~15 - Gabriel: o garoto confuso~

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Ela foi embora. Sério?

Eu precisava descobrir o porque ela me evitava tão fortemente. A garota era linda, mas parecia ter alergia a minha aproximação e isso só se confirmou quando negou sem hesitar meu convite para ir até a minha mesa.

Ela era diferente das outras, que com certeza teriam elas mesmas se convidado a sentar junto a mim e meus amigos. Isso de certa forma fazia eu me sentir a vontade com ela, como nunca havia me sentindo antes. Ter uma garota apenas como uma amiga poderia ser loucura para os três garotos que falavam sobre justamente alguma garota que tinham visto mais cedo, mas eu não tinha a mesma opinião e imaginava que meu melhor amigo, mesmo que não falasse em voz alta, também estava um tanto cansado dessa rotina que levávamos.

- O que houve? - pergunta com ironia assim que me sento na cadeira ao seu lado. - Não conseguiu o que queria? - eu sabia que ele estava se referindo a Manuela, pois vi seu olhar sobre mim e a garota quando eu tentava puxar assunto com ela.

- Na verdade não, mas eu já esperava por isso. - ele fica em silêncio e apenas assente sem falar mais nada, porém percebo que parece interessado. O interesse que ele conseguia disfarçar muito bem quando queria, mas que após mais de cinco anos de amizade eu já sabia como notar que existia.

- Nova companhia? - pergunta se voltando para mim outra vez e me surpreendo por sua atitude em perguntar.

- Infelizmente não. Eu a conheci no café, mas ela... - eu rio um tanto sem humor e ele me olha como se eu fosse un doido varrido. Se ouvir tudo o que eu tenho pensando nos últimos dias, ele com certeza pensaria. Eu queria explicar a ele, mas me impeço de continuar, pois não estava afim de correr o risco de que os outros ouvissem sobre ela e começassem com o alvoroço habitual.

Me levanto para ir embora, estava cansado de apenas ficar sentado ali sem nenhum propósito. - Quer saber? Eu acho que vou correr um pouco. - digo com uma vontade repentina de gastar as energias. - Quer me acompanhar? - ele assente e nos despedimos dos quatro grandalhões que pareciam estar em uma disputa para quem conseguia bancar o mais sem noção. Ivan, Vitor, Flávio e Otaviano não eram tão ruins quando estavam jogando e foi em campo que fizemos amizade, mas fora do gramado eles às vezes - ou quase sempre - conseguiam passar dos limites. Por serem os únicos outros caras do grupo no qual frequentava eu os tolerava encarecidamente, mas hoje e esta noite eu estava sensato demais para continuar ouvindo os quatro discutindo sobre amenidades masculinas.

Tinha que sair dali. O tal grupo em que eu fazia parte era formado pelas irmãs Calisto, Nícolas e eu, os quatro brutamontes ao qual deixamos na cantina, as duas melhores amigas de Xailete: Cristina e Aurora que eram respectivamente a namorada de Ivan e a ex-namorada ou sei lá o quê do meu melhor amigo. Ah! E claro! Agora tinha o tal Emerson que Xai incluiu ao grupo com um propósito de armar outro ataque sobre umas das alunas da turma do irmão. Eu sabia que era exatamente sobre isso que os rapazes discutiam e também já havia visto a garota loira, e bem bonita devo dizer, conversando na cantina com Manuela e alguns outros dois amigos.

Devia ser exatamente por isso que a garota me evitava, ela devia saber que eu era do mesmo grupo da Xai. - deixo escapar um longo e frustrado suspiro e Nícolas me olha com um interrogação estampada na cara quando saímos do campus em direção a rua. O quarteirão tinha uma ampla calçada e por isso era perfeita para correr. Nem me preocupei em parar e começar a conversar sobre qualquer coisa. Eu precisava descobrir o que estava se passando comigo primeiro. Havia sobrevivido muito bem ao primeiro ano na faculdade de administração e convivendo com esse mesmo grupo de pesssoas. Mas agora tudo parecia ter perdido a graça para mim.

Nícolas corre ao meu lado, se por coincidência ou não ambos usávamos uma calça larga e uma camisa de moleton que era perfeita para a atividade, ele permace em total e terapêutico silêncio enquanto realizamos o percurso ao longo de todo o quarteirão da universidade. Acho que pela expressão em seu rosto ele está tendo que lidar com sua própria confusão mental assim como eu.

Meu romance imperfeito Where stories live. Discover now