vinte e nove.

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Soltei um suspiro frustrado e fiquei na posição de queda livre na cama. Com o rosto escondido no travesseiro. Sabia que Haden não viria hoje. Sr. Robert ainda estava fora de casa e ele era o motorista então… sem nenhuma aventura por hoje.

Um sorriso involuntário apareceu nos meus lábios quando me lembrei da nossa noite juntos. Gostei muito de passar tempo com ele. Foi divertido e inesquecível — sendo que foi o meu primeiro quase encontro.

Ri para o nada e em seguida levantei-me da cama. Queria beber um copo de água para seguida ir à biblioteca que tinha na casa. Não que eu goste muito de ler, mas com certeza aquelas palavras dariam-me sono. Depois do que escutei mais cedo na mesa, dormir parece-me uma tarefa impossível. Não consigo deixar de pensar no que o Sr. Robert falou. Será mesmo que Theron teve algo a ver com a morte da mãe? Ou o Sr. Robert falou aquilo por pura implicância e maldade?

De qualquer forma, nenhuma dessas perguntas é da minha conta. Não quero saber de nada relacionado com essa família nesse sentido.

Abri a porta do quarto e comecei a andar em direção ao fim do corredor. Sentia-me um pouco a vontade pelo facto de saber que o Sr. Robert não estava na casa.

Quando estava prestes a descer o primeiro degrau da escada o barulho de algo se quebrando fez-me soltar um suspiro, assustada, porque foi muito alto. Olhei para a porta atrás de mim, incerta. Sabia que ali era o quarto de Theron. Já entrei ali uma vez.

Fiquei a encarar a porta como uma idiota, indecisa.

Ele poderia precisar da minha ajuda, mas ele não merecia, não é?

Grunhi baixinho e dei as costas a porta, mas quando estava no fim das escadas o meu lado bom falou mais alto e dei meia volta.
Voltei a subir os degraus e em seguida, com uma coragem que não sabia possuir bati. Não obti nenhuma resposta. Bom, pelo menos tentei.

Com esse pensamento girei os calcanhares, pronta para fazer o que queria desde o início, mas um grito fez-me congelar. Estava abafado, mas podia escutar com clareza o nome Cristal. Da mãe deles. Um buraco se formou no meu peito. Eu poderia ignorar muitas coisas, mas aquilo não.
O que é uma droga. Não posso ficar sempre com o coração mole quando algo relacionado a mães mortas está envolvido, mas aqui estou eu. Prestes a cometer um dos maiores erros da minha vida.

Dessa vez não bati na porta, apenas a abri.

O quarto estava escuro e as cortinas fechadas por isso liguei o interruptor. Ainda não havia entrado por completo. Estava com medo do que poderia encontrar ali. Se ele estivesse vulnerável não sei o que seria de mim. Não queria consolar ninguém, mas ignorar esse tipo de situação nunca foi do meu feitio.

Finalmente tomei coragem e abri a porta o suficiente para dar-me a visão de todo quarto, que estava vazio. Não tinha ninguém nem nada partido no chão.

Entrei com receio, a olhar tudo a minha volta com calma. A cama estava desarrumada, mas o resto estava no seu devido lugar, porém como? Eu sei que escutei o barulho da voz dele e de algo se quebrando.

Parei de andar quando reparei na porta da casa de banho entreaberta. Ele só podia estar ali.

— Theron? Você está bem? — perguntei, enquanto me aproximava. Empurrei a porta e fiquei levemente surpresa ao ver o espelho partido. Alguns cacos estavam no chão e outros no lavatório, com pequenas gotas de sangue. O meu olhar desceu até o causador daquilo, que estava sentado no chão a olhar para o nada, com as costas apoiadas na parede. Uma mão segurava uma garrafa de uma bebida qualquer e a outra machucada descansava na sua perna esquerda.

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