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“Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade”
(Tudo Diferente – Maria Gadú)

LAURA:

17 de Setembro de 2018:

Encarei o vestido preto, mais justo do que os que eu costumava usar normalmente, no espelho pensando pela milésima vez em menos de duas horas se eu deveria ou não trocar de roupas e colocar uma calça jeans.

- Está tudo bem, Laura. Você está ótima.

Sem muitas alternativas – eu precisava do meu celular, afinal de contas – eu aceitei o convite de Lucas para um jantar. Apenas para troca dos celulares.

Eu não deveria e nem queria criar expectativa sobre isso.

A verdade é que eu tinha passado o dia todo ansiosa por ver Lucas de novo. Era estranha a sensação de ficar na expectativa para encontrar alguém que só vi uma vez na vida. Seu jeito doce e gentil me chamara a atenção, e meu coração pulou de leve quando eu vi ele descer do carro e vir em minha direção mais cedo. Mais uma vez, ele foi um poço de gentileza e eu juro que senti meu coração perder o ritmo quando ele me elogiou.

Ele parecia ser uma pessoa incrível.

Sem expectativa, Laura. É só um acordo de interesse mútuo. Ele precisa do celular dele, você precisa do seu. Está tudo bem.

Como se ele pudesse ler minha mente, o celular de Lucas vibrou e eu praticamente voei sobre o aparelho. Era uma mensagem dele avisando que estava me esperando na portaria.
Tranquei toda a casa e chamei o elevador, enquanto encarava o wallpaper de bloqueio do jogador, mesmo com uma voz dentro de mim que dizia que eu não deveria. Ele estava sorridente, com o troféu do último campeonato, imaginei. Eu não entendia muito de futebol, e não tinha hábito de assistir, mas não era uma leiga: eu sabia o que era um escanteio e um impedimento, e tinha consciência de que o Real Madrid era uma das maiores equipes da Europa.

Droga, o sorriso dele era tão bonito.

Ele era tão bonito.

Segurei o celular firme e sai do elevador em uma linha reta até o carro de Lucas, que estava parado exatamente na portaria do meu prédio. Provavelmente ao me ver chegando, ele desligou o carro e desceu do mesmo, abrindo a porta do banco do carona para mim. Eu sorri com a gentileza e o agradeci, me acomodando no estofado de couro.

- Boa noite, Laura.

- Boa noite, Lucas. – eu estendi o celular para ele. - Antes que eu me esqueça.

Ele pegou o celular e sorriu, me entregando o meu aparelho.

- Devo admitir que estava com esperança disso.

- De que eu esquecesse o seu celular? – ele assentiu enquanto ligava o carro e arrancava em direção ao centro da cidade. – Por que?

- Porque eu teria uma desculpa pra te ver de novo. – o carro parou em um semáforo.

Minhas bochechas denunciaram minha vergonha frente ao que me foi dito. Ele sorriu, e eu resolvi confessar meus pensamentos.

- Acho que posso fazer isso por vontade própria.

Lucas abriu um largo sorriso e se concentrou novamente nas ruas.

LUCAS:

Por que eu não perguntara a ela o que ela gostaria de jantar?

Turning PageWhere stories live. Discover now