Capítulo 5

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Estremeço levemente quando desço do carro e sinto o vento forte e frio em minha pele, meus olhos estão ardendo um pouco mais e eu sinto vontade de vomitar, a fraqueza tem dessas coisas, querer vomitar o que não se tem dentro do seu estômago

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Estremeço levemente quando desço do carro e sinto o vento forte e frio em minha pele, meus olhos estão ardendo um pouco mais e eu sinto vontade de vomitar, a fraqueza tem dessas coisas, querer vomitar o que não se tem dentro do seu estômago. Ele ronca algo e eu sinto-me constrangida, mas tento fingir que não foi eu, equilíbrio minhas pernas com meu resto de força e me ponho de pé.

Solto um longo suspiro e ouço os passos do policial se aproximando de mim, dando a volta no carro, em seguida ouço o barulho do automóvel sendo trancado e uma mão pesada, mas com um toque levemente gentil que estranhemente causa arrepios em minha espinha, tocar minhas costas.

Eu não sei quando isso começou, mas acho que agora estou passando mal de verdade, não que antes eu não estivesse, mas agora parece que todas as células do meu corpo estão se derretendo e se recompondo novamente, sinto-me quente e fria ao mesmo tempo, e só bastou que esse homem tocasse em mim, eu mal posso raciocinar direito, só posso sentir algo diferente em minhas em minhas terminações nervosas, me fazendo, instintivamente, saber que meu rosto está quente. Nunca tive contato direto com muitos homens a não ser Alexandre, e isso se devia ao fato de: sermos noivos, então era obrigatório um jantar, porém só conversamos, ou melhor, ele conversava.

Quando suas chaves caem no chão, ele xinga algumas coisas em outro idioma ao se abaixar para pegar, nesse momento retira suas mãos que estão ao redor da minha cintura, percebo que não estou tão mal, então ele as pega e volta a me dar apoio, voltando sua mão grande e firme para o lugar anterior, é quando seus olhos encontram os meus, tremo diante do seu olhar intenso, os olhos cerrados, como se assim descobrisse o que escondo. Sua mão se aperta em mim ainda mais, e uma onda de calor desconhecida por mim passeia o meu corpo, se acumulando justamente em meu rosto, juntamente também com um sensação dolorosamente boa no peito.

"Você está bem?" Pergunta, ainda mirando seu olhos em mim. Atentos.

"Acho que sim." Respondo incerta.

"Vou te alimentar, então me contara tudo em seguida." O tom da sua voz demostra que ele não está brincando, enquanto caminhamos para o elevador do estacionamento, me calo sem emitir nenhuma som.

Engulo seco, sabendo que terei que contar, pelo menos boa parte da história. Porque sei que se não fizer, de nada vai servir ter fugido para procurar a minha liberdade. Temo muito que esse homem me leve para a delegacia e de lá, consigam falar com meu pai de alguma maneira.

O elevador não demora muito a abrir, caminhamos com ele ainda me segurando, mesmo que, eu não esteja fraca igual a minutos antes. Paramos em frente a um apartamento, ele põe a chave na fechadura abrindo-a, em seguida gesticula para eu entrar na frente. Observo ao redor, não é muito grande porém bastante luxuoso. As portas são maiores que o normal, embora eu esteja apenas no andar de baixo, posso perceber que há mais alguns cômodos e todos são muito bem decorados, nada chamativo ou colorido, são cores neutras como preto, branco e creme, típico de um homem que deve morar sozinho, ou não, já que não pensei na possibilidade dele ser casado e estar trazendo uma garota para sua casa.

"Fique aqui, sente-se, irei trazer algo para você comer." A sua voz dura e seca me faz sentar sem titubear.
Ele caminha confiante, dando a volta na ilha e parando em frente a geladeira.

Eu não digo nada, não consigo falar muita coisa, parece que engoli fel, minha boca está amarga e assim fico, calada depois de observar seus passos em direção a cozinha embutida com a sala, sendo separada apenas por uma ilha de granito preto.

Observo seus ombros largos em sua camiseta branca e sua cintura estreita, sua pele é bronzeada e firme, ele deve se alimentar bem e fazer exercícios para manter o corpo assim, quando fecha a geladeira e estica o braço para pegar algo dentro do armário, dou uma leve olhada na sua bunda, e me desprezo mais do que nunca, meu coração chega a acelerar e eu desvio o olhar sentindo vergonha de mim mesma.

