cinquenta e quatro.

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Haden

Falyn não olhou para trás em segundo algum desde o momento em que estou a acompanhado. Não sei se ela notou a minha presença e está me ignorando ou está perdida em pensamentos, mas não a podia deixar sair sozinha a essas horas da noite. Mesmo estando  magoado e irritado com oque aconteceu, o meu corpo simplesmente continua se movendo, a acompanhando onde quer que ela esteja indo.

Ainda não decidi se me aproximo e tento conversar. Não sei se é o momento certo. Nunca havíamos discutido assim. Nunca imaginei um cenário em que estaríamos magoando um ao outro de propósito com aquela intensidade. Nunca fui de discutir, sempre preferi dar as costas e ficar no meu canto.

Um clarão iluminou o céu e levantei o olhar para encarar um céu nublado e sem estrelas. Hoje está muito frio e com temperatura de que irá chover, mas a garota a minha frente ainda não percebeu isso porque está andando com a cabeça inclinada para baixo.

Ela não sabe para onde está indo e não se importa, mas eu sei para onde ela têm que voltar por isso, respirei fundo e acelerei os meus passos. Toquei no ombro dela e a mesma soltou um suspiro pesado, demonstrando que sabia que eu  estava a seguindo.

— Queria que você tivesse desistido no meio do caminho — parou de andar, e se virou para mim com uma expressão séria.

— Não consegui e para falar a verdade, não tentei — sustentei o contacto visual.

— Eu disse para você me deixar ir.

— A essa hora da noite? Nunca — desviei o olhar para um ponto qualquer.  — Vamos voltar para casa. Daqui a pouco pode chover e não será bom se você estiver aqui fora.

— Não tenho casa.

— Falyn — a repreendi. — É perigoso ficar aqui. Já está tarde. E uma rua deserta não é o melhor lugar para discutir.

— Nós não precisamos discutir, você só precisa me deixar ir embora.

— Já disse que não a deixarei ir para lugar nenhum — reafirmei, sentindo a minha paciência começar a desaparecer.

— Você sabe que não pode me obrigar a ficar na sua casa contra a minha vontade? — ergueu as sobrancelhas.

Rolei os olhos quando percebi que não adiantava nada tentar a convencer a me ouvir, ela está empenhada demais em me contrariar.

Sem a dar tempo de pensar em mais uma resposta, a carreguei de surpresa e a coloquei no ombro. Como um saco de batata.

— Haden, me coloca no chão — ordenou, se remexendo e dando pequenos tapas nas minhas costas.

— Você está me dando problemas com essa sua teimosia e se essa é a única forma de voltar para casa, é assim que vamos voltar.

Ficamos calados durante um momento até ela murmurar algum insulto e falar:

— Tudo bem — resmungou, tão baixo que quase não consegui ouvir.

— Tudo bem o quê?

— Eu volto com você — disse, num tom esganiçado. — Agora me coloca no chão.

NeutroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora