Capítulo IX - David Beckley

1.6K 179 12
                                    

- Seu nome é Russell, ele é um bom cavalo Victoria, acho que você irá gostar dele, o meu se chama Sebastian, bom e velho Sebastian. - A luz, apesar de fraca, faziam com que as palpebras de George automaticamente ficassem apertadas, e com dificuldade tentava olhar para Victoria que estava em sua frente naquela tarde quase ensolarada de inverno.

- Entendo. Cavalgar nunca me agradou tanto confesso, porém posso tentar novamente! - Riu e se ocupou em afastar mechas de cabelo que caiam em seu rosto. - Por que me chamou, afinal? Deve ter muito mais amigos em Manchester, até mesmo meu pai, ele adora cavalos, já deve saber.

- Você é uma jovem que sempre me parece entediada, gostaria de dar um pouco de animação para sua vida, me desculpe se falhei. Não tenho muitos amigos, sou muito ocupado para amigos. - Tirou os olhos de Victoria e preparou Sebastian e Russell para o resto da tarde nos campos.

- Eu estava realmente entretida com minhas coisas, de fato. Não precisava interferir. - Com um pouco da ajuda de George montou ao cavalo que estava calmo, como todos os outros parecia extremamente domesticado. O modo que George falava sobre suas ocupações era irritantemente sufocante, sentia que aos poucos perdia os modos pela convivência diária, mas ainda não se sentia pronta para dizer que definitivamente poderia começar uma amizade. Ele era intrigante e de poucas palavras, nunca falava sobre sua vida ou sobre si mesmo, apenas sobre o trabalho, talvez seu verdadeiro eu estivesse perdido em meio às pilhas de papéis que ficavam em seu escritório na fábrica.

Quando começaram a atividade, a brisa de inverno atingia seus rostos, fazendo o silêncio se tornar frio e profundo, até mesmo constrangedor. Os pastos verdes onde a neve já estava ameaçando um certo degelo precoce eram extensos, e Victoria ficava perdida em seus pensamentos. Havia começado a ler Jane Eyre, um livro que seu pai havia ganhado das mãos de Charlotte Brontë em seu lançamento, e ficou intacto durante anos, até que Victoria decidiu ler tal livro por impulso de sua vida monótona, e achou na narrativa de Jane uma vida frígida e nunca feliz, muitas vezes se encontrava chorando perante às paginas ou outras exaltando a genialidade da família cujo sobrenome era Brontë. Jane Eyre lhe trazia reflexões constantes sobre o local feminino na sociedade, e isso a deixava cada vez mais intrigada. Já havia o visto ligeiramente na prateleira de materiais de Mandy, a governanta que tem como pupila Sophie Hope, talvez a procurasse para discutí-lo.

- Me parece perdida em seus devaneios. Tem alguma amizade aqui além de Sophie Hope? Me parece extremamente solitária para uma garota da alta classe londrina, embora acredite que deveria ter uma vida agitada por lá. - Dizia george enquanto cavalgava com mais lentidão.

- Apenas refletindo sobre Jane Eyre, incrível livro! Não, de forma alguma. - Mentiu com um nó em sua garganta, sentia-se extremamente culpada, mas se contasse de Hunt poderia ser punida pelo seu pai, George poderia ser traiçoeiro.

- Oh, Jane Eyre, livro adorável. Charlotte é minha favorita das irmãs, seu pai me falou que a conhecia, deve ser uma honra apesar de acreditar que deveria até ser mais aclamada, leitura de tal livro abriu minha mente.

- Você leu Jane Eyre? Ah! É incrívelmente bem escrito e complexo. Não consigo ter afeição por Mr. Rochester, seu jeito assombroso me espanta e seduz Jane de uma maneira que meu subconsciente se sente incomodado. - Falou as últimas frases como se estivesse conversando com um amigo próximo sobre o assunto, por serem ideias até um tanto íntimas sobre sua personalidade.

- Personagem extremamente assombroso! Irá morrer de temor quando ler tal parte que revela seu segredo terrível. - Riram juntos por nenhum motivo aparente, e aquilo deixou Victoria levemente feliz, mas em sua mente as memórias de Hunt no natal voltavam em sua mente. Pobre amigo que estava condenado à solidão! Se apenas pudesse fazer algo para ajudá-lo, por que tal homem era tão teimoso em aceitar seus auxílios?

Victoria | Completo Where stories live. Discover now