.

“Hyejin, não fala assim, você sabe que não pode...”

“Eu gosto muito de você Taeyong, nada vai mudar.” Ela insistiu, ainda sorrindo para o garoto que estava protegido por edredons em cima da cama “você é uma boa companhia e me respeita.” Falou e se aproximou, sentando na cama.

“Hye...” Taeyong não conseguiu terminar de dizer, sentindo seu coração estranho daquela forma que ele não gostava muito, seu estômago fez um barulho de fome e Hyejin deu uma risada, fazendo Taeyong sorrir junto.

“Já está com fome de novo? Você tá em fase de crescimento ou o que?” Ela riu enquanto pegava um iogurte e biscoitos.

“Eu tenho 14 anos esqueceu? Vou crescer até os 20.”

“Vou me lembrar disso quando for ao mercado, ‘trazer mais comida para a criança em fase de crescimento” ela fez uma vozinha enquanto arrumava tudo e ria.

“Você me odeia.” Taeyong falou e se encolheu nas cobertas, deitando.

“Aham, odeio tanto que estou te alimentando Taeyong.” Ela o serviu com uma colher de iogurte e sorriu, limpando o canto sujo de sua boca “você as vezes parece muito uma criança, como não pensar nisso?”

“Para...” Taeyong falou manhoso e fechou os olhos.

Hyejin aproveitou o momento e o beijou, dessa vez sabia o que estava fazendo e não se afastou tão rápido. Taeyong sentiu seus lábios quentes junto aos próprios que estavam frios por causa do iogurte. Seu coração falhou algumas vezes e acelerou, seu corpo formigou por uns segundos e ele tentou se afastar, mas não queria machucar Hyejin.

Ela o beijou devagar e delicado, fez carinho em seu rosto e continuou o alimentando, como se nada tivesse acontecido. E isso se seguiu por quase um mês, Hyejin cuidou do Taeyong até em casa, o levava para a fisioterapia e fazia companhia quando podia. Taeyong passou a se acostumar e até se sentia melhor com ela por perto. Conversavam sobre coisas aleatórias da vida, riam de programas bobos e a Sra. Lee amava a garota, a considerava como filha, apesar dos dois insistirem que eram apenas bons amigos. Mas isso não impedia de Hyejin de beijar o mais novo as vezes do nada, ela amava as reações de surpresa dele que nunca se acostumava com isso.

“Você tem que parar com isso... me deixa desconfortável...” Taeyong fez um bico enquanto empurrava o rosto de Hyejin, todo manhoso.

“Você adora que eu sei...” ela ria.

Taeyong deu a língua em resposta.

“Você é uma criança Taeyong.” Hyejin falou enquanto pegava suas coisas “vou para escola, devo voltar mais tarde só, tenho que passar em casa para ajudar minha mãe. A não ser que você queira ficar sozinho.”

“Não, tudo bem. Pode vir, eu devo dormir cedo então não se assuste.” Apesar de um mês depois do incidente algumas coisas ainda o deixavam cansado, ia ser difícil voltar ao ritmo normal.

“Tudo bem, vou mandar uma mensagem quando chegar em casa e te aviso quando tiver vindo, vou falar com sua mãe também, caso você tenha desmaiado antes...” ela amava implicar com ele.

“Idiota...” ele riu e mordeu a boca, aprendeu aquilo de tanto ver a amiga fazer o mesmo.

Hyejin beijou sua testa e saiu, dando um tchauzinho.

Taeyong não a amava, mas não podia negar que sua vida havia mudado um pouco depois dela. Fez algumas coisas com a mãe para passar o tempo, se exercitou um pouco e voltou para o quarto, deitou na cama, mas não aguentou muito, o sono o pegou antes mesmo das 22h.
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Dezembro nunca foi um mês favorito, passou a detestar o Natal depois que seu pai se foi e sua mãe ficou doente, então não tinha muito o que comemorar, ia nas ruas e via casas decoradas, bonecos de neve espalhados pelas calçadas, mas para ele era só uma coisa de criança.

11 de dezembro de 2009

Acordou na manhã seguinte um pouquinho melhor, levantou para ir ao banheiro e percebeu que sua cama estava vazia. Hyejin deveria estar agarrada com ele como sempre fez quando dormia lá.

