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From the way you smile to the way you look
You capture me unlike no other
From the first hello, yeah, that's all it took
And suddenly we had each other
(Over And Over Again - Nathan Sykes)

19 de dezembro de 2018

LAURA:

- Ele não sabe mesmo? - eu perguntei a Flora fechando a mala em cima da minha cama, com roupas o suficiente para um fim de semana, e talvez um pouco a mais, caso fosse necessário.

- Nem desconfia. Não sei o que ele disse à Marco, mas ele até me perguntou se estava tudo bem entre vocês e tudo. - soltei uma risadinha presa e Flora fez o mesmo. - Como está tudo?

- Às mil maravilhas, como deve ser. Todos os dias me lembro de dar um beijo especial em Aurora. Foi graças a ela que Marco estava aqui e que Lucas estava com ele e que a minha vida mudou pra sempre.

- Eu conheço isso por outro nome... - ela cantarolou.

- O que?

- Destino.

- Isso não existe, Flora.

- Pense o que quiser. Eu acho que vocês estavam destinados a se encontrarem. Isso é fofo.

- Qualquer coisa sobre nós dois você diz que é fofa.

- E eu não estou brincando. - ouvi uma reclamação de bebê ao fundo e Flora se virar. - Emergência de mamãe. Te vejo amanhã?

- Claro. Eu te aviso quando chegar.

Desliguei a chamada e conferi tudo. Mala fechada, documentos e bolsa prontos.

Era isso: eu iria a Abu Dhabi, para o Mundial de Clubes. Faria uma surpresa para Lucas.

Tinha sido uma ideia de Flora que eu fosse para o campeonato, que era importante para a equipe. Depois de um início de temporada complicado e não muito confiante, os jogadores precisavam desse título como um bom incentivo a melhorar cada vez mais. Além disso, não era todos os dias que um time tem chance de conquistar o sétimo Mundial de Clubes.

A ideia da surpresa era minha, e surgiu quando Lucas e eu conversávamos sobre a importância desse jogo para ele e o resto dos jogadores. O jogador não me pediu que fosse à Dubai para os jogos, mas entendeu quando eu comentei que ainda estaria em função do trabalho, apesar dos recessos de Natal e Ano Novo.

Mal sabia ele que a minha passagem para o país árabe já estava comprada e muito bem garantida.

Pedi um UBER, cheguei ao aeroporto, fiz o check-in e despachei minhas malas, pedi um café no Starbucks e embarquei no avião em cerca de duas horas. Ouvi os procedimentos de segurança da viagem, que não seria nada curta, e após a decolagem, adormeci graças às cobertas e travesseiros ofertados pela companhia aérea.

Quando o sol nascente atravessou a pequena janelinha ovalada e atingiu meus olhos, eu olhei para o painel a minha frente, que desde o início do voo apontava o tempo de viagem e a distância do destino final, percebendo que estávamos quase chegando. Na meia hora restante de voo, fiz alguns planos de atividades digitados no celular mesmo, reli um dos meus contos preferidos de Edgar Allan Poe e organizei minha galeria de fotos.

Parei encarando uma das fotos, tirada a poucos dias. Lucas a tirou e depois de muita insistência, que ele queria a foto só para ele, o jogador me enviou a foto: eu estou de olhos fechados e um sorriso leve no rosto, enquanto Lucas beija minha bochecha de um jeito torto pela posição em que estávamos estirados no sofá. Sorri me lembrando desse dia, uma noite como qualquer outra em várias noites em que pedíamos jantar e escolhíamos um filme ou série para assistirmos - ou ao menos tentar assistir - enquanto conversávamos sobre o dia. Um dia como aquele era quase normal, que algumas pessoas considerariam banal, esquecendo em poucos dias, mas o jogador me fazia apreciar cada minuto ao seu lado, e fazia com que até alguns minutos, como eram as minhas caronas, fossem especiais.

Turning PageWhere stories live. Discover now