~9 - Saindo de dentro dos muros~

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- Alô...

- Oi Manu! - diz Cat ao telefone, como sempre está animada e posso ouvir o riso em sua voz.

- Aconteceu alguma coisa? - eu já estou mais calma, mas pergunto apenas por via das dúvidas.

- Não, sua boba. - escuto suas risadinhas nada discretas - Só queria te desejar um bom dia antes que eu fosse para a escola.

- ah! - solto o ar, que só agora percebi que estava prendendo e volto a respirar normalmente - Nossa Cat você quase me mata de susto ligando a essa hora da manhã. - reclamo, mesmo que eu esteja feliz em ouvir sua voz.

- Eu te assustei? - diz como se não entendesse o meu estado. - Que nada! - podia imaginar ela revirando os olhos antes de continuar. - Você é que se preocupa demais.

- Acho que é isso mesmo. - concordo. - Tenha um bom dia Cat. Ah! E por que não mandar mensagens? - questiono mesmo já sabendo a resposta.

- Você sabe que eu gosto de ouvir a voz das pessoas. - explica calmamente.

- ok. - eu não consigo evitar sorrir. Minha irmã sempre gostou do contato humano. Para Cat as tecnologias ao mesmo tempo que haviam aproximado as pessoas também as tinha afastado, de certa forma eu sabia que ela estava certa. - Já estou com saudades.

- Nós também estamos. - diz calmamente. - tenho que desligar, não quero perder o ônibus. - avisa.

- Está bem.

- Tchaw. O motivo da ligação já foi cumprido. - diz por fim.

- Thaw maluquinha. Te amo

- Também te amo. - ainda ouço sua risada na linha, antes de desligar.

Coloco na pequena bolsa que eu trouxe meu celular, alguns documentos de identificação para a confirmação da minha chegada aqui e nas mãos o meu já inseparável mapa da instituição, antes de sair do quarto em direção a uma possível conversa com a diretora, que eu não tinha como escapar ter.

Caminho pedindo mentalmente que não me perdesse no percurso até a diretoria. Ando pelos imensos corredores sempre sendo observada por estudantes atentos, possivelmente veteranos, que me olhavam de um jeito avaliativo sempre visto nas instituições de ensino, sejam elas quais forem. Tento manter a compostura mesmo estando sob tantos olhares julgadores, por várias vezes eu ergui meus óculos e fingi não perceber que estavam me observando e assim segui meu caminho.

Embora tenha sido um pouco horrível caminhar recebendo esses olhares eu ainda consegui admirar a construção, era esplendorosa e exalava riqueza, uma riqueza que parecia de outro mundo. Bem sei eu, que vim de uma das capitais mais afastadas do centro do país e sei como a diferença entre cenários é enorme aqui.

Após andar por cerca de cinco minutos encontro a sala com uma plaquinha que indicava ser o lugar certo, com cuidado bato à porta.

- Pode entrar! - diz a voz do outro lado.

- Com licença. Eu vim confirmar minha chegada. - digo entrando no cômodo, não menos bonito do que as outras partes do Colégio que eu já tinha visto. A mulher que me permitiu entrar na sala é a diretora do campus e também a antiga amiga de meu pai que possibilitou minha entrada na instituição: Sra. Esmeralda Figueiredo Torres.

- Pode se sentar aqui. - diz com voz suave enquanto entro e caminho en direção a sua mesa que ficava no centro da ampla sala. Ela aponta para a bela cadeira de madeira maciça a frente de sua mesa e eu obedeço me assentando ali. - Bom dia! - diz retirando os óculos de grau com armação vermelha. - Pode me repassar seus documentos por gentileza? - Pego os documentos da bolsa e os entrego a ela junto a confirmação de inscrição que recebi pelo correio naquele fatídico dia.

Meu romance imperfeito Where stories live. Discover now