“Omma, a Hyejin apareceu?” Taeyong perguntou da porta do quarto.

Sua mãe não respondeu de imediato, o que fez com que ele descesse as escadas e fosse ao encontro dela.

“Omma...?”

Sua mãe estava na cozinha fazendo algo para o café, mexendo sem parar em uma tigela.

“Omma...” Taeyong a cutucou, quando virou em sua direção percebeu que a mesma chorava, o rosto inchado e muito vermelho.

“Omma o que foi?” Taeyong perguntou preocupado “aconteceu alguma coisa?”

Sra. Lee abraçou seu filho na mesma hora, soluçava enquanto pedia à Deus para não ter que fazer aquilo com o filho. Taeyong sentiu seu coração apertar e abraçou a mãe de volta, começou a chorar que nem um bebê sem nem mesmo saber o que estava acontecendo.

“Omma fala comigo...” ele tentou depois de uns bons minutos.

“Me perdoa filho...” ela acariciou os cabelos bagunçados do filho e beijou sua testa.

“Pelo que?” Ele começou a chorar mais, controlou um soluço, seu coração ficando pior “o que aconteceu?”

“Hyejin...” ela começou a falar e parou, tornando a chorar.

“O que tem ela, omma?” O menino respirava com dificuldade.

“Hyejin foi assassinada.” Foi tudo o que Taeyong ouviu.

Seu joelho fraquejou e ele caiu no chão com força, não sabia porque se sentia daquele jeito mas, queria chorar e gritar para o mundo que aquilo não era verdade. Olhou para sua mãe que tentava se acalmar e cuidar do filho ao mesmo tempo. Levou minutos até retomar a consciência e levantou.

“Onde ela está?” Enxugou as lágrimas com o braço e respirou fundo.

Sua mãe explicou que levaram seu corpo para o hospital mas que não havia muito o que fazer, ela foi vítima de uma tentativa de estupro, como era uma menina inteligente sempre tomava cuidado quando saia mas o cara já a observava há muito tempo, quando viu que não ia conseguir o que queria, ele enfiou uma faca em seu peito, acertou o pulmão, ela morreu sufocada. O pegaram horas depois tentando fazer o mesmo com outra jovem.

Taeyong deu um beijo em sua mãe e saiu pela porta, não se importou com mais nada, correu pela rua, correu muito, sentiu o vento bater em seu rosto, seus olhos ardiam de tanto chorar, ele correu sem rumo até cansar, ajoelhou no meio do nada e gritou, gritou para o mundo ouvir que ele sentia dor, que ele estava ali sofrendo e que queria vingança. Foi até o hospital, andou por quase uma hora, seus olhos estavam em chamas, procurou a amiga bem na hora que viu os médicos carregando seu corpo, coberto por um lençol branco. Parou e ficou encarando, assim que chegaram perto seus braços tremeram, ele queria ter certeza mas não queria que fosse verdade.

“Hyejin...” falou com a voz rouca, levantou um pedaço do tecido e voltou a chorar, o choque de ver um corpo frio e vazio, aquela não era sua amiga, era só um corpo “Heyjin por favor, volta pra mim...”

“Precisamos leva-la" um dos enfermeiros falou, arrumando o pano.

“Eu quero a minha amiga de volta.” Taeyong falou se agarrando a maca.

“Desculpa garoto, não há mais nada que possa ser feito, ela já chegou sem vida.” O enfermeiro o puxou para trás.

“EU QUERO MINHA AMIGA DE VOLTA!” Taeyong gritou e todos perceberam a dor em sua voz, começou a socar o enfermeiro “EU QUERO ELA AQUI, VIVA, BEM, CUIDANDO DE MIM, ME FAZENDO RIR...” ele soluçava em meio as palavras “ela era a única que conseguia me fazer rir, que me fazia companhia e que cuidava de mim sem pedir nada em troca, ela não me machucava...”

“Eu sinto muito garoto, posso imaginar o quanto ela era especial.” O enfermeiro segurou o pequeno em seus braços, dando um sinal para os outros continuarem sem ele. Não era sua função mas abraçou Taeyong, o consolou por alguns minutos mas teve que voltar ao trabalho, pediu inúmeras desculpas ao menino e o deixou ali sentado.

Taeyong transformou a dor em ódio, ele queria vingança, ele odiava as pessoas e tinha motivo para tal. Correu, mas não muito, a delegacia ficava próximo ao hospital, perguntou pelo cara que havia feito tudo, mas foi impedido de vê-lo por ser menor de idade. Mas ele não se contentou, queria ver a cara do assassino.
Esperou alguns minutos, a delegacia estava vazia e a mulher da recepção precisaria ir ao banheiro uma hora. Quando teve a oportunidade invadiu o lugar, ele era pequeno então conseguia se esconder em qualquer espaço. Foi até onde ficavam as celas e ele era o único ali. Estava sentado, algemado e com a cabeça baixa.

“Por que você fez isso?” Taeyong perguntou baixo e viu o homem o olhar surpreso.

“Tá perdido garoto?”

“Por que você matou minha amiga?” O homem sorriu por entender o que ele estava falando.

“Você nem é ser humano, merece ir para o inferno ser queimado vivo. Por que matou minha amiga?”

“Quem é você garoto? Vai embora daqui, sua amiga me deu um chute no saco.”

“VOCÊ É UM MERDA! NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO!” Taeyong gritou chamando a atenção de alguns policiais.

“Ela gritou tanto, implorou para eu parar, eu poderia ter a deixado viva mas ela era muito barulhenta e não me deixou terminar o serviço.”

“EU VOU TE MATAR SEU FILHO DA PUTA, VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO!” Alguns policias agarraram Taeyong, o levando para longe.

“Como entrou aqui garotinho?” Um deles perguntou. Taeyong se debateu e conseguiu se esquivar.

“Me solta, eu vou matar esse filho da puta, ele matou minha amiga...!” Ele chorava de ódio enquanto falava. Correu até as grades e tentou segurar no homem que se afastou.

“Volta aqui menino, isso não é lugar para você, nós vamos cuidar dele e dar o que ele merece.”

O policial tentou segura-lo de novo mas Taeyong foi mais rápido e esperto. Sacou a arma do cinto em que ficava presa e mirou, acertou o ombro do assassino porque o policial o impediu de acerta na cabeça.

“Me dá isso aqui!” Arrancou a arma da mão do menor e chamou um colega para ajudar, os dois seguraram Taeyong e o levaram para longe, depois chamaram uma ambulância para cuidar do ferido.

“Por que fez isso, quem é você?” Perguntavam um atrás do outro para Taeyong. Ele chorava enquanto jurava vingança em meio aos berros. Outros policiais tentavam contatar os responsáveis dele, precisavam dar um jeito naquela situação.

Foi por pouco que Taeyong não foi preso como um adulto, agia com um descontrolado e gritava com todos que tentavam falar com ele, até uma hora que não falou mais nada. Sua mãe apareceu desesperada, passou uma hora e meia conversando com os policiais que informaram que iam entrar em contato com o serviço social para avaliar o garoto, talvez fossem precisar da ajuda de um psicoterapeuta. Taeyong estava acabado. Mas ele não ia desistir.

Foi ao funeral, acompanhou tudo em silêncio, ele nunca mais falou com ninguém, nem com sua própria mãe, se trancava no quarto quando podia, não voltou mais para a escola. Taeyong tentou se matar duas vezes com remédios, passava mal a noite inteira e vomitava tudo em seguida, seu corpo não queria morrer, apesar dele já está morto por dentro. Passou uma semana chorando e sentindo ódio.

Fugiu de casa uma noite e acabou matando duas pessoas, um cara tentava assaltar uma mulher e o cumplice viu o que Taeyong fez. Ao invés de ficar com medo ele sorriu, disse ao bandido que não tinha nada a perder se ele tentasse atirar, porque era o que ele mais queria.

Taeyong passou noites em claro torturando os adolescentes que um dia o machucaram, levando-os ao limite da loucura e do arrependimento, prometiam que nunca mais iam fazer nada igual. Taeyong apenas ria de suas encenações patéticas. Se vingou de todos que lembrava, ninguém mais podia zombar dele.

Já que ele não podia ser feliz, não ia deixar os valentões serem.

Timeless [jaeyong]Onde histórias criam vida. Descubra agora