treze.

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A primeira coisa que vi quando abri os olhos foram íris castanhas a observa-me. Olhei com atenção a sua cara enquanto tentava acostumar-me com a claridade a minha volta. O seu rosto foi tomado por uma tonalidade vermelha quando ele percebeu que eu já havia despertado e o pego no flagra. O amigo de Anabel se afastou de mim assim que me sentei na cama onde estava deitada.

— Bom dia — ele disse, com um pequeno sorriso.

— Olá — murmurei. 

A minha voz saiu rouca e arrastada. Os meus olhos ardiam, mas não tinha vontade de chorar. A minha cabeça parecia mais pesada que o normal e sentia o meu corpo quente. E não precisava ser formada em medicina para entender que havia algo de errado comigo.

— Como está? — perguntou a se sentar na cama, de frente para mim.

O encarei confusa a tentar entender onde estava e como havia chegado. O garoto a minha frente era amigo de Anabel, aquele que vi enquanto conversavam juntos que por um momento pareceu lembrar-me Haden e agora, o encarando de perfil os traços que eles tinham eram fortes. Era nítida a semelhança entre eles.

— Bem — murmurei de novo. Parece que a minha voz havia sumido.

— Como você se chama?

— Falyn e você?

— Luke — replicou. — Sou irmão de Haden.

Não fiquei muito surpreendida com o facto deles serem irmãos, a notícia que me deixou um pouco incomodado era saber que estava na casa dele.

— E onde ele está?

Quando ele abriu a boca para me responder uma garota entrou no quarto. Ela tinha um sorriso colado no rosto e os seus cabelos dourados estavam presos num coque desajeitado. A mesma tinha a aparência tão legal que até tive vontade de sorrir com ela sem ao menos saber o porquê.

— Você já acordou — pontuou e se virou para Luke. — Lembro-me de ter sido bem clara quando disse para você vir ver se ela estava acordada para em seguida avisar-me.

Ela não parecia zangada enquanto se sentava na beira da cama.

— Esqueci — deu de ombros.
Ela revirou os olhos e quando parou a minha frente esticou a sua mão na minha direção para eu apertar.

— Eu sou Liane. E sou vizinha desse garotinho sem filtro — se apresentou.

— Falyn. Prazer — redargui, a apertar a sua mão de volta.

— Então, Haden pediu-me que fizesse companhia a você enquanto ele ia à farmácia aqui perto comprar uns remédios.

— Porque ele quer comprar remédio para mim? — questionei confusa.

— Quando ele trouxe você aqui ontem você estava muito quente e ocasionalmente falava coisas sem muito sentido — o mais novo respondeu por Liane. — Então ele deduziu que você estivesse com febre.

— Ou pode ser outra doença qualquer — a garota loira acrescentou. — Eu sou da opinião que ele deveria levar você até o hospital e não bancar o médico profissional, mas como o bom vizinho que ele é mandou-me ir à merda.

Era visível a pequena raiva que Liane sentia por Haden. Era como se os dois não se suportassem. Julgo que se ela está aqui é devido ao pequeno afeto que sente pelo Luke. É óbvio o quanto ela gosta do garotinho e apesar do Haden provavelmente a tratar um pouco mal ela o ignorava e se concentrava em dar atenção ao Luke.

— Mas eu já estou melhor. Ele não precisava fazer isso.

Era mentira. Não me sentia muito bem, mas não queria ficar mais ali. Eu tinha que estar no orfanato com os outros agora e Louise deve ter-me procurado por cada canto daquele estádio e quando não me encontrou fez uma lista das mil formas de castigar-me por a ter desobedecido. Quer dizer, eu não a desobedeci, as circunstâncias é que a desobedeceram.

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