O desvio que não dura muito, logo volta a ser fixado nele, eu devo estar mesmo com fome por estar pensando bobagens com um estranho, eu nunca fui assim, nunca troquei mais de três palavras com qualquer homem, quando meu pai impôs que eu me casasse, Alexandre só me visitou duas vezes e com supervisão de seguranças, ele sempre falava mais do que eu, dizia o quanto estava feliz com o casamento pois iria assumir  logo a empresa do seu pai, afinal, era apenas disso que se tratava o tal casamento. Ele tinha que casar para enfim ficar a frente da empresa do seu pai. E por ser casado comigo, isso lhe daria acesso fácil a empresa da minha família.

Meu pai, Herodes, receberia uma quantia generosa de milhões, para dar sua filha em casamento, a moça deveria ser pura e bonita, de descendência nobre, magra, cabelos e olhos pretos. Assim que viram como eu me encaixava no tal perfil, me obrigaram a aceitar, eu não queria, chorei muito, implorei para que meu pai não fizesse isso, quando ele negou, recorri a minha avó que disse que esse era o meu papel, sem a minha mãe para me ajudar, que saída tinha eu?

Herodes é um homem tão mau, orgulhoso e enescrupuloso, que quase matou dezenas de homens de fome, e ainda impediu que não trabalhassem em outro lugar, mesmo sabendo que não teriam condições de conseguir outro trabalho, pais de família que não quiseram se prostar ante a sua vontade de demolir casas de pessoas que não tinham onde morar, apenas para construir hotéis e restaurantes. Os filhos e esposas aos prantos indo implorar para que desce outra chance aos seus maridos, eu era pequenina quando isso aconteceu e por minha mãe tentar se opor a isso, foi surrada por discordar do marido.

Resumindo, a minha família é um patriarcado machista e ridículo, que coloca as mulheres no chão e os mais pobres ou quem ousa contrariar suas vontades. Se esse homem sem piedade colocar as mãos em mim, após eu tê-lo feito passar tamanho vexame na frente de toda as pessoas do alto escalão grega e fazê-lo perder milhões, realmente, não sei do que ele é capaz de fazer comigo, e agora passado dois dias do acontecimento, pela primeira vez, eu estou com medo das consequências disso.

Mas graças aos céus, que me deu a melhor amiga que alguém poderia ter, Ludmilla que sempre me mostrou um pouco do mundo do lado de fora da mansão, através de livros, músicas e vídeos, me ensinou até mesmo a falar em inglês; sua língua nativa. Ela se manteve indignada desde o início com essa loucura, e então, no último minuto, quando eu pensei que não haveria mais solução, que meu destino já estava traçado, fora ela quem me salvou. E não quero pensar no que acontecerá quando descobrirem. Ela se colocou em risco por mim.

Faz apenas dois dias que cheguei nos Estados unidos, ainda não tive a oportunidade de sair para visitar algum lugar ou procurar emprego, preciso conquistar a confiança de alguém aqui, conseguir algum amigo que me ajude na adaptação, e talvez com esse policial, eu possa contar. Ou não.

"Aqui está. Coma tudo e recupere suas forças, vou precisar que você as tenha..." O encaro com os olhos abertos. Espantada "Para conversar!" Acrescenta mal humorado, se virando novamente, voltando para a "cozinha".

Peguei um sanduíche, levando-a a minha boca, dei uma mordida  generosa no alimento; o sabor me fazendo gemer. Por mais que   minha garganta esteja seca e dolorida, o que me impossibilita temporariamente de comer rápido ou em grande quantidade, portanto na metade do primeiro, eu deixo o prato de lado, mesmo que meu estômago esteja faminto.

"Com licença..." Tento dizer e pigarreio. Ele olha para mim com as sombrancelha levantadas. "Você, poderia me dar um pouco de água?" Peço suavemente.

Ele não diz nada, porém logo aparece com um copo cheio de água estendendo para mim.

Sorvo todo o líquido como se eu estivesse resgatando a minha vida de um deserto quente e seco; é uma sensação de prazer e êxtase. Saboreio a água como se fosse a melhor coisa que já bebi na vida, quando o líquido acaba, continuo sugando o copo vazio fazendo alguns barulhos constrangedores, olho para o homem a minha frente e entrego o copo totalmente envergonhada.

Ele o pego, depositando em cima da ilha e se encostando nela.

Então sei que chegou o momento de falar.





ImEmili

Bastante comentários para o próximo.

Um Segundo Para Se Apaixonar © [COMPLETO]Where stories live. Discover now