quarenta.

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Haden


Algo está errado.

Foi a primeira coisa que notei quando Sr. Robert entrou no carro e pediu-me para o levar ao seu restaurante preferido com um sorriso que quase rasgou a sua face de tão grande. E isso é estranho sendo que o mesmo raramente sorri, pior assim: como se o mundo fosse feito de arco-íris e algodão-doce.

Se o fazia é porque teve sucesso em tornar a vida de alguém um inferno porque que esse é o tipo de coisa que o deixa feliz, mas hoje é diferente. É como se tivesse atingido o ápice da felicidade. Se ele me dissesse que descobriu um novo elemento para tabela periódica ou criou uma máquina do tempo com aquela expressão, estampado no rosto eu acreditaria. E isso é preocupante.

Durante o tempo que passei com ele sei que não é coisa boa, mas como não é da minha conta decidi ignorar e fingir que não estou a ver. Nunca fui muito fã de procurar problemas por adrenalina.

Quando ele me convidou para o acompanhar no restaurante menti e disse que não estou me sentindo muito bem. O mesmo só deu de ombros e me dispensou, dizendo que eu podia ir para casa sendo que ele não precisaria mais de mim. Como sempre vem fazendo. Com uma frequência que me assusta porque tenho uma vaga noção de para onde ele vai.

As vezes tenho vontade de provocar um acidente. Ir contra um caminhão ou algo do tipo para ele morrer, mas ignoro esse pensamento quando lembro que também posso ir embora nesse processo e a última coisa que quero é deixar o meu irmão sozinho e me tornar um assassino. Porém, é frustrante ver ele respirando, sorrindo como se merecesse porque ele não merece.

Afastei esses pensamentos da minha mente e foquei-me em prestar atenção na estrada a minha frente. Estou indo para a casa do Sr. Robert. Ver a única pessoa que faz o meu coração bater num ritmo nada saudável, mas não me importo. Só de pensar no sorriso dela ao me ver — como se não existisse nenhum outro homem no mundo é adorável. Eu amo o jeito como ela me faz sentir único — e no seu abraço já sinto o meu rosto ficar quente.

É engraçado quando o meu corpo reage desse jeito só de pensar nela, mas é assim que venho me sentindo nos últimos dias.

Só estou preocupado com ela. A mesma têm estado um pouco agitada e distante. Preocupada com algo, porém nunca perguntei o que realmente se passava. Se a mesma quisesse já teria me contado e sendo sincero, não tenho o direito de a questionar sendo que quando é a minha vez, faço a mesma coisa.

E já tenho uma ideia de como ela se sentiu quando não a dei as respostas que ela tanto queria. É um pouco revoltante se envolver com uma pessoa que não confia em você nem para dizer a data do seu aniversário. Talvez as coisas mudem ao longo do tempo. Não sei. Iremos descobrir juntos.

Suspirei cansado assim que cheguei na casa. Sai do carro e coloquei as chaves no bolso.

Quando entrei a primeira pessoa que vi foi Jade no fim das escadas encarando o celular, para em seguida fungar e deixar ele no bolso com as mãos trêmulas. A mesma ainda não notou a minha presença, mas consigo ver que está chorando. Como se a cada respiração que desse, algo nela se quebrasse.

Confuso e preocupado aproximei-me dela e o som dos meus passos atraiu a sua atenção porque os seus olhos se encontraram com os meus e quando isso aconteceu o seu rosto ficou pálido. Como se tivesse levado com um balde de água gelada.

— O que aconteceu? — questionei, mas antes que ela pudesse verbalizar algo escutamos a voz de Greta.

— Jade, ela não está respirando bem. Ajude-me! — a mesma está gritando freneticamente em algum canto da casa no andar de cima. Senti o meu sangue gelar no mesmo momento.

NeutroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora